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Entrevista

Jair Tércio prevê iniciar um maçom a cada 1 mil baianos - 10/06/2013

Por Evilásio Júnior / José Marques

Jair Tércio prevê iniciar um maçom a cada 1 mil baianos - 10/06/2013

Grão-mestre da Grande Loja Maçônica do Estado da Bahia (Gleb), Jair Tércio começou o mandato em 2012 e ficará à frente do comando estadual da Maçonaria até, pelo menos, 2015. A associação fraternal, que enfrenta divergências das igrejas católica e protestante por conta dos mistérios, tem parte de seus preceitos abertos em entrevista ao Bahia Notícias, como as determinações de busca "pela verdade” e do “deus interior”, assim como a atuação histórica ao longo dos séculos. “Nada, absolutamente nada, nesse planeta foi feito sem a égide maçônica. Todo e qualquer movimento teve um maçom encabeçando o trabalho”, apontou. Tércio pretende, em breve, iniciar ao menos um em cada mil habitantes do estado na instituição. “É um trabalho hercúleo. Mas o maçom gosta disso, porque o maçom é sensível, e o que é difícil é feito para os sensíveis”, manifestou-se. O grão-mestre opinou também sobre polêmicas da atualidade, como o projeto da “cura gay” do deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), que classificou como advindo de pessoas de “pouca inteligência”. “Não existe, na Maçonaria, preconceito”, considerou. Segundo ele, a fraternidade já havia produzido estudos sobre a Aids antes de a enfermidade assolar o planeta. “Teve que aparecer a Aids para tomar conta do sexo desbravado. Hoje estamos com o crack tomando conta da humanidade. Sugerimos que também deva aparecer outra doença para tomar conta disso, porque nós não temos mais tempo para resolver”, previu.


Fotos: Tiago Melo / Bahia Notícias


Bahia Notícias – O que é a Maçonaria? Uma religião, uma sociedade secreta? Como o senhor a define?
 
Jair Tércio – A Maçonaria é uma associação fraternal construída por homens livres de bons costumes que primam pelo virtuosismo e que vivem em fraternal relação com base nos princípios da igualdade, liberdade e fraternidade.
 
BN – Mas há algum tipo de culto religioso ou vínculo com um criador?
 
JT – Não. Somos uma sociedade fraternal, mas a Maçonaria pode ser considerada como a sociedade mais bem preparada para que possa realizar um desígnio da criação, que é a de tornar o homem cada vez mais religioso. Não a uma religião, mas a um processo de religiosidade.
 
BN – A chamada “Maçonaria Especulativa” surgiu em 1666, na Inglaterra, em meio à reforma protestante. O protestantismo não aceita os maçons, o catolicismo também – o Vaticano dá pena de excomungação do Vaticano ao maçom. Como o homem poderia ser religioso, já que as principais crenças se opõem à Maçonaria?
 
JT – Existe uma ideia divina que reside no homem. O homem tem uma dimensão sagrada e as religiões predispõem-se a ligar o homem a Deus. Mas nós aprendemos com a ciência, por exemplo, que no universo não existe isolamento. Por conseguinte, o processo da humanidade não está afeito a religar-se a Deus, está em iluminar-se para entender que já está ligado. A Maçonaria faz isso e, por ela fazer isso, as religiões que têm por finalidade ligar o homem a Deus se sentem assoladas em relação a este assunto. Mas a Maçonaria é muito clara: o fato de ela juntar homens livres de bons costumes dá às religiões um desconforto. Porque as religiões, até que se prove o contrário, não querem que as criaturas sejam assim. Elas dizem que querem religar o homem a Deus, mas têm desligado os homens dos seus irmãos. Veja que os protestantes não querem falar com os católicos, os católicos não querem falar com os espíritas, os espíritas não querem falar com os candomblecistas, os candomblecistas não querem falar com os evangélicos ou qualquer coisa que o valha... Nós estamos nos separando ao invés de nos ligar. A Maçonaria apareceu oficialmente em 1714. A proposta dela é ajudar o ser humano a construir instrumentos que o ajudem a entender a realidade na qual eles estão inseridos. E a religião, até que se prove o contrário, não tem feito isso exatamente. Toda a proposta da Maçonaria é para que o homem entenda que dentro dele existe uma dimensão que é sagrada e nós fomos iniciados nesta cerda, de encontrar esse sagrado que reside em nós mesmos, sob pena de nós ficarmos apenas tendo Deus como se fosse uma tábua de salvação e a religião também como isso. É pouco para a Maçonaria.

