O nascimento da gestão moderna

Ontem depois de uma longa aula de Organização Sistemas e Métodos, fiquei pensando porque a gestão das empresas hoje funciona dessa forma, porque tanta burocracia, corte de inovação, desconfiança, controle, porque tantos gerentes. Pensando nisso realizei uma pesquisa e descobri porque hoje a gestão funciona dessa maneira.

O que descobri foi que, as práticas da gestão moderna foram elaboradas em torno de um pequeno aglomerado de princípios essenciais e do uso de recompensas providas de circunstâncias externas para moldar o comportamento humano.

  • Padronização – Reduzir desvios
  • Especialização – Agrupar atividades semelhantes em unidades
  • Hierarquia – Pirâmide de autoridade
  • Planejamento – Prever a demanda, orçar recursos e programar tarefas.
  • Controle – Controlar e corrigir os desvios do plano

 

Esses princípios foram explicados por um grande numero de filósofos que embora tivessem uma visão um pouco diferente sobre o fundamento da gestão, todos concordavam sobre os princípios acima, indivíduos como Henri Fayol, Lyndall Urwick, Luther Gullick e Max Weber trabalharam quase 100 anos atrás para solucionar o mesmo problema: como maximizar a eficiência operacional e a confiabilidade em organizações de grande porte.

Na era pré-industrial, os pequenos comerciantes possuíam um relacionamento direto com seu cliente, diariamente recebiam feedback de seus consumidores. Com o crescimento das indústrias os funcionários viram-se distanciados do consumidor final, privando assim o feedback direto. Começaram então a depender de outras pessoas mais próximas do cliente para dizer-lhes como poderiam agradar mais os consumidores.

A especialização dividiu as empresas em departamentos funcionais, assim os funcionários também se distanciaram do produto final ficando responsáveis por apenas uma parte do produto, as tarefas começaram então a ser cada vez mais especificas e especializadas, o tamanho e a escala separaram os empregados de seus colegas fazendo-os trabalhar em departamentos semi-isolados assim os funcionários perderam o vínculo emocional com o produto final, eles não tinham mais uma visão completa do processo de produção se ele não fosse eficiente, não havia jeito de saber e de fazer a correção. Isso criou um senso de responsabilidade menor pela qualidade do produto, o antigo artesão que tinha orgulho do seu trabalho agora era apenas uma peça secundária de uma maquina industrial sob a qual tinha pouco controle.

A hierarquia provocou a formação de um abismo entre os trabalhadores e proprietários, enquanto um aprendiz no século XIX falava diretamente com o proprietário, os funcionários do século XX reportavam-se a supervisores de nível inferior. Começou assim o processo de esquecimento dos funcionários subalternos, esses poderiam trabalhar por vários anos na empresa e nunca ter a chance de falar diretamente com alguém com autonomia para tomar decisões.

A crescente complexidade operacional fragmentou as informações que estavam disponíveis aos funcionários, antes as informações financeiras eram simples e em tempo real, nas grandes empresas industriais os funcionários tinham um quadro de informações especifico que informava aos funcionários como estavam se saindo mas pouco ou quase nada sobre o progresso da empresa como um todo. Com apenas uma lasca de responsabilidade e uma versão diminuta do progresso financeiro da empresa, ficou difícil para o funcionário se sentir responsável pelo desempenho da empresa.

Alem disso a industrialização passou a vetar a criatividade. Nas grandes indústrias os métodos e procedimentos de trabalho eram definidos por especialistas e não eram alterados com facilidade, não importa o quanto um funcionário fosse criativo e possuísse idéias valiosas para a empresa, o espaço para exercer esse talento era rigorosamente truncado. A criatividade foi completamente vetada, o funcionário não precisava pensar mas sim executar o que foi mandado. Isso me lembra de uma frase que Fayol disse certa vez: ‘Porque toda vez que peço um braço, recebo um cérebro junto?’

Resumindo, a busca de vantagens de escala e eficiência tirou a paixão dos funcionários, retirou o seu conhecimento do todo, sua responsabilidade e seu poder de opinar, criar, sugerir e tentar. Criou robôs que precisam ser gerenciados, não pensam por sí, apenas fazem pois vivem em uma cultura de gestão voltada para o medo.

Embora estejamos vivendo em um novo século com novos conceitos de negócios e valores completamente diferentes, ainda estamos sendo castigados pelos efeitos adversos de um modelo de gestão que foi inventado há aproximadamente cem anos. Funcionários indiferentes, incapacidade de inovação, organizações inflexíveis, porque então continuamos insistindo nos antigos métodos de gestão? 

 

*Fonte: HAMEL, Gary – O Futuro da Administração, Campus 2008

2 comentários sobre “O nascimento da gestão moderna

  1. Gostei do seu ponto de vista. Foi o que você me explicou na biblioteca. Você está no caminho, já encontrou o problema, agora só falta desenvolver sua própria solução. Um bom tema pra monografia, não?

    beijos…

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