Valor Acrescentado

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valor acrescentado NÚMERO 5 – JUNHO DE 2011

VALORIZAÇÃO NA CATÓLICA


Índice 1 Editorial 2 AEFEG 3 O meu Caso 4 PIC 6 Curriculum Vitae 7 Estágio de Verão Millenium

Director Editorial

Inês Maria Marques Colaboradores

Alexandra Santos, Catarina Mendes, Marta Rodrigues, Nelson Gonçalves, Rita Leão Propriedade

Associação de Estudantes da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica Portuguesa Copyright © 2011 AEFEG Contactos

8 O mundo Erasmus – Dinamarca 10 Berkeley 12 As Tunas

Rua Diogo Botelho, 1327, 4150­‑268 Porto Telefones: 220 930 476 - 917 289 899 Fax 226 107 861 http://www.aefeg.com Geral@aefeg.com Concepção Gráfica, Impressão e Acabamento

16 4º Fim de Semana Professor Doutor Carvalho Guerra 18 Praxe: Humilhação ou Integração 20 Entrevista: José Bento da Silva

Clássica, Artes Gráficas SA Rua Joaquim Ferreira, 70 Armazém G/H 4435­‑297 Rio Tinto – Gondomar Telefone +351 224 899 902 Fax +351 224 899 929 E­‑mail: geral@classica.com.pt Depósito Legal

n.º 94136/95 Tiragem

23 AIESEC

500 Exemplares Imagens da publicação

24 Semana de Economia e Gestão

© shx Distribuição Gratuita Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios, e para quaisquer fins, sem autorização expressa do Associação de Estudantes da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica Portuguesa. REVISTA IMPRESSA COM TINTAS ECOLÓGICAS (a base de oléos vegetais)

Cuide do meio ambiente UTILIZE MELHOR ESTA REVISTA DEPOIS DE A LER COLABORE NA SUA RECICLAGEM


Editorial É com grande orgulho e satisfação que apresentamos a revista n.º 5 da Valor Acrescentado. Este número é então direccionado para a “Valorização na Católica”, tentando assim mostrar de que forma o estudante pode melhorar as suas competências através de actividades extra-curriculares.

Assim podes encontrar neste número experiências na primeira pessoa de membros da Associação de Estudantes, da CASO, PIC, Praxe, Tunas, estágio de verão do Millenium BCP, Erasmus e Berkeley. Para além destas experiências poderás contar com alguns conselhos, por parte de Estudantes e Empregabilidade, de como fazer o Curriculum Vitae e a sua importância. Poderás ainda contar com a participação do Professor José Bento da Silva numa entrevista.

Por último deixo um agradecimento a quem trabalhou para esta revista ser uma realidade e um desejo de que cada vez mais a revista Valor Acrescentado se torne uma leitura obrigatória por parte dos alunos da Faculdade de Economia e Gestão.

Presidente Henrique Leite


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AEFEG N.º 05 | MAIO | 2011

AEFEG A minha passagem pelo Associativismo, ainda que tenha durado apenas dois anos lectivos, tem, ainda hoje, um impacto significativo na forma como conduzo a minha vida profissional. Em 2007, ano em que iniciei esta jornada como Coordenador da AEFEG (passando no segundo semestre para Vice-Presidente) tive a oportunidade de conhecer um mundo que até então apenas conhecia dos livros - o mundo empresarial. Ainda que de uma escala pequena, as lições que trouxe comigo desses dias influenciaram positivamente o meu recrutamento na Google, mais do que alimentaram o CV. Este é um ponto importante. O CV é sem dúvida uma mais-valia, mas o crescimento profissional, no final, é o que irá determinar o sucesso de cada um de nós. Gostaria de destacar três palavras que sumarizam toda a experiência. Não foram únicas, é certo, mas foram certamente as mais importantes.

Decisão. Todos os dias a AEFEG era inundada com desafios, questões, e, por vezes, problemas. Todas elas requeriam elevado poder de decisão e execução. Aprendi a ouvir (talvez a característica mais importante num gestor), e a balancear todos os diferentes pontos de vista para executar as acções com sucesso.

Equipa. Uma das minhas citações preferidas é da Marissa Mayer, actual Vice-Presidente da Google - “Encontra as pessoas mais inteligentes que conseguires e rodeia-te delas.” Eu tive a maior felicidade em ter encontrado pessoas que eram motivadas, criativas, e profissionais na minha equipa. Aprendi com elas, e conseguimos várias vitórias porque tínhamos os mesmos objectivos apesar das diferenças.

Adaptabilidade. Tal como o ambiente de negócios, o panorama da AEFEG mudava constantemente. Não chega ter boas ideias elas têm que ser redesenhadas e reescritas se não estiverem adaptadas à mais recente realidade. A “estratégia emergente” de Mintzberg é, tantas vezes, a estratégia de facto. Cabe-nos a nós estar cientes disso, preparados, para que o objectivo seja sempre conseguido. Não é verdade que tudo o que se necessita se aprende no trabalho. Grande parte do nosso crescimento pro‑ fissional é feita na Universidade. Fortunamente para todos nós, soubemos escolher uma Faculdade que nos dá ferramentas para crescermos com ambição, mas não faz isso por nós - temos que ter a força e vontade de desenharmos o nosso futuro. João Daniel Araújo


o Meu Caso N.º 05 | MAIO | 2011

a CaSo está dividida em Bolhas que são como que departamentos de diferentes tipos de voluntariado. Existe a Bolha Mais Crescidos que se dedica ao aproveitamento do tempo de voluntariado para animar idosos em lares e centros de dia. A Bolha Crianças Saúde tem projectos de voluntariado com crianças hos‑ pitalizadas no Hospital Maria Pia e no Hospital S.João. Adicionalmente é possível aproveitar passar o tempo com pessoas com doenças mentais fazendo parte da Bolha Vidas Espe‑ ciais. A Bolha Sem-Abrigo leva ali‑ mentos e refeições aos sem-abrigo da cidade. Por último existe a Bolha Crianças que tem vários projectos desde o projecto Porto Futuro que desenvolve um programa de tutoria individual com jovens com dificul‑ dades escolares até aos projectos do Cantinho das Crianças e Jovens onde é possível brincar e apoiar nos estudos crianças e adolescentes. Eu optei por integrar a Bolha Crian‑ ças porque me sinto à vontade para brincar com crianças e disparatar com elas nas brincadeiras. Fui para o jardim de infância do Centro Social da Foz e passei a estar 1.30h por semana numa sala com 15 meninos e meninas dos 3 aos 5 anos. O primeiro dia foi muito engraçado porque todos me olharam como se eu fosse uma espécie rara e estavam sempre à espera das minhas reacções, mas rapidamente muitos se mostraram receptivos e quiseram logo brincar comigo quando a educadora deu a ordem para se distribuirem pelos cantinhos

