Você, cristão. Olha à sua volta, repara na atitude das pessoas (inclusive as suas), vê ao redor o que as pessoas tem escolhido para seguir. O que isto lhe causa?
Graças às redes sociais, a exposição daquilo que pensamos chegou ao patamar máximo. E é aí que vem meu desespero. Eu cresci vendo o mundo de 1987 se tornar gradativamente no mundo de 2014. Não que eu esteja me iludindo que "no meu tempo tudo era melhor", como velhinhos gostam de apregoar, mas agonizo em desespero quando olho à minha volta e vejo como a mentalidade das pessoas está cada vez mais distorcida, que o acesso e democratização da informação, que é uma coisa ótima, trouxe consequências desastrosas, e principalmente que a igreja, tentando ser moderna, está afogada num "hedonismo cristão", na busca do "prazer de viver que Deus nos dá". O grandioso, que enche nossos olhos; a alegria, o êxtase, o bem-estar, são "coisas de Deus". Enquanto nos ludibriamos com o superficial, o viver para Deus original se tornou careta demais. A juventude quer ir em shows gospel superproduzidos em que letras repetitivas os emocionem e criem uma catarse que passou a ser chamada "presença de Deus", mas que não produz frutos genuínos de arrependimento. E porquê produziriam, se ser "evangélico" é buscar a "alegria de Deus" para minha vida?!. E se algo me faz "feliz", só pode ser de Deus! Ele "me aceita como sou", Ele me perdoa instantaneamente, me lava sempre que eu peço por isso como um filho birrento quando o "busco". Esta visão deturpada tem proliferado o esterótipo do "crente", do indivíduo que tem uma rotina religiosa mas cujas atitudes não se diferenciam de qualquer pessoa. E o nome de Jesus, um produto que vendemos como um consolo, uma razão de viver que não se diferencia de qualquer razão que alguém possa escolher, vai se tornando cada vez mais banal...
Este desespero que tudo isso produz me desanima. Tem me desanimado há muito tempo mas chegou em um ponto crítico, a ponto de fazer me sentir mal dentro de uma igreja, de sentir uma ponta de falsidade em qualquer manifestação "evangélica".
Mas Deus, que está muito acima de tudo isso, e que com seu grande amor por mim não me desampara afogado em minhas dúvidas, em meus tropeços ao olhar para o homem e não para Ele, esse Jesus verdadeiro que há muito nos alerta que "Dias virão em que desejareis ver um dos dias do Filho do homem, e não o vereis.
Mas primeiro convém que ele padeça muito, e seja reprovado por esta geração.
E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem.
Comiam, bebiam, casavam, e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio, e os consumiu a todos.
Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: Comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam;
Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os consumiu a todos.
Assim será no dia em que o Filho do homem se há de manifestar." Lucas 17:22-30
Já é tão comum para nós ouvirmos em pregações e textos sobre a mulher de Ló, que é relembrada nesta passagem. Muitos a vêem como uma tola, sem juízo que simplesmente cedeu a tentação de algo tão banal, ela só não devia olhar para trás. Mas subestimamos esta atitude dela. É perigoso olharmos a situação quando devemos focar-nos em prosseguir, seguir a voz de Deus e confiar nela. Estamos vivendo em dias obscuros, o Brasil não é "do Senhor", infelizmente; o mundo e todo o seu poder jaz no maligno, e as coisas devem piorar. Que sejamos, eu e você, a resistência a tudo isso. Que assim como Deus escolheu a Ló e sua família a fugir da destruição iminente, que possamos seguir sem olhar para trás e simplesmente confiar. E jamais se conformar com este mundo, mas entender que o mundo está em franca destruição e se aceitarmos a vontade de Deus, seremos a diferença, a luz na escuridão. E esta luz pode iluminar outros que quiserem abrir seus olhos!
Lembrai-vos da mulher de Ló. Lucas 17:32