O QUE É ARQUITETURA
Definir o que seja Arquitetura, tal como ela significa na atualidade, é como
tentar fazê-lo para as demais artes, técnicas
ou ciências, pois, em um mundo complexo e sujeito
a mudanças tão aceleradas,
a dinâmica da vida torna indispensável
um constante reexame do pensamento teórico e prático.
Entretanto, há um notável consenso
sobre a definição dada a seguir, conforme
foi sugerida já em 1940 pelo Arquiteto
e Urbanista Lúcio Costa (1902-1998):
"Arquitetura é antes de mais nada construção,
mas, construção concebida com o propósito
primordial de ordenar e organizar o espaço
para determinada finalidade e visando a determinada intenção.
E nesse processo fundamental de ordenar e expressar-se ela se revela
igualmente arte plástica, porquanto nos inumeráveis problemas
com que se defronta o arquiteto desde a germinação do projeto até a
conclusão efetiva da obra, há sempre, para cada caso específico, certa margem
final de opção entre os limites - máximo e mínimo - determinados pelo
cálculo, preconizados pela técnica, condicionados pelo meio, reclamados pela função
ou impostos pelo programa, - cabendo então ao sentimento individual
do arquiteto, no que ele tem de artista, portanto, escolher na escala
dos valores contidos entre dois valores extremos, a forma plástica apropriada a cada pormenor em função da unidade última da obra idealizada."
"A intenção plástica que semelhante
escolha subentende é precisamente o que distingue a arquitetura da simples construção."
"Por outro lado, a arquitetura depende ainda, necessariamente,
da época da sua ocorrência, do meio físico
e social a que pertence, da técnica decorrente
dos materiais empregados e, finalmente, dos objetivos e dos recursos
financeiros disponíveis para a realização
da obra, ou seja, do programa proposto."
"Pode-se então definir arquitetura como construção
concebida com a intenção de ordenar
e organizar plasticamente o espaço,
em função de uma determinada época,
de um determinado meio, de uma determinada técnica e de um determinado programa."
COSTA, Lúcio (1902-1998). Considerações
sobre arte contemporânea (1940). In: Lúcio Costa, Registro de uma vivência. São
Paulo: Empresa das Artes, 1995. 608p.il.
|