BN – Existem católicos e protestantes maçons?

JT – Afirmativo. Na verdade, o movimento maçônico advém de quando qualquer planeta atinge a capacidade de sustentar a vida orgânica. Necessariamente, ele atrai seres inteligentes, que vêm para esse planeta para que seja dada a insígnia e a honra às criaturas que estão residindo nesse lugar, para melhorarem sua condição mental e de inteligência. Quando o povo de um planeta está pronto, a Maçonaria manifesta-se oficialmente e ajuda que esse povo construa instrumentos para entender a realidade local. Na medida em que esse povo vai entendendo a realidade, vai melhorando o planeta. A humanidade sobre um planeta tem a possibilidade de ajudar o planeta a descondensar-se de matéria e energia. Até porque o universo não tem preferência por matéria. Tem preferência por energia descondensada.
 

BN – Mas como uma pessoa religiosa pode aliar o conhecimento da religião com a Maçonaria? Um católico, por exemplo, pode ser excomungado.

JT – A Maçonaria é uma sociedade evolucionista. Ela prega um processo evolutivo. Nós não somos criacionistas. E está claro para todos nós que nenhum ser humano vai deixar de um dia estar livre. Todos serão libertos por nós mesmos. Até porque o autoconhecimento nos dá essa clareza. Ora, toda problemática reside no fato de que nós vamos produzir um movimento que faz com que a criatura humana saiba libertar-se. Jesus, há 2 mil anos, disse que se soubéssemos conhecer a verdade, então nos libertaríamos. O que tem acontecido é que as criaturas estão pensando que a verdade é algo que elas possam medir e os maçons querem ensinar-nos ao ponto de ir até o desmedido, para entender o inesperado e o desconhecido de forma cabal. A problemática reside no fato de que aprendemos tudo decorando fórmulas, datas etc. Nós sermos criaturas fadadas à libertação e não podemos fazê-la a não ser através da evolução. O objeto da evolução é a libertação. Como fazer isso? Só reconhecer a verdade. Então, qual a religião do maçom? O maçom não tem religião. Quando ele é pretenso maçom, ele passa por um processo iniciático no qual ele vai saber que daqui por diante a religião dele é a verdade. Então, qual o processo de libertação? Reconhecer a verdade. A liberdade não pode ser só pensada, como tem acontecido. Se a humanidade ainda insiste em só conhecer a verdade através do pensamento, ela está perdendo uma grande oportunidade. A Maçonaria vem para dizer: “esqueçamos esse modus operandi de até então. A coisa tem que ser totalmente diferente”. Porque você não pode ser livre antes de experimentar a liberdade. Parece filosofia – e a Maçonaria também é um pouco de filosofia –, mas deve ficar claro de que só a verdade liberta. E esta é a religião do maçom. O maçom tem por finalidade descobrir a verdade a partir de si próprio sob pena de ele ser um mero profano, sem saber o que é o sagrado.

BN – E a verdade está em outro planeta? Os maçons acreditam em vida fora da Terra, isso está claro, mas há evidências de locais precisos onde isso acontece?

JT – A verdade não está fora. Está dentro da gente. Tem que ficar claro para o ser humano que, como na semente existe uma árvore, no ser humano há o projeto de um deus. Tem que ser entendido isso rápido. Assim como você tem que fazer com que uma semente seja plantada e favorecida para que possa germinar, o ser humano também precisa de um ambiente propício em que ele seja plantado, em que ele seja gerenciado, até que ele possa produzir o maior projeto dele, que é ele próprio como deus maior que o é. O próprio Jesus já dizia isso: “os milagres que eu faço não sou eu que os faz, mas sim o Deus que habita em mim” e “o que eu faço vós podeis fazer muito mais, porque sois Deus”.

BN – Sim, mas tem vida em outro planeta e onde é?