CaSo

O MEU

Eu conheci a Católica Solidária (CaSo) no 1º semestre da faculdade através dos cartazes e e-mails a anunciar as apresentações. No entanto foi só no 2º semestre do ano passado que decidi entrar mesmo para a CaSo e utilizar o meu tempo livre para aplicar em algo que não fosse para somente o meu benefício. Para quem não sabe,

de brincadeira da sala. Entretanto no 1º semestre deste ano continuei com os mesmos meninos e tenho vindo a notar que eles estão muito mais extrovertidos comigo e até consegui «arrancar» a timidez dos mais tímidos. Depois também há os meninos mais traquinas mas que consigo lidar também mais facilmente do que dantes. Agora quando entro na sala vêm todos ter comigo a gritar «Francisco!» e contam-me tudo o que se passou na última semana, desde as pulseiras novas que têm até ao facto de terem ido ao medico ou a casa da avó. Tudo isto torna todo o voluntariado mais recompensador e gratificante. No início deste ano fui «promovido» a coordenador do Projecto Jardim de Infância/ATL dentro da CaSo e coordeno actualmente 17 volun‑ tários divididos por 3 instituições. Isto implica dar-lhes a formação inicial quando entram para a CaSo e acompanhar a evolução do seu voluntariado. Aceitei este cargo por ser um desafio interessante e por poder assim contribuir mais para as pessoas com quem a CaSo trabalha e que nela fazem voluntariado. Para mim as características mais impor‑ tantes que um voluntário deve ter são motivação e responsabilidade. Com estas 2 asseguradas já é meio caminho andado para um bom desempenho que agrade ao voluntá‑ rio e àqueles com quem o voluntário passa o tempo. Tento transmitir isto para os novos voluntários e de um modo geral quase todos eles já vão com esta atitude para a CaSo.

A CaSo precisa sempre de voluntários que queiram ajudar porque há sempre pessoas necessitadas, por isso faço o convite a todos para irem às apresentações da CaSo que ocorrem no início de cada semestre. Vão ver que de certeza algo vos vai chamar a atenção no meio dos muitos projectos que temos! Francisco Branco

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PIC N.º 05 | MAIO | 2011

As experiências de quem já participou no coaching individual do PIC: “Para mim o Coaching ajudou-me muito, ajudou-me a perceber que tenho qualidade que não tinha descoberto e também ajudou-me a ter mais segurança em mim” Martine Vila-Chã, 1º ano Gestão em 2008/2009

“Para mim o Coaching é evoluirmos as nossas capacidades. É uma forma de complementarmos a nossa licenciatura e acho que todos nós deveríamos fazer” Bruno Ferreira, 1º ano Gestão, em 2008/2009

"Quando penso no PIC instantaneamente associo a palavras como reflexão, auto conhecimento, competências, desenvolvimento pessoal, entre outras. Pois a meu ver, actualmente precisamos de ter bem presentes as nossas forças e fraquezas, de modo a sobressair as forças e fortalecer as fraquezas e assim conseguirmos sermos bem sucedidos. A meu ver, um acompanhamento essencial durante a licenciatura." Sofia Caetano, 3º ano Gestão, em 2010/2011

“Tem-me ajudado nas entrevistas a que vou, a pensar nas minhas competências, e a desenvolver também as minhas capacidades” Sofia Bianchi, 2º ano Gestão em 2008/2009

Pedro1 batia à porta daquele gabinete do 1º andar que, durante todo o primeiro semestre, para ele tinha passado completamente despercebido. As grandes letras brancas, sob um fundo colorido de rostos simpáticos, não tinham conseguido despertar a sua atenção naquelas manhãs em que, saído do elevador e vindo do bar, percorria ensonado e aconchegado pelo café com leite o corredor que o levaria para a primeira aula do dia. O cartaz no átrio da entrada ou o logótipo na página principal do site da Faculdade, que permitia o acesso directo à página online do PIC, também não tinham cumprido a sua missão de divulgação eficaz do serviço, continuando Pedro sem conhecer o significado de Portfolio Individual de Competências. Talvez a culpa fosse da quantidade de novidades que o assaltavam naquele início de ano, início de vida universitária e académica, início de vida numa nova cidade, numa nova casa, com novos amigos. Turbilhão de emoções e experiências. O técnico do PIC entreabriu a porta e recebeu-o com o sorriso caloroso, pedindo que aguardasse “só um minuto”. Pedro sorriu de volta e recordou instantaneamente a primeira vez em que tinha ouvido falar daquele serviço da FEG. Tinha conhecido Mariana no churrasco de recepção aos novos estudantes da FEG e o entendimento foi mútuo. Com ela partilhou actividades de praxe, convívios em festas académicas nas discotecas mais badaladas do Porto, curiosidades acerca das actividades desenvolvidas pela Associação de Estudantes, dúvidas sobre as matérias das aulas, trabalhos de grupo. Certo dia, quando como habitu‑ almente se preparavam para ir até ao Bar das Artes ocupar com vídeos do youtube e conversa dilatada o “buraco” no horário das aulas, Mariana parou em frente à sala da 1Nome e história fictícios

aula de Microeconomia que terminara e explicou: “Pedro, hoje não vou contigo ao bar. Aproveitei esta hora livre e marquei sessão de coaching no PIC. Vou ficar a saber qual é o meu perfil de competências!”. E sorriu, afastando-se. “Coaching?”. “PIC?”. Não sabia o que era, mas ficou curioso. “Vamos Pedro? Hoje ficamos nesta sala, pode ser?” – O técnico introduzia-o no gabinete, interrompendo os seus pensamentos. Também ele tinha decidido inscrever-se no coaching individual do PIC. Não por causa de Mariana. Mas devido à recente experiência profissional do pai. Tendo trabalhado durante 15 anos como director comercial de uma empresa têxtil, que entrara em processo de insolvência, o pai acabara por ser despedido e procurava agora emprego em áreas tão diversas e diferentes daquela que conhecia. Lembrava-se de ter encontrado, pousado na mesa da cozinha, o CV do pai anexado a uma folha de rascunho, onde um esquema rasurado fazia corresponder a algumas fun‑ ções palavras-chave: “comunicação oral”; “escrita formal”; “elaboração de orçamentos”; “organização e planeamento”; “liderança”; “tomada de decisão”; “resolução de problemas”; “trabalho em equipa”. Numa conversa ao jantar, ouvira o pai contar a segunda entrevista de emprego que tivera, onde o técnico de selecção quase não perguntara sobre a sua área de formação, querendo conhecer exactamente todas aquelas funções e competências. Pedro compreendeu verdadeiramente o que já se tinha cansado de ouvir: “as novas exigências de um mundo global, cada vez mais em rede, com um mercado flexível e competitivo, onde só vence quem é maleável, móvel, competente e transversal”. Preocupou-se. E talvez fosse a primeira vez que o fazia. Pelo menos desta forma. Com um molde de Futuro. O que iria fazer? Será que conseguiria um emprego? Será que era competente? Sabia que conseguia fazer coisas, mas assim imediatamente não conseguia enumerar mais de


