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10/02/2005 - 10h20

Pará: Alter do Chão tem gosto de paraíso perdido

ANDRESSA ROVANI
Enviada especial ao Pará

Todo mês de agosto os rios paraenses obedecem a um fenômeno da natureza: a vazante, período de menor volume de água. É ela a responsável pelo aparecimento de mais de 200 praias fluviais que brotam na região amazônica nessa época, revelando grandes extensões de areia branca e macia, bem como desvelando uma rica vegetação.

Uma das praias, porém, é tida como a mais bela: a de Alter do Chão. Apelidada pelos nativos de "Caribe brasileiro", ela dá ao turista o gostinho de ter encontrado o paraíso perdido.

Magnificamente localizada na margem esquerda do rio Tapajós, a cerca de 32 km de Santarém, durante o ano inteiro, Alter do Chão é uma vila de pescadores com pouco mais de 6.000 habitantes. Mas, na época de seca, ela ganha todas as atenções. O nível da água chega a baixar dez metros, o que proporciona o surgimento de cerca de 100 km de praias. As condições são convidativas: chove pouco, a temperatura média é de 25C, e a umidade, 88%.

Com 249 anos, Alter do Chão, como boa parte das vilas e cidades paraenses, carrega no nome a influência portuguesa. O vilarejo conheceu dias prósperos, quando foi entreposto de abastecimento de lenha das embarcações que faziam a viagem Belém-Manaus, e no pós-guerra, com o desenvolvimento trazido pela exploração da borracha por Henry Ford. Quando a indústria fordista passou a comprar borracha asiática, na década de 70, a região estagnou. Agora, tenta retomar o crescimento incentivando o turismo.

Longe dos períodos de pico --setembro e Réveillon--, em que o tranqüilo vilarejo chega a receber dez vezes o número de moradores, é possível encontrar praias totalmente desertas ou andar quilômetros sem ser visto. Em setembro, dá para chegar a Alter de Chão a partir de Santarém pela praia, de jipe ou de moto.

Mas a autonomia de locomoção do turista depende do nível do rio. Em janeiro, por exemplo, a maioria das ilhas --ainda aparentes-- só é acessível de lancha, principal meio de transporte da região. Justamente por saberem disso, e por sobreviverem disso, os nativos cobram o salgado preço de R$ 70 --varia conforme a pechincha e o serviço em geral é feito por agências receptivas-- para que o turista visite as praias do entorno durante a manhã.

Nas ruas também encontram-se estrangeiros ou migrantes, que abandonaram a terra natal depois de se encantar pela vila, confirmando o poder apaixonante de suas águas e praias.

Luau

Da cabeceira do Macaco, no lago Verde, é possível parar a lancha e percorrer uma trilha de 1h20min até outra praia, a Ponta de Pedra.

É na Ponta de Pedra que acontece um evento típico das praias amazônicas: a piracaia. Se o turista estiver acompanhado, tanto melhor. Os moradores preparam peixe assado na brasa (em geral, curimatá ou tucunaré) e frutas, enquanto meninas dançam em volta da fogueira ao som de música local. É um típico luau amazônico. Nessa praia, pode-se procurar pela barraca do Expedito, que prepara a festa no mesmo dia e cobra por pessoa.

Para quando a preguiça bater, ao contrário da maioria das cidades litorâneas, a praia do centro do vilarejo é convidativa pela qualidade da areia, pela infra-estrutura oferecida, pelo público sempre interessante e pelo nome: ilha do Amor.

A maior praia --que no verão chega a invadir 1 km rio adentro-- é um dos melhores pontos para aproveitar o pôr-do-sol amazônico.

Cururu

Já na ponta do Cururu fica outra atração de Alter do Chão: espiar os botos. Tanto o cor-de-rosa quanto o tucuxi (cinza) visitam os barcos que desligam seus motores em torno da praia no entardecer.

A cidade não oferece muitos atrativos noturnos. Como todo vilarejo que se preze, a praça central costuma reunir os notívagos em torno de poucos quiosques.

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