JT – Não precisa ser precisado isso. O maçom tem que estar aberto a qualquer expressão da verdade como ela seja. Não importa que seja pífia ou que seja o máximo dela. A verdade está dentro do próprio homem, do próprio gênero humano. E esse gênero humano, até que se prove o contrário, vai habitar em qualquer planeta que possa sustentar vida orgânica. Se você perguntar especificamente sobre a minha pessoa, e isso é uma coisa bem pessoal, eu diria que nós temos criaturas do gênero humano até possivelmente Júpiter. Eu diria isso. Mas é uma coisa bem particular, a Maçonaria não prova isso. É estudo próprio e aprofundamento pessoal.
 

BN – O senhor disse que, conforme o ser humano evolua, é uma tendência que ele abandone as religiões?

JT – Não sei se ele vai abandonar, o ser humano não precisa abandonar religião nenhuma...

BN – Mas ele teria que deixar as crenças da religião dele, isso não é abandonar?

JT – Não, não precisa. Ele vai saber, na própria religião dele, aprofundar o pensamento e encontrar as verdades absolutas que lá possam existir sem que ele precise abandonar a religião. Agora ele pode demonstrar-se uma criatura não mais escrava de religião alguma.

BN – Mas para fazer parte de uma religião você precisa se submeter a certos dogmas, não?

JT – Nem tanto, porque eu não sou hoje um religioso de religião, sou um religioso de espiritualidade. Entendo que tenho um espírito e quando falo de espiritualidade falo de atividade do espírito. E é essa atividade que estou buscando. É essa atividade que o maçom busca. É essa parte sagrada, sacra dele, que o maçom deve buscar. Sob pena de ele viver uma vida em vão ou uma vida pouco vivida. Porque viver sem buscar Deus no interior é uma vida pouco vivida.

BN – A história diz que a Maçonaria esteve presente em vários movimentos políticos, inclusive de revoluções. Abraham Lincoln, D. Pedro e Voltaire eram maçons. A Maçonaria não se afasta desse pensamento a partir do momento em que ela age em movimentos políticos ou uma coisa está concatenada com a outra e de que forma?

JT – Dizer que o ser humano precisa se afastar de algo não faz sentido. Eu posso dizer a vocês que, por exemplo, o amor e o ódio são a mesma coisa. Só que o ódio é amor em estado relativo, mas na medida em que ele evolui se torna amor. Eu posso dizer aqui que, quem for casado aqui, já disse à senhora esposa de vocês que vocês a amam e não vivem sem ela. Mas é possível que vocês digam que se ela lhe trair vocês matam ela. Não houve um ser humano que disse que amava alguém e não se chateou em algum momento. Isso mostra que existem duas partes a serem consideradas. A mesma coisa é o intelecto e a inteligência, que são coisas idênticas, mas diametralmente opostas. Você usa o intelecto pra construir essa mesa, esse prédio, mas vai usar a inteligência para construir virtudes. O maçom vai elaborar instrumentos para entender essas realidades, porque tudo está na natureza, mas a natureza não tem linguagem, senão de símbolo, de sinais. Ela não diz algo a você, como eu estou falando. Você tem que decodificar. Sim, onde está a beleza no que se refere ao processo de político e de politicagem, de sociedade e de individualidade? Não há nada separado. O indivíduo e a sociedade são uma coisa só. Não existe separação. O maçom tem por finalidade fazer com que o indivíduo e a sociedade sejam uma coisa só, porque ele sabe que o caos exterior é produto do caos dele, interior. O ser humano é um ser político, um ser social, e tem que mostrar-se em qualquer ambiente que ele esteja. Eu faço política dentro da Maçonaria, dentro da minha casa e comigo próprio. O homem não pode perder a sua identidade divina. E por que eu digo que as religiões podem complicar um pouco esse assunto? Porque ela com seus dogmas evita que o obreiro, ou melhor, o ser humano, se aprofunde em si mesmo e ele busque Deus no exterior. E é esse o problema nosso. Buscamos sempre fora. Por isso que o crack tomou conta da humanidade. Porque estamos educados para procurar fora, e não dentro. E, por isso, estamos esquecendo que somos Deus em estado relativo. E isso está complicando, porque nós sempre estamos dependendo de um Deus particular, externo, que venha nos ajudar. Deus não é particular, é geral, a inteligência não é particular, é geral. Se você não entender isso, vai carecer de muito sofrimento, porque o sofrimento leva à dor e a dor leva à reflexão. A reflexão fará com que nós saibamos distinguir o verdadeiro caminho que nós devemos seguir.
 