PIC N.º 05 | MAIO | 2011

Coaching Individual: as competências transversais e a promoção do desenvolvimento pessoal e profissional dos estudantes

duas competências pessoais. Nunca tinha trabalhado e, muito provavelmente, até ter concluído a sua licenciatura não teria qualquer contacto com o mundo profissional. Isso significava que sairia para o mercado de trabalho sem competências? O que diria numa entrevista de emprego? Como se tornaria mais empregável? Decidiu conversar com Mariana sobre o assunto, pedindo-lhe que explicasse tudo sobre o tal perfil de competências, analisado numa tal sessão de coaching individual, num tal serviço chamado PIC. E inscreveu-se. Agora, sentado no gabinete do PIC, dava início à sua quinta sessão de coaching onde, após ter preenchido um questionário online de avaliação das suas competências, depois de o ter ana‑ lisado durante a primeira e segunda sessão conhecendo os seus pontos fortes e as suas competências a melhorar, depois de ter explorado o seu percurso de vida, conseguindo fundamentar cada uma das competências que já possuía, iria começar a explorar estratégias e actividades em que se poderia envolver de modo a promover o desenvolvimento das suas competências transversais. O PIC, Portfolio Individual de Competências, é uma opor‑ tunidade que a FEG oferece aos seus estudantes com o objectivo central de promover o seu desenvolvimento integral, através da aquisição de competências transversais que contribuam para o seu sucesso pessoal e profissional. O PIC desenvolve, entre outras modalidades, o coaching individual. O coaching individual consiste numa oportunidade do estudante reflectir acerca das competências já adqui‑ ridas através da multiplicidade de experiências formais e informais de aprendizagem e de potenciar, através do envolvimento em novas experiências e actividades, com‑ petências menos desenvolvidas.

Neste sentido, as sessões de coaching individual são iniciadas com o preenchimento do questionário online de auto-avaliação das competências, traçando um perfil com os pontos fortes e pontos a melhorar de cada estudante. Através da análise reflectida sobre esses resultados, adaptados às situações concretas do quotidiano de cada estudante, o coaching possibilita a realização de um balanço de competências e a construção de um discurso articulado, coerente e fundamentado – recurso bastante relevante em situações de auto-apresentação, como por exemplo as entrevistas de emprego. Nas sessões seguintes, o estudante é convidado a explorar as competências a melhorar, identificando estratégias de acção que o permitam inverter essa situação, efectivamente, promovendo a construção de um sistema pessoal mais competente em diversos domínios: académico, profissional, pessoal e social. O coaching individual oferece ainda a possibilidade do estudante: a) Construir, ao longo da intervenção, um portfolio indivi‑ dual de competências – documento sistematizador das competências transversais desenvolvidas; b) Realizar, enquanto momento finalizador de todo o processo, uma Demonstração de Competências (DC) – apresentação pública onde o estudante expõe de forma fundamentada e consistente as suas competências, perante a avaliação de um júri externo, composto por representantes de empresas. Se pretende conhecer o seu perfil de competências, se gostaria de promover o seu desenvolvimento profissional e pessoal, inscreva-se já nas sessões de coaching indivi‑ dual do PIC. Para se inscrever ou obter mais informações contacte-nos através do nosso endereço de correio elec‑ trónico: pic@porto.ucp.pt.

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CURRICULUM VITAE N.º 05 | MAIO | 2011

CURRICULUM VITAE

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CV

CURRICULUM VITAE (ou Percurso de Vida)

Por Estudantes e Empregabilidade A Área de Estudantes e Empregabilidade (EE) tem vindo a colaborar com os estudantes da Católica Porto na construção do curriculum vitae, conceptualizando-o como instrumento de comunicação com o mercado de trabalho. Uma vez que este tende a constituir a primeira forma de contacto com os possíveis empregadores, procuramos incentivar os estudantes a uma construção do CV que denote reflexão acerca das experiências formativas, de trabalho e extra-curriculares. Atra‑ vés da realização do curriculum vitae pretendemos que o estudante seja capaz de desenvolver uma narrativa referente ao seu percurso de vida, integrando o passado e o presente, bem como projectando-se no futuro. A construção do CV é, pois, uma experiência de reflexão pessoal e de desenvolvimento de projectos de vida consistentes e coerentes, na qual o auto-conhecimento assume um papel fundamental. Paralelamente, é importante que este documento de apresentação e comunicação assuma, também, o seu papel como documento de selecção e, como tal, evidencie o carácter específico de cada um, destacando os seus elementos distintivos. O CV deve ser único e representar a verdade pessoal e estética de cada um. Tendo em vista a diferenciação e a valorização, EE não aposta na utilização de templates, mas sim na organização pessoal da informação, procurando que os estudantes se sintam mais em concorrência vertical (eu comigo mesmo) do que em concorrência horizontal (eu com/contra o outro). As empresas têm-nos dito que os CV dos estudantes da Católica Porto se destacam dos restantes pela originalidade na apresentação das suas experiências, revelando uma forma integrada e criativa de reflectir os seus percursos. Num contexto social de competitividade e incerteza, o mercado de trabalho também se transforma e coloca-nos novos desafios: já não basta ter uma Licenciatura, já não basta uma boa média… então o que pode diferenciar os estudantes? Assim, para obter apoio na construção do currículo, qualquer estudante poderá recorrer a EE, quer através de atendimento individual, quer através da frequência das Oficinas de Empregabilidade (no caso da FEG, essencialmente destinadas a finalistas do 1º ciclo), nas quais, para além da sensibilização para aspectos fulcrais do desen‑ volvimento do CV, os estudantes serão convidados a reflectir sobre o processo de transição da Universidade para o Mercado de trabalho. O que nos dizem alguns estudantes da FEG que realizaram Oficinas de Empregabilidade: “As oficinas de empregabilidade foram extremamente importantes pois permitiram o desenvol‑ vimento de competências transversais e a reflexão sobre questões essenciais para o sucesso num processo de recrutamento. Acima de tudo, foi um processo de constante aprendizagem e, simultaneamente, de bons momentos partilhados em grupo.” Sara Coelho - FEG “As Oficinas de Empregabilidade são de extrema utilidade para a sensibilização do aluno para as expectativas e exigências dos empregadores e fornecem instrumentos e uma preparação importantes para a auto-confiança e perspectivas de sucesso nos processos de recrutamento que terá de enfrentar” Carlos Gonçalves - FEG


