Uma linha, um circunferência, um ângulo ou qualquer figura cujo desenho seja elaborável apenas com o auxílio de um compasso e de uma régua não graduada são designados por construções geométricas. Por exemplo, dados dois pontos, é possível construir a mediatriz, isto é, o conjunto de pontos que se situam à mesma distância dos pontos dados. De facto, se traçarmos dois círculos do mesmo raio centrados um em cada um dos pontos, se o raio for superior à metade da distância entre eles, estes círculos ir-se-ão intersectar em dois pontos da mediatriz. Estes dois pontos são suficientes para definir a recta procurada e o seu desenho pode ser conseguido com o auxílio de uma régua não graduada.
O problema das construções geométricas data da Antiguidade Clássica de onde sobressaíram três problemas para os quais os matemáticos da época não encontraram solução. O primeiro, referente à trissecção do ângulo, consistia em determinar, dado um arco de circunferência delimitado por dois pontos, o ponto nessa circunferência que divide esse arco em três partes iguais. O segundo, a quadratura do círculo, consiste, dado um círculo com um raio arbitrário, construir um quadrado cuja área seja igual à do círculo. O terceiro, o da duplicação do cubo, requeria a construção de um cubo com um volume duplo do de um cubo com lado conhecido. Um quarto problema que, desde cedo suscitou o interesse dos geómetras consiste na construção de polígonos regulares inscritos numa circunferência. Este problema foi completamente resolvido por Gauss aquando da aplicação de resultados em Teoria dos Números à Teoria das Equações Polinomiais no último capítulo do seu famoso Disquisitiones Arithmeticae.
Nenhum dos primeiros três problemas é solúvel com o auxílio de apenas um compasso e uma régua não graduada. A prova da sua insolubilidade foi finalmente conseguida no século XIX por Wantzel, o qual a publicou no artigo Investigações sobre as formas de reconhecer se um Problema de Geometria pode ser resolvido com régua e compasso.