BN – Desde o século 19 a gente não tem o registro efetivo de participação da Maçonaria em movimentos políticos decisivos. O maçom está mais satisfeito com o mundo hoje ou acha que não há mais necessidade de participar de revoluções?

JT – A sociedade maçônica não é mais secreta como já foi no passado. É uma sociedade discreta. Mas nada, absolutamente nada, nesse planeta foi feito sem a égide maçônica. Todo e qualquer movimento teve um maçom encabeçando o trabalho. Hoje nós estamos um tanto quanto arrefecidos, mas posso dizer-lhes de cátedra: a Maçonaria está por trás de todo e qualquer movimento sócio-financeiro, sócio-econômico, sócio-político etc. para ajudar a humanidade. Até porque é papel dela tomar conta da humanidade na qual está inserida. Hoje eu posso garantir de que o que está acontecendo é que não estamos sendo ouvidos, mas nós bradamos o tempo inteiro. As presidentes e o presidentes sabem da nossa determinação. Nós nos reunimos em sessões específicas para fazer elaborações de projetos e encaminhamos para o governo, mas o governo nem sempre ouve. O que está acontecendo hoje é que está havendo um descaminhamento da criatura humana e, por conseguinte, os governos políticos estão arrefecidos demais do projeto do que eles devem fazer.

BN – No começo do ano, houve a eleição do grão-mestre do Grande Oriente do Brasil. Uma discussão muito levantada foi que a Maçonaria nunca teve tantos membros, mas ao mesmo tempo nunca foi tão pouco influente. O senhor concorda com isso? Como a Maçonaria pode reverter a situação?
 
JT – Não é uma verdade absoluta isso. A Maçonaria tem atuado muito fortemente, mas ela tem feito isso em uma discrição maior do que dantes em se tratando das resistências que têm acontecido hoje. Nós estamos com mil problemas sociais e perdemos um pouco nossos caminhos. A Maçonaria tem dado sua colaboração para que haja reflexões plausíveis. Nós tivemos, por exemplo, na década de 80 a Aids tomando conta da humanidade. E nós maçons elaboramos mil projetos para ajudar os governos a entenderem o que é a Aids e tomarem conta do assunto. Mas a gente não logrou tanto êxito assim. Teve que aparecer a Aids para tomar conta do sexo desbravado. Hoje estamos com o crack tomando conta da humanidade. Sugerimos que também deve aparecer outra doença para tomar conta disso, porque nós não temos mais tempo para resolver. Estamos vendo agora os tsunamis tomar conta de todo o planeta, limpando, lavando tudo, porque os governos não têm nos ouvido suficientemente. Nós estamos começando, no século 21, a realizar modus operandi mais específicos para fazer uma atuação mais evidente. Contudo, o que está acontecendo conosco é que as nossas reflexões que estavam sendo feitas nos templos para levar aos governos não logrou tanto êxito, e o governo não está ouvindo suficientemente. Então, agora estamos saindo de nossos tempos e indo para os governos. Isso é questão de tempo. E toda mudança exige tempo. Já começamos a fazer o que nós precisamos. No caso da Bahia, o estado vai ver o nosso modus operandi de forma específica. É o século 21 e estamos começando.
 
BN – Qual a relação entre o Grande Oriente do Brasil com as Grandes Lojas Maçônicas?
 