Millennium N.º 05 | MAIO | 2011

Estágio de Verão no Millennium BCP Actualmente está cada vez mais na moda fazer um Está‑ gio, mas o que é afinal de contas um Estágio? E como é que este nos ajuda a desenvolver não só profissionalmente, mas também pessoalmente? Durante o mês de Junho de 2010 fui contactada pelo Millennium para comparecer a uma entrevista com a fina‑ lidade de frequentar um Estágio de Verão que este Banco estava a oferecer. Assim, dirigi-me à entrevista no dia com‑ binado e desde logo expliquei que ainda estava no segundo ano da licenciatura em Gestão de Empresas, ou seja nunca tinha tido qualquer tipo de experiência profissional, muito menos na área da Banca. Foi com grande agrado que recebi a notícia de ter sido seleccionada para este Estágio durante um mês e de forma remunerada na Direcção Comercial de Empresas da zona Norte. Na véspera de inicio do Estágio comecei a pensar no que iria efectivamente fazer durante o mesmo, e só me passavam pela cabeça ideias como, organizar dossiers, tirar fotocópias e ter acesso a alguns casos do quotidiano da Banca portuguesa. Bem, no final de contas, não tirei uma única fotocópia nem organizei um único dossier, tive sim acesso a muitos casos da Banca Portuguesa. No meu primeiro contacto com o Banco fui recebida pelo Director de uma das sucursais desta área, que para além de me ter informado que daí em diante seria o meu Tutor, explicou‑ -me o funcionamento e divisões do Millennium BCP. Após esse primeiro contacto fui apresentada a toda a Equipa, que me recebeu e tratou muito bem ao longo de todo o Estágio, não como uma estagiária, mas sim como uma colega, o que me agradou bastante. Para além do mais, todos demonstraram bastante entusiasmo em receber‑ -me. Estavam sempre prontos para me ajudar, e estavam também constantemente a mostrar-me como fazer deter‑ minadas operações e a explicar-me situações novas. O meu dia no Millennium BCP começava com a leitura de um Jornal Económico e posterior discussão das principais notícias com o meu Tutor. Só assim conseguia acompanhar e perceber o que se estava a passar com as empresas clientes do Banco, e com a conjuntura económica viven‑ ciada na época. Posteriormente, examinava os produtos

que o Banco tinha para oferecer às empresas, bem como todas as suas vantagens, desvantagens e aplicabilidades. Só após ter absorvido toda a teoria é que me voltava a reunir com o meu Tutor, que me explicava na prática como funcionavam esses produtos e me mostrava empresas que os tinham adquirido. Durante a tarde, ficava sempre com um assistente ou com um gestor de contas, observando aquilo que eles faziam e aprendendo a fazê-lo. Muitas vezes não conseguia perceber certas operações, o que os levava a pararem o seu trabalho para me explicarem em que é que aquela operação realmente consistia. Isto não só aumentava os meus conhecimentos, como também me permitia aplicar conceitos apreendidos em Finanças Empresariais e Moeda e Mercados Financeiros, sendo isso bastante gratificante, pois sentia que estava a dar algum contributo para o sucesso da operação em questão. Assim, todo o meu Estágio foi passado a aprender e a enfrentar novos desafios. Quando o meu Estágio chegou ao fim, senti que saí de lá uma pessoa diferente. Foi com esta experiência que para além de ter tido o meu primeiro contacto com a realidade empresarial, percebi a verdadeira função do Banco na sociedade. Afinal de contas, o Banco não serve apenas para depositarmos o nosso dinheiro e para nos dar crédito, serve também para, pelo menos no caso das Empresas, as aconselhar e ajudar a maximizar a utilidade do seu dinheiro e investimentos. Posso então dizer que o Millen‑ nium BCP foi para mim uma Escola que me proporcionou uma experiência bastante gratificante e única. Em suma, um Estágio pode mudar a nossa vida e pode, num espaço de dias, tornar-nos pessoas mais adultas e experientes profissionalmente. Por isso aconselho todos os estudantes que tenham oportunidade a fazerem um Estágio. No entanto, é preciso que estejam preparados para fazer opções – eu por exemplo abdiquei de um mês de férias, mas no final, fazendo uma análise custo-benefício, torna-se muito fácil perceber que o Estágio tem, e terá a longo prazo muito mais valor do que o tal mês de férias de que prescindi. Francisca Malpique

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Erasmus N.º 05 | MAIO | 2011

O Mundo Erasmus

DINAMARCA Actualmente, existe um imenso número de estudantes Erasmus repartidos por toda a Europa. Estou certo que, se pudéssemos falar com eles, todos nos contariam histórias distintas acerca da sua experiência, visto que cada um a vive de uma forma muito pessoal. Mas uma grande certeza que também tenho, é que para cada um deles, a sua terá sido a melhor de todas as experiências Erasmus. São inú‑ meros os factores vantajosos decorrentes desta aventura. Na minha óptica, verifica-se um maior enriquecimento ao nível de competências transversais do que propriamente das técnicas. O contacto com novas culturas, novas línguas, novas perspectivas em assuntos académicos e o alargamento da rede de contactos são alguns dos principais factores que nos permitem alargar horizontes, contribuindo assim para o desenvolvimento de uma Europa cada vez mais globalizada e unida na diversidade cultural, linguística e educacional.

A total autonomia, a flexibilidade face a novos contextos e consequente adaptação, a iniciativa e o espírito empreendedor, são algumas das competências extremamente aprimoradas neste programa e são da maior importância para o futuro de todos nós. Na fase inicial, uma questão sempre importante e difícil de resolver é a escolha do país de destino. Esta, na minha opinião, deve sobretudo ser feita individualmente. Isto porque é algo que depende da personalidade e das prefe‑ rências de cada um e, nesta matéria, não existem melhores nem piores decisões. Simplesmente são diferentes e ditarão experiências também diferentes. Um país fantás‑ tico para uns, pode não o ser de todo para outros. Existem dois exemplos extremistas, com culturas e estilos de vida completamente opostas, mas que, na minha opinião, não deixam de ser dois países bastante encantadores e atractivos: Itália e Dinamarca. Embora acredite que todo o período se revele extremamente enriquecedor seja qual for esta decisão, considero esta componente aliada à escolha do tipo de alojamento, como duas componentes dotadas

de especial importância para um melhor aproveitamento da experiência Erasmus.

