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12/11/2007 - 09h34

Pirataria

Cópia ilegal pode contribuir para o fim do CD

Manuela Martinez*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Divulgação

A banda Olodum já anunciou próximos lançamentos apenas em formato digital

O conjunto inglês Radiohead entrou para a história ao ser a primeira grande banda a lançar o seu novo álbum somente em formato digital. No Brasil, o Olodum, um dos mais conhecidos representantes da música africana no país, também anunciou que os lançamentos de suas próximas coletâneas serão somente nesse formato. Esses dois fatos indicam que a era do CD musical - lançado há apenas 25 anos - talvez esteja chegando ao fim.

Segundo a ABDP (Associação Brasileira dos Produtores de Discos), dois fatores contribuem para a eliminação do CD no mercado nacional de música: a pirataria física, que representa mais de 40% do mercado de discos no Brasil, e a oferta de música gratuita pela internet, que registrou, em 2006, mais de 1 bilhão de arquivos baixados de forma ilegal.

Há alguns anos, o conteúdo de um disco de vinil só era copiado para fita cassete com uma grande perda de qualidade. Hoje, um CD de música pode ser copiado em segundos e rapidamente seu conteúdo distribuído para todo o mundo através da internet.

De acordo com a Federação Internacional da Indústria Fonográfica, um em cada três discos musicais vendidos no mundo é pirata. Esse mercado ilegal de música alcançou um faturamento anual de US$ 4,6 bilhões em 2006.

Além disso, a venda de CDs e DVDs piratas tem aumentado continuamente. Em 2005, foram apreendidos 2 milhões desses produtos no Brasil. Já em 2006 este número teve um aumento de mais de 100%, com mais de 5,4 milhões de unidades apreendidas.

Redução do disco de ouro

Um dos reflexos dessa mudança pode ser verificado pela redução do número de cópias vendidas para obtenção dos discos de ouro, platina e diamante. Para um artista ganhar um disco de ouro, antigamente, eram necessárias 100 mil cópias vendidas.

Hoje, um disco recebe o certificado com a metade desta quantidade. Já um disco de diamante, que antigamente representava a marca de 1 milhão de cópias, também foi reduzido à metade: ao atingir 500 mil cópias comercializadas, o artista recebe a premiação.

A revolução tecnológica trouxe também alterações no sistema de direitos autorais. Até que ponto copiar uma música de um CD para um MP3 Player pode se transformar num crime? Hoje, devido a quase impossibilidade de coibir a rápida difusão de músicas pela internet, já se discute a flexibilização do conceito de direito autoral.

Pensando nisso, um professor da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, idealizou uma nova forma de controlar a difusão de conteúdo gratuito na rede mundial, o chamado Creative Commons (CC). Por meio desta licença, o criador autoriza o acesso livre à sua obra, permitindo a cópia privada sem fins lucrativos.

Creative Commons

Ao autor ficam reservados apenas alguns direitos, como a exclusividade do uso para fins comerciais. O compositor Gilberto Gil já disponibilizou na Internet o conteúdo do CD 'O Sol de Oslo', lançado em 1998, através deste formato.

O licenciamento do Creative Commons parte do pressuposto de que o valor de mercado da obra é determinado pela sua disseminação entre o público: quanto mais pessoas copiam a música, maior é seu valor de mercado. Recebido com inúmeras críticas no seu lançamento, o CC já possui mais de 140 milhões de obras licenciadas.

Enquanto as grandes gravadoras e produtores se vêem às voltas com o mercado pirata, artistas independentes e que estão se lançando no mercado têm na pirataria a melhor forma de divulgar o seu trabalho.

A banda Calypso, que se tornou um dos grandes destaques da música brasileira, lançou os seus primeiros CDs de forma independente e teve a sua música divulgada em todo o Brasil graças ao mercado pirata, responsável por levar o grupo a diversas cidades do interior do Norte e Nordeste com grande sucesso, até despertar o interesse da grande mídia. Já outras bandas e cantores iniciantes fazem sua divulgação apenas por sites de vídeo e de relacionamento, o que era impensável antes dessa revolução tecnológica.
* Manuela Martinez é jornalista e publicitária.
Os textos publicados antes de 1º de janeiro de 2009 não seguem o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. A grafia vigente até então e a da reforma ortográfica serão aceitas até 2012

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