S/T

palhaco

Tem dias que me calo
Pra não fazer da boca o ralo
Podre do esgoto
Revelando calos
Relevando casos
Escondidos e escrotos.
Louco
Abocanhado,
Embasbacado
E com cara de dar nojo.

(Thálion C. G. Mibielli)
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E os mosquitos zumbem de mim
Zombando do fim
Da sã consciência.

Voam pra longe daqui
Procuram um lugar
Sem concorrência.

Fogem do meu sangue ruim
E até preferem
Água benta.

(Thálion C. G. Mibielli)

S/T

Loucura
Muito tempo sem escrever
Me levou a divagar
E de vagar
Pelos vagões do vazio
Devagar encontro o fio
Entrelaçado nas tranças
Entre meados do cio
Entremead0s na dança
Dos pés na calçada
Procurando pela estrada
Tortuosa da razão
Tropeçando em quase nada,
Trafegando em contra-mão…

Thálion C. G. Mibielli

RADIO?!

tristes ondas dominadas
por um velho pequeno grupo
impondo modas “retro-renovadas”,
conservando ideologias,
atrasando tudo.

antigamente como hoje em dia,
transformando espirais em ciclos.
“aspirais” que vira lixo;
um “flashback” atual do futuro.
tampando buracos de invisíveis muros
à serviço de grandes gravadoras.

entediantes e tristes
devedoras de anunciantes
ignorantes de música boa.
afundadas em vícios e crises,
morrendo na rasa lagoa…

(Thálion C. G. Mibielli)
radioregionalfm radiocbn radioatlantida radio JP radioreccord radioband

passando Aqui(n) por BR

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Em BR, eu só via a estrada
correndo como quem persegue o tempo
voando como quem afaga o vento
vivendo a vida até o último fio.

uma dor bate de leve
como seixos que rolam um rio.
o frio me corta só de lembrar
um desafio que da vontade de chorar.

é aqui(n) que o rio dobra
é aqui(n) que o frio me cobra
uma saudade de mentira,
porque ainda estás aqui(n).

BR é uma rodovia
com placas de sinalização à vida
cheia de buracos,
cheia de obstáculos,
mas que à muita gente ensina.

contudo, Akeen entre nós,
cabe ainda muita poesia.
junto os cacos perdidos por aí
entre cascos de feridas
e leio os frascos
escondidos pelos cantos
dessa ilha
e me encanto.
até me sinto animado,
procurando pelas pérolas do teu vasto
palavreado.

 

(homenagem às nossas maiores recentes perdas)

(Thálion C. G. Mibielli)

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Mas Que Belo Mundo

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Mas que belo mundo
Onde se tacha vagabundo
Quem não paga suas taxas
Sobretudo, quem dorme em caixas
E quem não sabe ler;
Quem procura no lixo,
Só pra ter o que comer.

Tudo pelo Coitado
Que vive no senado
Na verdadeira labuta;
Lutando pra encher os bolsos
Do paletó com os tributos
Que nos custam bem caro.
Ele luta pra exercer
O seu direito democrático:
Nas próximas eleições,
Será de novo candidato.
Sua gestão foi transparente;
vai pra um partido diferente
E escolhe um novo cargo.

A telinha indica que o mundo vai mal…
É necessária a mudança,
Votem no Fulano de Tal!
Democrata ou republicano,
Mas com dinheiro pro comercial.
(Darwinismo social?!)
E se Fulano não cumprir com as promessas?
Você tem o direito de ver a peça
E esperar mais 4 anos de carnaval.
Esse é o dever democrático
Do povo em geral:
Esperar pelo milagre,
E ser feliz vivendo mal.
Quem manifesta por direitos,
Faz greves e aponta defeitos,
É apontado pela mídia
Como mais um marginal.
Recebe escolta da polícia
Até o tribunal;
Ou é abafado por pequenas concessões
Bem menores que o ideal
(Geralmente previstas no plano governamental).

Nossa DEMO perdeu a CRACIA.
Um povo privado da educação,
É um povo sem sabedoria
E sem poder de decisão.
O voto de cabresto,
Cabe hoje, à televisão.
E o pobre João acredita,
Que mudará de vida
Se votar no xará Batista,
Que lhe comprou
Materiais para a construção.