A minha experiência em Aarhus, Dinamarca Uma pergunta a que até hoje tive que responder dezenas de vezes é: “Porquê Dinamarca?”. Para tal, penso que se conseguem encontrar as mais variadas justificações. Para mim, e para os meus colegas que me acompanharam nesta aventura, o factor de desenvolvimento ao nível linguístico e a cultura nórdica foram dois grandes factores de diferen‑ ciação em relação às outras alternativas e foi uma decisão que inclusive veio a ser surpreendente pela positiva para todos nós. Quando falo da língua, muitos devem pensar que me refiro à língua dinamarquesa. Mas não. Uma caracte‑ rística muito curiosa deste pequeno país, e da comunidade nórdica em geral, é o facto de cerca de 90% dos seus cida‑ dãos falarem inglês fluentemente. É um facto que nunca precisei de saber falar dinamarquês. Qualquer pessoa na rua, na Universidade ou nos supermercados estava sempre disposta a ajudar e sempre com uma enorme facilidade de expressão em inglês. Isto é apenas uma pequena parte da cultura nórdica que atrás referi. O rigor, a pontualidade, a seriedade e a boa disposição com que o povo dinamarquês encara qualquer assunto foi também algo que realmente me fascinou. Estas são algumas das diferenças mais notórias em relação ao nosso país. Deste modo, não deve ser difícil de imaginar o choque de culturas e formas de estar que nós encontrá‑ mos quando, em Agosto (com uns incríveis 20ºC), aterramos em Aarhus (segunda maior cidade dinamarquesa). Um primeiro contacto, marcado pelas centenas de bicicletas estacionadas e em circulação, um reduzidíssimo número de carros próprios e inúmeros autocarros a toda a hora, era algo que começava a ser realmente diferente para nós. Quanto ao alojamento escolhido, apesar de a primeira tendência ter sido optar por um apartamento para os


Erasmus

três, depois de várias pesquisas e devido aos vários testemunhos observados, a escolha recaiu sobre as residências universitárias. E, pelo que certamente per‑ ceberão a seguir, esta terá sido a decisão mais acertada. A residência consistia num enorme recinto, com cerca de 200 casas e uma média de 10 quartos por casa. No recinto residencial havia ainda um bar, supermercado, 3 campos relvados de futebol de 11, 3 campos de basquetebol, 2 cortes de ténis, sauna e outros espaços que proporcionavam diversos momentos de lazer. Tudo isto apenas destinado a estudantes, na sua grande maioria Erasmus, vindos dos mais variados países do mundo. Para ter uma noção da diversidade cultural, na minha casa vivíamos 14 pessoas, de 10 nacionalidades distintas! No início era algo estranho. Ninguém se conhecia e o clima ainda era reservado. Mas com o pas‑ sar do tempo tudo mudou. A um ritmo natural, fomo-nos relacionando cada vez melhor e a meio do semestre já todos nos considerávamos como uma autêntica família. Fazíamos as refeições juntos muitas vezes, saíamos, passeávamos, divertíamo-nos imenso. Tudo funcionava extremamente bem! Um aspecto interessante nas residências universitárias era que, no meio de tanta gente, todos os fins-de‑ -semana havia algum aniversário e, nesses dias, abria‑ -se a respectiva casa ao público para festejar das mais diversas formas, muitas vezes com uma festa adaptada à cultura do país do aniversariante. Dado todo este cenário, deve-se imaginar, que todas as casas seriam um autêntico desastre no que à limpeza e arrumação diz respeito. E aí é que entra a cultura dinamarquesa, que mantém estas residências com um perfil distinto. Isto porque, apesar de haver uma enorme tendência para festas e para o divertimento em geral, a gerência da residência obrigava a regras rígidas, como por exemplo as limpezas semanais em todas as casas, através das quais, todas as segundas-feiras as casas tinham que estar a brilhar, de forma a ser aprovadas na inspecção semanal.

A Universidade apresentava também um estilo interessante. Os métodos de ensino dinamarqueses fomentam imenso a interacção social e o espírito participativo. Primeiro, as salas eram compostas por mesas circulares onde os alunos estavam divididos por grupos de modo a colaborar uns com os outros e a participar activamente na aula. Dentro deste conceito, para as aulas, os alunos tinham que preparar um determinado assunto e, quando a aula começava, o professor lançava um tema principal que era discutido e analisado por todos os alunos, tendo sempre como suporte o professor e novos slides e/ou actividades práticas que levava para as aulas. Os métodos de avaliação davam ainda forte ênfase à oralidade e ao poder de argumenta‑ ção, visto que a maioria dos exames eram orais. Para quem estiver indeciso entre ir estudar para outro país ou não, o meu conselho é que se decidam pela escolha afirmativa. Erasmus é uma experiência que, por vezes, (in) felizmente, só é entendida quando é vivida. Acreditem que é uma experiência memorável e que vale mesmo a pena enfrentar! Convido, aos interessados, a obser‑ varem uma pequena demonstração desta experiência, no Youtube, com o nome: “Dorm n.º 55 - Erasmus in Aarhus, Denmark 2010” Luís Dinís


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Berkeley N.º 05 | MAIO | 2011

Berkeley

6 Semanas na costa californiana, numa cidade conhecida mundialmente, numa universidade cujo nome é de enorme prestígio.

Posso dizer que foi uma das melhores experiências que já tive a nível internacional. San Francisco é uma cidade de carácter única, as suas colinas transformadas em ruas pela qual a cidade é famosa, os seus arranha-céus com textura e estrutura diferente, o centro movimentado, a ilha de Alcatraz, a Golden Gate Bridge, são todos pontos turísticos que podemos observar e aprender, apreciando a vida quotidiana americana. Quanto à Universidade de Berkeley, ela é a mais presti‑ giada universidade pública e uma das mais conhecidas a nível mundial. Embora tenha sido um SummerSchool, foi intenso. Apreender o que se dá num semestre em 6 semanas não é uma tarefa fácil. Frequentei a HaasSchool of Business, ou seja, a faculdade de economia e gestão da Universidade de Berkeley. O meu horário era de segunda a quinta-feira, aulas das 8h00 às 13h00. Fiz duas cadeiras do curso, Marketing e Gestão Internacional. Em Marketing, o professor era bastante exigente, foi a cadeira em que tive mais dificuldades, sendo que era uma cadeira nova sem conhecimentos prévios, também foi a que deu mais trabalho, com dois relató‑