JT – A Maçonaria nasceu na Escócia e na Inglaterra. Mas como em qualquer grupo social, não raro as criaturas, quando entendem melhor um processo, empreendem e melhoram os movimentos. Isso foi feito pela Grande Loja. Criaturas do Grande Oriente do Brasil realizaram um desejo mundial: construir as Grandes Lojas. Existem hoje no Brasil dois movimentos fortes: o do Grande Oriente, que é a origem de tudo, e nós, Grandes Lojas de todos os estados brasileiros. Cada uma delas anda de mãos dadas com o Grande Oriente, sabendo que todas elas nasceram dele. Algumas tratam isso como dissidência, eu apenas trato como movimento muito sine qua non em termos de verdade. Não existe a possibilidade de um grupo manter-se com muito cacique e poucos índios. Tem que haver a ampliação dos horizontes para que possa se alcançar os objetivos com mais brevidades. Nós, das Grandes Lojas, somos ligados também aos Estados Unidos, porque lá o movimento de grandes lojas foi muito forte, em termos de Maçonaria.
 

 
BN – Há um dado que diz que hoje existem hoje há mais ou menos 150 mil maçons pelo Brasil em 4,7 mil lojas. Não é fraco isso? Dá 31,91 membros por loja.
 
JT – Sem dúvida. Nós hoje empreendemos os esforços para que possamos sinergizar o planeta para que tenhamos um maçom para cada mil habitantes. E a Maçonaria baiana começou esse movimento, a partir do ano passado. A ONU dizia que a América Latina precisava ter um policial para cada mil habitantes até 2004. De 2004 para cá, a ONU já diz que precisamos ter um policial para cada 250 habitantes. Sabe o que isso significa? Que nós, politicamente falando, não cumprimos com o nosso dever. Por conseguinte, ao invés de diminuirmos os nossos problemas, pelo contrário, eles ampliaram suas forças. Na Bahia, como um todo, Grande Oriente e Grandes Lojas, nós temos 30 mil maçons. Só em Salvador temos quase 3 milhões de habitantes. Precisávamos ter 30 mil maçons só em Salvador. Não tem nem um terço disso. Então, eu não sinergizo o suficiente. Não dou essênio suficiente para que eu possa marcar terreno e mostrar uma égide, um arquétipo diferente para a sociedade. Isso quer dizer que nós precisamos obrar muito mais brevemente o nosso trabalho. O negócio é que, com a criação dessas religiões todas, no que se refere ao avanço dos evangélicos, por exemplo, nós estamos vendo que o nosso povo está sofrido. Porque, até que se prove o contrário, as religiões ajudam esse povo de forma que eles pudessem refletir e raciocinar melhor. Por conseguinte, hoje nós estamos não com igrejas, mas com hospitais. Gente doente e querendo cura, não buscar a Deus. Estamos com um problema seriíssimo em relação a isso. Hoje, nós estamos empreendendo forte.
 
BN – O senhor disse que os governos não estavam ouvindo a Maçonaria, mas que ela poderia agora implementar alguma coisa. Eu posso entender isso como “o governo do PT é contra a Maçonaria e os maçons ajudaram ACM Neto”?
 
JT – Não, eu não diria que eles são contra a Maçonaria... Eu diria que existe, por parte das religiões, uma resistência sistemática contra a Maçonaria. Porque a Maçonaria agrega, junta, une todos os seres humanos livres de bons costumes que creiam em Deus dentro de seus templos. Nós temos um processo iniciático no qual entendemos que libertamos qualquer ser humano que queira adequar-se aos nossos trabalhos iniciáticos. Libertamos de qualquer dogma, de qualquer seita, que prive hoje sua liberdade de consciência. Mas os políticos não são contra a Maçonaria, pelo contrário. Agora mesmo nós temos com o governo do Estado um projeto social no qual estamos de mãos dadas, trabalhando juntos. Agora, é óbvio que quando eu disse que não estávamos sendo ouvidos é porque nós pensamos muito mais. Não pensamos só na sociedade, como está organizada hoje, em termos de problemas como o crack, o sexo desbravado e a gravidez indesejada. Nós pensamos muito mais, em termos de sistema inclusive, porque nós pensamos que todo sistema um dia tem que ser modificado, mas depende da nossa inteligência.
 
BN – ACM era maçom e ACM Neto é maçom?
 
JT – Eu não tenho essa informação precisa. Agora às vezes a pessoa tem arquétipo de maçom, mas não é iniciado. Então se você me perguntar se Antônio Carlos Magalhães foi maçom, eu digo que sim. Talvez não tenha tido a iniciação que eu tivera, mas eu tenho certeza de que ele foi maçom, porque a ação que ele fizera aqui na Bahia, ele foi um grande gestor. E acho que a maioria das pessoas deve sentir saudade.
 
