Publicado por: Pâmela Marques | julho 17, 2009

Catacrese – a metáfora desgastada.

Você já parou para pensar que a palavra “embarcar” deriva de barco ou barca? “Embarcar”, ao pé da letra, significa entrar no barco ou na barca, e não no trem, no carro, no ônibus ou no avião. No entanto todo mundo embarca no trem, no carro, em todos os meios de transporte. Esse é um fenômeno lingüístico chamado catacrese, um tipo de metáfora desgastada.

A metáfora se faz por semelhança. No caso, a semelhança entre um barco e um trem está em que ambos são meios de transporte. Como não existe um verbo específico para cada meio de transporte, então utilizamos – por metáfora – o verbo “embarcar para todos eles. Com o tempo, a metáfora se desgasta, fenômeno a que damos o nome de catacrese.

Vamos a um exemplo interessante de catacrese na música “Azul”, de Djavan:

Eu não sei se vem de Deus
do céu ficar azul
ou virá dos olhos teus
essa cor que azuleja o dia?
Se acaso anoitecer
do céu perder o azul…

Será que “azul” e “azulejo” têm algo em comum? Os bons dicionários alegam que sim. Dizem que o azulejo, quando surgiu, era branco ou azul, e por isso emprestou da palavra “azul” a origem de seu nome. Por isso “azulejo” é uma catacrese: por semelhança lógica com a cor azul, por metáfora que se desgastou com o uso.

Outros exemplos de catacrese:

bico da pena
dente do alho
dente do pente
braço da cadeira

Fonte: Professor Pasquale.


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