Berkeley N.º 05 | MAIO | 2011

rios individuais, um trabalho de grupo e dois testes, e contava também a presença nas aulas e a respectiva participação. Quanto à Gestão Internacional, consegui aplicar conhecimentos académicos já aprendidos, especialmente na cadeira de Microeconomia e Macro‑ economia. A avaliação era constituída apenas por um trabalho e um relatório de grupo. Nesta cadeira aprendeu-se essencialmente a internacionalização das empresas e como geri-las, apresentando várias opções de escolha, optando pela mais viável. Quanto à vida estudantil, como era no Verão, a maioria dos estudantes eram internacionais, havia poucos residentes a estudarem durante esse período. No entanto, consegui conhecer muitas pessoas de todo mundo e aprender com a diversidade cultural. Durante os 4 dias de aulas passava as minhas tardes a estudar e a fazer trabalhos, e sextafeira e fim-de-semana, saía com amigos e íamos passear, conhecer melhor San Francisco, que ficava a 45 minutos da cidade de Berkeley via autocarro, e outras cidades ao lado. A vida nocturna, em Berkeley, fazia-se às quintas e sextas-feiras, nas quais se realizavam festas nas fraternidades, no entanto a duração era muito curta

comparando com Portugal. As festas acabavam obri‑ gatoriamente à meia-noite, mas começavam por volta das 8h30 da noite. Havia também um bar/discoteca chamado Blakes, mas apenas a pessoas com mais de 21 anos era permitido o consumo de bebidas alcoólicas. Para os estudantes da UCP, todas refeições estavam incluídas excepto ao Domingo. A nossa casa chamava-se TAU House e era uma antiga fraternidade mista, que entretanto se transformou numa residência estudantil normal. Não ficava longe da nossa faculdade, eram 3 a 5 minutos a pé. O único inconveniente a indicar será a comida que não era a melhor. Passámos 6 sema‑ nas a comer sandes de todo tipo, desde churrasco, hambúrguer, sandes mistas, etc. Raramente havia um prato normal, e quando havia, não aparecia com uma comida apetecível. No entanto, com o tempo fomo-nos habituando e fruta não nos faltou, até foi prato de muitas refeições. Quanto aos transportes, tínhamos viagens gratuitas para todo lado, pois o cartão de estudante já incluía o passe e isto permitia-nos ir ao centro da cidade, apanhar o metro para San Francisco e também conhecer melhor Berkeley. Li Danchan

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Uma Experiência Para o Teu Percurso Pessoal e Profissional As tunas podem ser de natureza popular ou estudantil. Na nossa Universidade existem duas Tunas: a Tuna e a Tuna Feminina, sendo que estas podem albergar todos os estudantes de todos os cursos do Centro Regional do Porto.

A Tuna da Universidade Católica Portuguesa - TUCP Fruto do entusiasmo e espírito académico, em 30 de Março de 1990, nasceu segundo a Praxe Académica Portuguesa, com Monumental Baptismo pelos seus padrinhos (a Tuna da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto) com a “água benta” da Fonte dos Leões e com o vinho generoso das margens do Rio Douro, a Tuna da Universidade Católica Portuguesa. Manifestação por excelência do viver estudantil, conjuga o rigor e seriedade do traje académico, o respeito pela Tradição, a alegria da juventude e a boémia dos estu‑ dantes. Possuindo um repertório que abarca a canção


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brejeira e alegre e a Serenata, encontra receptividade noutros públicos que, não estando habituados a este tipo de manifestação cultural, depressa aderem a uma forma de espectáculo alegre, jovem e espontânea.

A Tuna Feminina da Universidade Católica Portuguesa - TFUCP A Tuna Feminina da Universidade Católica Portuguesa foi fundada a 10 de Dezembro de 1990 por um grupo de colegas e amigas pertencentes aos cursos de Direito, Gestão e Biotecnologia, que partilhavam o gosto pela música e pela vida académica.


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Desde o início que a TFUCP tem vindo a desenvolver uma ampla actividade em prol da música tradicional e estudantil em geral, promovendo o espírito académico e o respeito pela Tradição. De igual modo, o espírito e a tradição académica têm estado sempre presentes na vida desta Tuna Feminina. Desde a primeira actuação, em Dezembro de 1990, a Tuna Feminina tem registado uma grande evolução devido, essencialmente, a todo o empenho e dedicação com que os seus elementos encaram cada espectáculo.

Pertencer a uma Tuna e impacto na tua vida pessoal e profissional As tunas são grupos exclusivos que implicam, princi‑ palmente, três importantes alicerces pelos quais estas evoluem e se regem: compromisso, responsabilidade e respeito pelo próprio e pelos que nos rodeiam. Ora, estas três capacidades/competências coincidem, pre‑ cisamente, com os talentos que o mercado de trabalho actual valoriza. Estar numa tuna é sinónimo de trabalho em equipa, relacionamento com entidades extra-universitárias, é saber desenrascar numa situação de pressão extrema, é organizar eventos de grande escala, o que complementa os conhecimentos técnicos aprendidos na Faculdade com conhecimentos da vida real havendo, desta forma, uma diversificação de competências. A Dr.ª Lara Pacheco, membro do Serviço de Estudantes e Empregabilidade, no seguimento de uma conversa sobre como a participação numa tuna tem, na realidade, impacto tanto na vida pessoal como no futuro profis‑ sional do aluno, enfatizou que “as empresas dão, cada vez mais, grande importância ao desenvolvimento de diversas capacidades intelectuais. Um recrutador, ao dirigir uma entrevista a um novo candidato, sabendo de antemão que este esteve envolvido numa tuna, poderá dar destaque às experiências extra-curriculares que o candidato realizou e tentar perceber a contribuição das mesmas para o seu desenvolvimento profissional. Assim, o facto de ter pertencido a uma tuna e ter tido um papel activo na mesma pode suscitar um interesse acrescido por aquele candidato”. Hoje em dia, como reflexo da nossa sociedade individualizada, os jovens universitários tendem a ser mais individualistas e este tipo de grupos tentam, precisamente, integrar e promover o trabalho em equipa a nível institucional, sendo que têm uma vertente lúdica, o que é, igualmente essencial no percurso universitário de cada aluno, criando memórias para toda a vida. Clara Gil


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PRAXE: humilhação ou integração A Praxe é uma instituição académica do ensino superior português com costumes e tradições próprios, que variam de cidade para cidade. É uma forma de integração dos estudantes no novo meio académico com uma estrutura alta‑ mente hierarquizada que tem como princípios base a igualdade e a humildade e segue o lema “Dura Praxis Sed Praxis” (a praxe é dura mas é praxe).

Há muita contestação e polémica ao nível da defesa da dignidade dos caloiros e muita gente considera que os seus rituais têm como objectivo a humilhação dos mais novos e o abuso de poder dos mais velhos.