BN – Aqui no estado da Bahia, quais os membros da Grande Loja que estão no Executivo e Legislativo?
 
JT – Nós temos hoje o deputado estadual Deraldo Damasceno (PSL). É um obreirozinho determinado, é um obreirozinho que tem ajudado muito esse grão-mestre. Tem ajudado muito a Maçonaria baiana. Não tenho outro nome, me foge à memória. Mas a Maçonaria não tem por finalidade construir políticos. Ela deve fazer e faz política sem ser política. O papel dela é tomar a frente da humanidade, a partir do aperfeiçoamento dos costumes, da tolerância, da igualdade e do respeito à autoridade e também à crença de cada um.
 
BN – O senhor está no primeiro mandato de grão-mestre e pode se reeleger para mais três anos a partir de 2015. O que pretende fazer à frente da Grande Loja da Bahia?
 
JT – Nós temos um projeto chamado “Iniciar”, que tem o bojo do fato de que queremos iniciar 1% da população baiana em nossos templos. Temos um projeto chamado Núcleo Maçônico de Cidadania, no qual as lojas vão discutir acerca da realidade local, principalmente no sistema de educação, infraestrutura e saúde, para que possamos, nas lojas, detectarmos nos municípios baianos qual a realidade local, qual a realidade ideal e possamos propor ao governo investir. A partir de 15 mil habitantes de cada município ou localidade queremos abrir uma loja maçônica. Temos um projeto ainda que é o “Internacionalizar” para que nós possamos fazer com que a Bahia seja bem relacionada com o mundo como um todo, para que nossa experiência em termos de Maçonaria possa ser expandida para o mundo como um todo. Em suma, temos 12 projetos específicos, lembrando os 12 trabalhos de Hércules, que são trabalhos hercúleos cujos fins são muito difíceis de serem resolvidos. Mas o maçom gosta disso, porque o maçom é sensível, e o que é difícil é para os sensíveis.
 

 
BN – Há uma interseção entre o trabalho das Grandes Lojas e do Grande Oriente?
 
JT – Afirmativo. Trabalhamos de mãos dadas como filhos que somos do Grande Oriente e andamos de mãos dadas.
 
BN – Qual o entendimento da Maçonaria em relação ao casamento gay e à polêmica em relação ao deputado Marco Feliciano (PSC-SP) que defende a “cura gay”?
 
JT – A Maçonaria não tem preconceito algum. Ela entende todo ser humano como filho da criação e como projeto da divindade. Como já disse, dentro de todo ser humano existe um deus e a Maçonaria prega trabalhar para que o ser humano possa despertar esse deus interior. Nada mais do que isso. Essas outras coisas só são polemizadas por aquelas criaturas que por terem pouca inteligência ficam com seus egos elaborando esses processos que só fazem nos separarmos. Não existe na Maçonaria preconceito. Tratamos das coisas como gênero humano e, como tal, queremos dizer que esse gênero humano é um deus que temos o dever de despertá-lo em toda a sua expressão. Não importa se como gay, como lésbica ou qualquer coisa. O que importa é que esse deus tem que sair de dentro.
 
BN – Para finalizar, muita gente tem impressão de que a Maçonaria é satanismo, por causa do símbolo do bode. O que é o bode afinal?
 
JT – Olha, o maçom não é um bode, como se tem imaginado. O maçom é uma ovelha, um cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Isso é o que a Maçonaria é. É verdade que houve diversas lendas e parlendas que diziam que quando nos reuníamos, como havia muita resistência contra nós, amarrávamos um bode em frente a um poste da casa em que nos reuníamos para  refletirmos sobre a política local, sobre a realidade, como poderíamos colaborar para melhorar etc. Deu-se esse símbolo. Tem outras mil lendas sobre isso. Tem a de que o maçom, por usar preto, e o bode como cheira daquele jeito, o paletó do maçom guardado também cheirava. Especificamente, nós somos advindos da essênia e o esseanismo sempre criou um homem santo e se não foi um homem santo é o homem que vivia de maneira santa, como Jesus e tantos outros, para tirar o pecado da humanidade.