Resumo:
Análise das principais diferenças teóricas e técnicas que opõem Anna Freud e Melanie Klein e de alguns pontos da análise de crianças, em especial da técnica psicanalítica do brincar, proposta pela última.
INTRODUÇÃO
Também serão abordados suscintamente os desdobramentos teóricos elaborados por Melanie Klein na teoria do desenvolvimento psicossexual, e suas inovações teóricas e técnicas quanto à idade da criança na fase do complexo de édipo e também quanto ao surgimento de um supereu arcaico, anterior a esta fase, já com aspectos de “exigências” e “proibições” que também podem ser consideradas arcaicas, mas fundamentais e determinantes para a fase do complexo de édipo que virá depois.
ANNA FREUD OU MELANIE KLEIN?
A teoria psicanalítica sugerida por A. Freud para as crianças compreende estes pequenos pacientes como desprovidos da capacidade de realizar transferência, o que obriga o terapeuta a utilizar-se de recursos pedagógicos em seus atendimentos com o fim de orientar a criança. É totalmente oposta à idéia do “jogo infantil” como um instrumento técnico analítico.
Já Melanie Klein acredita que, apesar de muito semelhante, a técnica analítica com crianças tem suas diferenças com as técnicas analíticas de adultos, uma vez que no psiquismo das crianças ainda não existe a associação verbal plenamente estruturada, portanto, dificultando o processo de associações livres.
Por outro lado, não somente acredita que a criança seja capaz de realizar transferência, como também que a criança o faz espontaneamente, e que a mesma deve sim ser interpretada.
Sua solução se dá com o decorrer da sua experiência clínica com as crianças, e sugere a técnica analítica do brincar para analisar as mesmas, uma vez que na situação do brincar as crianças representam simbolicamente suas fantasias, seus desejos e suas experiências, o que verbalmente ainda não conseguem fazê-lo com tanta perfeição.
Durante a brincadeira, o paciente projeta tanto no analista quando nos brinquedos as suas tendências destrutivas e as tendências amorosas. M. Klein esforça-se para diferenciar a técnica psicanalítica do brincar de ludoterapia, uma vez que a intenção da técnica psicanalítica do brincar não é tão-somente a observação ou ainda o extravasamento de energias tensionantes.
A interpretação se dará, então, através da observação dos papéis que as crianças assumem nos jogos, durante as sessões, assim como a gradativa modificação da excessiva severidade do superego.
Através da análise tanto da transferência positiva quanto da transferência negativa, o analista deve esforçar-se para eliminar a “idealização” que a criança faz de sua figura, o que é dificultado pelo fato das análises infantis apresentarem resistências tanto quanto as análises de adultos.
Melanie Klein também observou que muitas crianças apresentam um estado “aparente” de adaptação ao ambiente e de superação da fase genital, mas, na clínica, a conclusão a que chegou foi que suas defesas escondiam diversas ansiedades e que, posteriormente, as mesmas deparavam-se com desafios maiores e suas estruturas psíquicas geralmente “desmoronavam-se” frente a estes desafios.
Uma outra distinção importante feita por Melanie Klein é um fato já observado por Freud, que foi ressaltado em sua teoria, consiste na diferenciação entre os campos da política, da educação e da psicanálise, não devendo o analista confundir seus objetivos e/ou meios com os das demais.
Outra diferença que também é marcante na teoria de M. Klein e de A. Freud está no início da fase edipiana. Para Klein, tal fase inicia-se já com o desmame, por volta dos seis meses de idade, e daí também surge um “supereu arcaico”, que desembocará na fase edipiana clássica sugerida por Sigmund Freud em torno dos
Entre a fase de supereu arcaico e o complexo de édipo, a criança desenvolve mecanismos de introjeção e projeção, em que, dentre outras coisas, fragmenta o objeto de desejo em “bom” e “mau”, introjetando-o e posteriormente projetando-o no mundo exterior, fragmentação esta que também gera tensão. Surge então, na teoria de Klein, a fase “esquizo-paranóide” e a “posição depressiva”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KLEIN, Melanie. A psicanálise de crianças. Rio de Janeiro: Imago, 1997.
4 comentários:
Boa contribuição para quem está se deparando agora com a teoria psicanalítica.
Obrigada,
Estudante de psicologia.
vida_psicologia@hotmail.com
Boa contribuição, mas incompleta...
Dá pra complementar as diferenças teóricas e práticas entre ambas...
Estudante de Psicologia
ally.meninalilas89@hotmail.com
Ótima contribuição,obrigada!
Muito bom o texto, contendo i informações pertinentes. Porém foi escrito somente sobre Melanie Klein. Como o objetivo de texto é diferenciá-la de Anna Freud, o artigo poderia conter as teorias e práticas da mesma.
Postar um comentário