A Praxe tem a sua origem na Universidade de Coimbra em que existia um corpo policial pró‑ prio, os “Archeiros”, sob tutela das autoridades universitárias que zelava pela ordem no campus e fazia com que se cumprissem as horas de estudo e o recolher obrigatório sob pena de pri‑ são, sobrepondo-se às autoridades civis. Tam‑ bém tinha a incumbência de evitar a entrada de habitantes da cidade na Universidade que não fossem estudantes ou professores. Com a crescente violência por parte dos Archeiros, a polícia universitária conheceu o seu fim em 1834. A Praxe surge nessa altura como forma de adaptação desta polícia universitária, recuperando os rituais de iniciação dos estu‑ dantes. A Praxe deixou de ser exclusiva á Universidade de Coimbra sendo adoptada pelas outras Aca‑ demias do país como por exemplo Porto, Minho, Aveiro, etc. Cada Academia divergiu da sua Alma Mater Coimbrã ao nível de tradições e costumes próprios. Através de movimentos anti-praxe, que conta‑ vam com presenças políticas de peso, da esta‑ bilização política e social do país e da evolução


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das mentalidades, a Praxe começou a amenizar o nível de violência e de ataque á dignidade. Então o que é a Praxe hoje em dia? Integração ou humilhação? Dada a diversidade de caminhos que a Praxe tomou ao nível histórico, ao nível das tradições e costumes de cada academia ou mesmo às particularidades de cada faculdade dentro da mesma academia, é ignorância rotular a Praxe de forma homogénea. A minha resposta é integração em alguns sítios e humilhação noutros. Passando a um exemplo particular, a Praxe da Universidade Católica Portuguesa de Gestão e Economia não faz Praxe física ou de ataque á dignidade e é de carácter facultativo sem nenhum tipo de represália. Tem como único intuito a integração dos caloiros e os únicos actos que poderiam ser considerados como humilhantes têm como base a união dos caloi‑ ros entre si na medida em que se se encontram numa posição menos favorável todos juntos, têm tendência a sentir mais proximidade entre si do que na sua zona de conforto ao mesmo tempo que adquirem a noção de que são um só (a noção de Uno) o que desenvolve a solidarie‑ dade entre eles. Mesmo o DuxFacultis (titulo do responsável pela Praxe duma faculdade na Academia do Porto) é o primeiro a dizer que qualquer tipo de abusos por parte de alguém com mais poder de Praxe que não concernem a praxe são repugnantes e levam á proibição de praxar. Assim como o seu líder, a Praxe da Católica é feita, e vive, estes preceitos. Qualquer pessoa que visse esta Praxe diria que é uma boa forma de integração. Apesar de ter dado a Católica

como exemplo poderia ter dado o exemplo de quase todas as faculdades da Academia do Porto. No entanto, não é assim em todo o lado. Alguns exemplos para ilustrar a humilhação em praxe são: a estudante em Santarém que foi coberta de excrementos quando se declarou anti-praxe, ou o de estudantes das escolas superiores agrárias de Coimbra e Elvas que ficaram com danos físicos graves irreversíveis, a prisão dum aluno em Braga pela violação duma caloira ou mesmo a morte dum aluno de arquitectura em Famalicão após uma praxe de despedida quando decidiu abandonar a Tuna. Como estes exemplos acredito que haja muitos outros que não chegam a público e estes casos repugnantes mancham o nome da Praxe. A Praxe, como tudo, evolui ou morre numa socie‑ dade como a de hoje em dia que é livre, infor‑ mada, pouco dada a dogmas ou a fanatismos. A Praxe é então integração ou Humilhação? Infelizmente é ambos mas através da promoção duma boa escala de valores a partir do topo da hierarquia a Praxe pode deixar de ser o “bicho de sete cabeças” que é para muita gente e ser um ritual de integração que proporciona momentos inesquecíveis, em que se conhece gente que de outra forma não se conheceria e que mudará a vida de qualquer pessoa que abrace esta experiencia.

Francisco Almeida

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Entrevista José Bento da Silva, nascido em Joanesburgo, na África do Sul, com pais portugueses, viveu aqui até aos seus 5 anos de idade, vindo para Portugal em 1978. Em Aveiro, onde concluiu a sua licenciatura em Engenharia Electrónica e de Telecomunicações morou até aos 20 anos, e licenciou-se em Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade do Porto ao mesmo tempo que trabalhava, concluindo o seu MBA e o Mestrado em Gestão na Universidade Cató‑ lica Portuguesa. Ao longo do seu percurso como jesuíta, foi criando um certo interesse pela filosofia, como também pela gestão, mais propriamente pelas gestões comportamentais e empresariais. Após ter dedicado 6 anos da sua carreira a trabalhar no sector privado em empresas onde fez consultoria técnica e esteve presente na gestão de Recursos Humanos, José Silva decidiu dedicar-se às suas próprias vocações; ao ensino e à investigação científica, a partir da qual está a concluir um Doutoramento em Gestão na Warwick Business School, no Reino Unido.

Considera a licenciatura uma base essencial para o percurso futuro que uma pessoa queira construir? Não considero a licenciatura um fim. Não podemos confundir os meios com os fins. A licenciatura é um meio. A ideia de que somos capazes de formar outros tem coisas boas e más. É onde se atenta à liberdade pessoal, pois ninguém escolhe por si só como é ensinado. Na Alemanha, Lutero apela ao ensino desde pequenino, de maneira a formar o sujeito desde cedo, à luz de valores fundamentais. Só posteriormente vemos o ensino a adquirir um carácter funcionalista.

Se a licenciatura for encarada como fim, torna‑ -se desesperante. O sistema de ensino deve estar assente numa base de individualidade liberal. O ensino é encarado como um projecto para formar pessoas. A questão de princípio é não olhar para o carácter funcionalista das licenciaturas. “ Licencia‑ tura é uma licença para aprender” Adriano Moreira.

O que nos pode dizer acerca do estado do ensino superior em Portugal relativamente ao ensino internacional? No Reino Unido o ensino é incutido desde cedo nas crianças, ao contrário de Portugal que pareceu esquecer algumas fases do ensino. O ensino não é um bloco único, é um conjunto. A primária tem uma importância elevada e os ataques ao secundário só prejudicam o ensino e a sociedade portuguesa. Só se dá prestígio ao ensino superior. Desta forma, as grandes universidades não se cen‑ tram unicamente no corpo docente. Os alunos tem de vir bem formados de trás para poderem ser bem sucedidos. É importante olharmos para a nossa realidade e escolhermos aquilo que queremos. Não podemos querer ser iguais a Oxford, até porque isso não interessa. A envolvente da universidade é que define o seu sucesso.

