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Cap 53 (faculdade) - Nove meses

1º Mês: Roberta nem fazia ideia da existência de um serzinho dentro de si.
2º Mês: A descoberta, preocupação, confusões, hemorragia, internação... E esperança.
3º e 4º Mês: Enjoos, fome exagerada e hormônios à flor da pele... Pobre Diego.
5º Mês: A primeira ultrassonografia, o quartinho, as roupas.
6º e 7º Mês: Um problema.
8º e 9º Mês: Correria.

***

 Madrugada bonita e tranquila. Noite em que ela simplesmente não estava esperando nada além do sono enquanto lia na cama. Foi breve, mas aquele sinalzinho a alertou. Sentiu um movimento, um “oi” de leve vindo de dentro e seu coração saltou à boca.
-Diego! Acorda! Diego!
O namorado dormia tranquilo ao seu lado quando sonhou que um terremoto estava acontecendo.
-Que foi? –Ele se ergueu e viu que era só Roberta que o estava sacudindo.
-Mexeu! Ele mexeu!
Diego deixou de esfregar os olhos inchados. -Verdade? –E já foi colocando o ouvido e as mãos na barriga dela.
Demorou alguns minutos, mas eles esperaram que se repetisse.
-Nossa!
 Diego agia como se ainda não acreditasse e Roberta não era diferente. Talvez fosse mesmo difícil de acreditar e por isso a cada pequeno contato que tinham a ideia ia surgindo de uma forma mais concreta.
Roberta estava a cada dia mais linda, a pele lisa como uma seda, os olhos brilhantes e o cabelo se movendo em luzes douradas a cada movimento dela. Diego nunca a vira tão bonita como nesse quinto mês de gestação, a cada dia mais enchia os olhos de quem a via. Eram os pais, já babando, os amigos e qualquer que fosse. Ninguém conseguia tirar os olhos daquela garota que tinha um sorriso largo e uns olhos tão vivos. Mas a médica estava preocupada, pois mesmo que ela se alimentasse bem, seu peso não estava dentro dos padrões.
-Precisa ganhar peso. –A médica retificava o exame. –Vou te passar mais vitaminas. Vamos fazer um ultrassom também. –E  sorriu. –Aposto que querem saber o sexo não é?
-Claro!
 Distraídos por alguns segundos eles se empolgaram, o gel foi espalhado e o aparelho posicionado. À primeira batida, Roberta arregalou os olhos e sentiu os pelos do braço se exaltarem. Ao seu lado, Diego nem sequer piscava ao ver a imagem do bebê pela primeira vez.

 “Eu senti se mexendo”, “Eu ouvi o coração”, “O rostinho se parece com o seu”, “Eu vi os pezinhos”, “Estava dormindo com o dedo na boca”, “Não vejo a hora de pegar no colo”...

 Seus sentidos falharam, eram somente dois seres humanos fascinados pela vida. Mas não importava o quanto quisessem, as perninhas ficaram bem fechadinhas e ninguém ficou sabendo o que seria
 Talvez no mês seguinte.

***

 Foi em uma tarde fria em que os amigos se amontoaram na porta da casa. Diego era quem guiava a manada e eles tinham caixas e mais caixas nas mãos.
-O que é isso? Que tá acontecendo? –Roberta abre a porta e eles começam a entrar.
Alice trás sacolas e mais sacolas; Pedro vem com uma caixa de ferramentas e algumas caixas pequenas de papelão; Tomás e Diego vem em seguida puxando uma outra, mas enorme caixa. O susto vem em seguida.
-Carla? –Roberta se espanta ao vê-la vir em sua direção e a abraça.
-Consegui uma autorização para passar uns dias em casa. Você acha que eu iria perder esse momento?
-Mas, o que?
-Nós vamos montar o quartinho! –Diego chega e lhe dá um beijo corrido.

