Criatividade na Hora de Ensinar – Matéria de Gaveta

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CRIATIVIDADE NA HORA DE ENSINAR

Método inédito traz diversão e estímulo para o aprendizado da tabuada

 

Aprender a tabuada quando se tem nove ou dez anos de idade não parece uma tarefa fácil e agradável. Decorar a tabuada do 7, por exemplo, somente para fazer a prova do dia seguinte pode tirar o sono de muitos estudantes. Este método tradicional não costuma estimular o aprendizado das crianças. Elas são induzidas a um ensino “mecânico” em que a “decoreba” é uma prática muito mais recorrente do que a própria assimilação do conteúdo.

 Segundo o Ministério da Educação e Cultura (MEC), estudantes da 4ª série, testados em questões de matemática, estão no nível crítico. Estes alunos não conseguem compreender a linguagem matemática e os comandos operacionais elementares compatíveis com a série. Esse quadro mostra a necessidade de implantação não apenas de políticas de melhoria da qualidade da educação, mas também da iniciativa de pedagogos, diretores de ensino e professores na capitação de novos métodos para o ensino.

Pensando nisso, o matemático Joaquim Júlio de Orlando Canaan, formado pela Faculdade de Passos (MG), desenvolveu um projeto, em parceria com a M&B Central de Apoio Educacional e Cultural, para facilitar o ensino da tabuada. Idealizado a partir de 1971, a principal dificuldade para a conclusão do invento era reunir as 36 combinações possíveis em 9 figuras diferentes de modo que pudesse apresentar os 81 resultados da tabuada.

A Matriz Canaan, assim denominada, permite o exercício de toda a tabuada através da montagem de um quebra-cabeça com imagens que representam o meio ambiente e nove figurinhas, numa infinidade de combinações. “Cada figurinha tem, no seu verso, um conjunto de nove multiplicações, nas quais os multiplicandos e multiplicadores vão do 1 ao 9, sem repetições”, explica o professor Canaan.

À primeira vista, o projeto pode parecer complicado, mas quando a criança entra em contato com o material compreende de maneira lúdica a proposta do trabalho. O encaixe correto de cada peça com sua respectiva figura indica que a criança acertou o resultado da multiplicação. “A intenção é fazer com que a criança aprenda a tabuada brincando”, afirma o professor Canaan.

Além disso, um outro objetivo da Matriz é provocar a interdisciplinaridade, pois cada imagem que constitui o quebra-cabeça vem acompanhada de um texto de apoio sobre o meio-ambiente. “A tabuada deve ser um meio para a produção do conhecimento e não um fim em si mesma”, diz o professor Júlio Canaan.

A Matriz Canaan foi apresentada no evento realizado no Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (SIEEESP) em maio de 2002 e contou com a presença de professores do ensino fundamental, coordenadores pedagógicos da rede particular e também da rede pública de ensino.

Após análises e pesquisas deste projeto, coordenadas pela professora Maria Regina Ribeiro de Stefano, supervisora do Departamento de Cursos, o SIEEESP decidiu apoiar o lançamento da Matriz Canaan em seu âmbito de atuação. Para a professora Maria Regina, o produto é “uma ferramenta eficaz que pode ser utilizada não só pelos professores em sala de aula, mas também é recomendado como um material de apoio extracurricular”.

            O inédito empreendimento pode não solucionar os problemas enfrentados pelo sistema educacional brasileiro, porém é uma saída diferente. Ações como essa podem ser benéficas tanto para alunos, que passam a ter uma maior motivação e capacidade para o entendimento de diversos conteúdos – não só os da matemática -, quanto para o corpo docente que pode expandir métodos criativos para as outras disciplinas tornando o ensino mais divertido.

           

                                                                                                                               Daniela Poiano

 

 

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