Mundo mais que abandonado.
Onde infringir para infligir
É corriqueiro e até elogiado.
Ditadura da informação:
Repleta de contra-cultura,
E sem acesso à educação.

(Thálion C. G. Mibielli)

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“Um povo ignorante é instrumento cego de sua destruição.”
– Simón Bolívar

Se Mentes

Mentes inquietas
Mentes zen, quietas.
Mentes bem quieta.
Mentes sem critérios
Mentes de arquitetos
Mentem pra chegar no teto.
Mente o ar: quarteto;
Mente ele dormindo,
E( )terna( )mente sonhando com o quinto.

Tranquilamente
Tranquilas mentes
Tranquilas mentem.
Se mentes, não estás tranquila.
E é por isso é que eu gosto de tequila;
Tequilas só mentem,
Da quarta pra frente.

(Thálion C. G. Mibielli)

a Sorte de ser Azarado

dedos nos seios

Tira esse dedo dançante do meu seio,
Aperta o veio da minha memória
E lembra de como nos conhecemos.
Das amoras mordidas ao vento.
Do quanto nos temos
Em termos de cumplicidade.
Conta a saudade que sentes quando estás perto de mim.
Quero lembrar do fim
Dos medos perdidos nesses caracóis,
Enrolados nos lençóis
Bagunçando a minha cama.
Lembra do quanto amas
Ser confundida com outras;
De te fazer de tola
Enquanto eu acho graça.
Me conta tua trapaça nos jogos de azar;
É de tanto jogar que não perdes uma aposta?
Sei do quanto gostas de mostrar a tua sorte
E mesmo assim, por mais que gostes,
Sabes que eu nunca estive errado
Quando disse que tinha mais sorte
Por te ter sempre ao meu lado.

Thálion C. G. Mibielli

Palavreando Novamente

(para uma recém amiga)
Fui tudo isso num só dia
E me travesti de ti também
em artimanhas
Agora sei quanto ganhas …
O quanto gastas dos teus sapatos
Procurando por ti mesma
Sei quais são teus pratos
Preferidos e os pedidos que
Fizeste para papai Noel
Mas não tenho um papel
Nessa tua vida sem nexo
Não tivemos nem mesmo o sexo
Fugaz de uma festa
Tudo o que me resta
É acreditar que tu és possível
E que teus absurdos são humanidade
Que viver é mesmo estranho de verdade.
(Roberto Mibielli)
 
 
 
 
 
Estranho de verdade,
é abraçar o abismo
como ontem mesmo
vi você fazer…
 
Pulou do copo
caiu na cachaça
deixou de lado a graça
e toda a educação.
rompeu com a corda
mandou tudo às favas
desatou com as mãos
o nó que o segurava;
e se desfez da caçamba.
 
Parou e disse: “caramba,
por essa eu não esperava”.
pulou o portão
pra tentar abrir a casa.
“a fechadura está quebrada?!”
 
Pra pular a janela, fez de tudo.
teve até vidro quebrado.
até que um mudo,
que assistia a tudo calado,
gesticulou muito puto
que a sua casa era a do lado.
(Thálion Mibielli)

Lei das Bocas Secas e Cartolas Encharcadas

andando-sozinho

Leis para alguns
Multas pra todos
Infraestrutura
Para ricos e poucos.

Borbulham cervejas
Cansadas nas mesas
Da madrugada
Tristes bocas secas,
Quase rasgadas,
Calam-se em vias
De falsa-moral

Sóbrio na guia
Só motorista
Profissional

Ônibus, Mal e mal,
Sai de hora em hora…
Perdendo um,
Não vai embora.

Loucos e psicopatas
Viram vultos
Na madrugada;
Voando feito avião.

A única opção
É voltar a pé
Ou ter fé
No madrugadão.

Só o rico
vai de taxi,
Hoje em dia;

Pros que tem dinheiro
A lei sempre é favorável,
Mesmo sendo minoria…

Dos milionários,
A lei é bem amiga;
É ‘brandida’;
Favorece larápios,
Às escondidas…

Que o diga Thor Batista!

O dinheiro
Atropela sonhos
De madrugada

Quem sonha que é livre
Permanece dormindo
De boca fechada.

Thálion Mibielli

boca-fechada