Alice reclamando, Pedro martelando os dedos, Carla tentando por ordem nas coisas e Diego tentando achar o manual de instruções de montagem do berço (Tomás estava dormindo em cima dele).
-Isso não vai dar certo! –Roberta à porta do quarto com as mãos na cintura.
Desce em seguida para preparar suco e alguns sanduíches enquanto a barulheira seguia pela tarde.
-Robeeeerta! Você tem que ver! –Alice saltitava à sua frente. –Tá a coisinha mais fofinha do mundo!
-Sério que vocês conseguiram?
-Deixa de ser palhaça e vem logo!
Roberta riu e a seguiu pelas escadas até o quarto que havia em frente ao seu. Uma portinha cor creme e de maçaneta dourada a esperava. Ao abrir ela admirou o pequeno lugar.
-É simples, mas é de coração. –Carla sorriu para ela.
-Eu adorei!
-Eu trouxe alguns enfeites, o tapete...
-E eu comprei algumas roupinhas! –Alice bate palmas.
-Ai meu Deus... –Roberta se assusta.
-Deixa de ser chata que eu não comprei nada com rendinhas e lacinhos, tá?
-Ufa...
-Só uma duas ou três coisinhas... –Alice coça a nuca.
-Mas tá tudo lindo! –Diego interfere. –A gente só podia ter usado o quarto do fim do corredor que é maior.
-Não, Diego. –Roberta balança a cabeça. –Esse é mais perto do nosso.
 A garota entrou e Diego ficou pensativo. Ela já estava pensando em coisas do tipo que uma mãe pensa. Bonito –Ele sorri para si mesmo – Era bonito o jeito dela, assim como também é o seu, se pudesse ver.
Ela abriu as gavetas e mexeu nas meias e sapatos de lã, tomou alguns casaquinhos nas mãos e cheirou. Um perfume levíssimo entrou em seus pulmões inundando seus olhos e causando um estremecimento em seu coração.

***

No dia em que Roberta estava fazendo sete meses, eles voltaram para uma nova consulta. A médica estava séria, apesar de tentar passar tranquilidade a eles.
-Eu estou com os exames que fizemos para saber da saúde do bebezinho de vocês...
-Algum problema? –Diego se adianta.
-Como eu disse antes, o peso está fora do normal. É muito pequeno. Talvez seja preciso antecipar o parto. Como disseram desde o início a vocês ele pode nascer com alguma insuficiência renal, respiratória ou cardíaca...
Roberta segura as lágrimas e ouve atenta.
-Mas você não deve se alterar, meu bem, fique tranquila.
-Jura? –Ela não consegue imaginar como.
-Ainda há tempo, não se preocupe.
Mesmo com muitas palavras de conforto da médica, ela não fica tranquila. Estava difícil conter o medo àquela altura, e por isso passou os dias seguintes cantando...
Não, não estava ficando maluca, mas se conversar com o bebê havia se tornando uma rotina, cantar se tornaria um tipo de válvula de escape. Ela acreditava que se cantasse ele não perceberia o quanto ela estava preocupada e seguiria bem.