Considera que o ensino da UCP continua a ser de excelência? Eu acredito no mercado e este reconhece o mérito da UCP. A UCP tem tentado reforçar as competências


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dos alunos, criando complementos à sua formação funcionalista, o que é, por si só, primordial, na medida em que se encontram sempre alinhados com o projecto educativo. As relações humanas são essenciais para a vida quotidiana. A matriz católica, que é da liberdade pessoal de cada um representa igualmente um factor relevante que acaba por tornar o ensino da UCP diferenciador. Este carácter católico não significa que seja melhor ou pior. É optativo. Faz parte do própria “estratégia” da Universidade e por isso mesmo, é diferenciador. Relativamente ao corpo docente, considero que é, estatisticamente, impossível um professor estar perante 50 burros numa sala, daí o segredo do sucesso estar no esforço de ambas as partes.

O que acha que diferencia a UCP das outras universidades? Do ponto de vista funcionalista, os rankings con‑ seguem fazer uma hierarquia fiel da realidade. O que não conseguem fazer é a mesma avaliação em relação aos valores. No mercado de trabalho, as empresas é que fazem este trabalho, não olhando unicamente para a média de curso, mas sim para o lado comportamental da pessoa. Pode dar-se o caso de ser o melhor aluno da faculdade, mas se na entrevista passar a ideia de que não sabe trabalhar em equipa e que é solitário, dificilmente conseguirá o emprego. As competências transversais de carác‑ ter humano são bastante valorizadas hoje em dia. A UCP faz a diferença neste aspecto, mostrando-se mais consciente. O currículo apresenta-se diferente por isto. A formação não se pode focar num único aspecto. As melhores Universidades a nível mundial não ensinam só uma área, o que permite aos alunos expandirem os seus conhecimentos, isto é, sendo da área de Ciências podem ter disciplinas de Humani‑ dades.

Um pouco sobre mim: Idiomas Falados: Inglês, português, francês, e claro, todo o português fala um pouco de espanhol. Hobbies: Ténis Lema de Vida: Não tenho nada que guie a minha vida. Sou muito simples na condução da minha vida, e por isso, as coisas mais importantes da vida são os lugares comuns. Temos tendência a desprezar o que o povo diz mas acredito em princípios, e o que tento fazer no dia-a-dia é aproveitar a vida ao máximo, sem passar por cima de ninguém. Tenho obsessão pela fuga à monotonia e dificilmente deixo escapar uma oportunidade. Afinal, nunca é tarde para se olhar para a história de muita gente que mudou. Maior Qualidade e Pior Defeito: Não gosto de ser juiz em causa própria, mas é a honestidade, o que gera o meu maior defeito; sou assertivo e, por vezes, um pouco bruto. A dar aulas, aquilo que considero mais difícil é avaliar alunos. As pessoas têm carac‑ terísticas, não qualidades ou defeitos. O que mais aprecio nos outros: Frontalidade a todos os níveis, até com elas próprias. Não gosto de máscaras. Uma causa que defendo: Liberdade Maior medo: Não tenho Maior sucesso: O meu filho Pessoa que marcou o meu percurso profissional: O Professor Pinto dos Santos, professor da UCP, que no meu percurso académico me incentivou a estu‑ dar o tipo de organizações que estudo. Primeiro Emprego: Sonae, engenheiro na Optimus. Momento mais marcante da minha carreira: Ainda não tive. Será acabar o Doutoramento. O que faria se não leccionasse: Não sei…eu gosto mesmo de dar aulas. Não me vejo a fazer outra coisa, até porque consigo aliar a investigação ao ensino. Melhor invenção de todos os tempos: Existem duas invenções que considero marcantes. A primeira, a

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imprensa no século XVI… muita coisa só foi pos‑ sível quando a criaram. A segunda, o transístor no século XX, que acabou por ser a base de tudo o que é electrónico. Tudo daí para a frente são invenções incrementais. Maior conquista da humanidade: Ainda está para vir, claramente. Será quando resolverem as desigual‑ dades sociais.

Complete: A minha infância foi… feliz, normal… Enquanto estudante, a minha disciplina preferida era... matemática com excepção a estatística. E a que menos gostava… Engenharia pura e filosofia em Portugal. Sempre fui um Bom Aluno a…. Matemática.

O que me faz rir: Humor britânico, mais sarcástico e irónico.

Soube que queria ser professor … muito tarde…. Aos 33 anos, quando dei formação na Siemens.

O que me deixa indignado: Ao máximo, que atentem contra a liberdade do individuo.

Se pudesse voltar no atrás no tempo… tinha viajado mais. Conheço 40 países, mas falta-me a Índia. Nunca tiro férias no Porto.

AS MINHAS ESCOLHAS: Filme: 1900 Livro: “ Em busca do tempo perdido” e todos os livros de Bolaño. Peça de Teatro: Não gosto de teatro. Não habituei o gosto. Comida: Arroz de cabidela. Melhor lugar para viver: Sardenha para a reforma. Antes disso e para o dia-a-dia, Munique.

Se eu mandasse… O que abolia das escolas? Rankings. O sistema de avaliação assenta em rankings e os meus princípios vão contra isso, porque as escolas trabalham em função dos critérios desses rankings. Quem expulsava do país? Ninguém. Nem deste nem de nenhum. Em poucas palavras: Religião: Católica Política: Liberdade Facebook: Vida Privada Pior defeito de Portugal: Acreditar no Fado Melhor qualidade de Portugal: Os Portugueses Escolha múltipla: Manha, tarde ou noite? Manhã Silencio ou barulho? Silêncio Praia ou campo? Praia Cães ou gatos? Cães TV ou um bom livro? Um bom livro


AIESEC N.º 05 | MAIO | 2011

AIESEC A AIESEC na Universidade Portucalense vem pelo presente informar a sua deslocalização para a Uni‑ versidade Católica, Centro Regional do Porto – Pólo Foz a se operacionalizar no dia 4 de Abril assumindo também o nome da Universidade: AIESEC na Universi‑ dade Católica Portuguesa, Centro Regional do Porto. A AIESEC é a maior organização mundial gerida exclu‑ sivamente por estudantes, possuindo uma network internacional localizada em 107 países e territórios e com 50.000 membros de 1.600 universidades. Contamos com uma network de mais de 1.000.000 Alumni (antigos membros) e estabelecemos parcerias a nível mundial com mais de 4.000 organizações.

A AIESEC assume-se como a plataforma internacional que permite aos jovens descobrirem e desenvolverem o seu potencial proporcionando 10.000 oportunidades de liderança anuais aos seus membros, bem como a oportunidade de estarem presentes numa das 470 conferências internacionais organizadas todos os anos. A AIESEC desenvolve ainda um Programa de Estágios Internacionais através do qual efectua 10.000 intercâmbios anuais, estabelecendo assim um con‑ tacto privilegiado entre Universidades e Empresas. A AIESEC em Portugal conta com 10 escritórios espalha‑ dos de Norte a Sul de Portugal e com a expansão para a Universidade do Minho a ocorrer durante este ano lectivo.

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