***

É sexta-feira e estamos no 8º mês. Diego chega em casa com um aviso desagradável a lhe dar.
-Ah, não... Sério?
-Não vão me segurar muito tempo no clube. –Ele explica. –Os salva-vidas vão revezar e eu vou ficar das 10 às 2 da manhã. Vai ser uma festa familiar, então não deve passar desse horário. Eu prometo que ligo.
-O pessoal vem visitar a gente hoje.
-Pessoal?
-Alice e Pedro... Carla e Tomás... Márcia e Théo...
-Eles podiam ficar com você até eu voltar. –Diego pensa. –É isso mesmo, vou ligar pra eles.
Quando a noite chegou os amigos vieram com ela trazendo um tanto de bobagens e risos que logo cansaram literalmente Roberta e ela estava caindo de sono. Eles ficaram na sala vendo tevê e ela tomou um banho e foi se deitar. Não passou muito tempo e estava sonhando com uma inundação, a água subindo até sua cintura e uma agonia tomando conta, como se tivesse um animal lhe abocanhando as costas completamente, uma dor cortante e desesperadora.
Abriu os olhos e sentiu a cama molhada.
-Diego! –Gritou instintivamente. –Ai meu Deus! O que tá acontecendo?
Se levantou e um tanto sem rumo começou a descer as escadas enquanto ligava para Diego. São exatamente duas horas e 47 minutos.
-Roberta o que houve? –Alice é a primeira a vê-la. Os demais se levantam junto.
-Cadê você? –Ele não atende e a dor aumenta, uma dor extremamente forte que a faz se curvar sobre o sofá e gritar. –Ah, eu vou morrer!
-Não vai não! –Carla tenta acalmá-la. –Quer um copo d’água?
-Eu quero um anestesista!!
Suas mãos apertam a almofada do sofá a ponto de rasga-la.  Ela nem ouve o barulho da porta abrindo.
-Roberta? –Diego nem fecha a porta e vai até ela que o agarra pela gola da camisa.
-Me leva pro hospital agora!
 -Ok, ok, ok!
Ele sobe as escadas correndo e volta.
-Mas ainda não tá na hora!
-Se você quiser pode tentar convencer o bebê a não sair.
-Hã?
-Vai logo Diego! –Ela grita.
-Ok, ok, ok!
 O rapaz volta a subir as escadas enquanto Roberta se contorce. Os amigos ficam de um lado e outro feito baratas tontas e quando Diego volta com uma bolsa os dois seguem para a garagem, entram no carro (que ele finalmente comprou) e pisam fundo. Os demais seguem atrás.
Suor, cólica multiplicada por 100, um caminho que parece durar uma eternidade. Eles chegam ao hospital desesperados. Quando uma cadeira de rodas chega para leva-la, Diego segura sua mão e tenta tranquiliza-la enquanto os amigos os seguem a passos rápidos.
-Vai ficar tudo bem!
Ela o agarra pela gola da camisa outra vez enquanto a enfermeira a leva. –É claro! Não é você que tá com uma bola de basquete quicando dentro de você!
-Ai, será o que vai acontecer?
-Um show, sabia não Alice? –Roberta está em puros nervos.
-Show?
-É, tem um bebê tá dançando moonwalk sobre meus rins! –Ela fala entredentes.
-Ela está agitada. –A enfermeira avisa. –Acho melhor esperarem na recepção.
-E eu? –Diego pergunta.
-É o pai?
-A mãe que não é, né? –Roberta se irrita.
-Bom, é... É... Pode, pode entrar.
-Você nunca mais vai tocar em mim, Diego Maldonado! Só pra garantir que isso... –Ela tranca os olhos de dor. –Que isso nunca mais vai acontecer!
Tomás arregala os olhos e coça o peito, se virando para os amigos.
-Uuuuii....

Comentários

  1. kkkkkkkkkkkkkkkkkk que dózinha do diego u.u

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  2. Cara to me acabando de rir....


    Darly

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  3. Kkkkkkkk ri muito com esse capítulo!!

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  4. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk rindo pacaaas com ela hahahaha tá perfeito tchuca :DDD

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  5. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk adeus mundo !! Posta mais

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  6. kkkkkkkkkkkkkkkkkkk amei demais, a Roberta mesmo nestas horas continua com o seu humor fenomenal. amando a web demais, posta mais pf Aline

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  7. Cara tô bolando de rir aqui.. Esse foi perfeitoo!
    Coitadoo do Diegoo ,kkk´

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  8. kkkkkkkkkkkkkkkkkk ri muito neste capítulo,tadinho do Diego,mais depois passa esse estresse todo é do momento kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  9. Muito bommmm mesmo! Tá muito engraçado e fofo!

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  10. cara tó rindo horrores kkkkkkkkkkk. Esse capitulo tá mais q perfeito Aline . Parabééns !
    Alice

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  11. kkkkkkkkkkkk rindo horrores aqui . Ta perfeito Aline , como sempre né !

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  12. Perfeito Line,posta mais por favor!!!!!
    (Bjuss Julia)

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  13. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK, pai amado estou morrendo de rir! A Roberta grávida é muito mais doidona. Coitado do Diego. Parabéns Aline

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