A Conferência dos Religiosos do Brasil promove por meio do Núcleo Lux Mundi no próximo dia 2 de maio, às 19h30, a live "Vós sois a luz do mundo: pela defesa e proteção às crianças, adolescentes e vulneráveis". A CNBB é também parceira da iniciativa e retransmitirá a iniciativa em suas redes sociais
O encontro “Párocos para o Sínodo” segue até o dia 2 de maio e é promovido pela Secretaria Geral do Sínodo e pelo Dicastério para o Clero, em colaboração com o Dicastério para a Evangelização e com o Dicastério para as Igrejas Orientais. Do Brasil, participam quatro padres, indicados pela CNBB através da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada
O curso pretende ser espaço de formação e atualização missionária, vivência fraterna, oração e celebração para que os participantes possam fortalecer o seu “sim” à missão de Deus. A metodologia contemplará reflexões temáticas; trabalho em grupos e debates, vivência fraterna, partilha de experiências; momentos orantes e celebração diária da Eucaristia e da Liturgia das Horas

ARTIGOS DOS BISPOS

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ) 

 

A data do dia mundial do trabalho celebrada no mundo desde 1889 em Paris como iniciativa de um jovem trabalhador chamado Raymond Lavigne e no Brasil em 1895 em Santos resultado das famosas greves de 1892 na mesma cidade. No país foi oficializada a partir do governo de Artur Bernardes em 1925. Reflete sempre as conquistas dos trabalhadores em relação a duração da jornada de trabalho de oito horas, salário digno, e outras reivindicações referentes a segurança do trabalho, saúde e aposentadoria.  

Mas também a difícil compreensão que o trabalhador é uma pessoa, tem família a sustentar e os seus sonhos de moradia, bem-estar e aprimoramento laboral e profissional. Por isso para dar um sentido evangélico e integral na busca de uma dignidade plena o Papa Pio XII institui neste dia a Festa de São José patrono de todos os trabalhadores /as.  

Data que nos impulsiona a uma reflexão e partilha da condição do mundo de hoje dos trabalhadores na globalização muitas vezes surda e perversa no tocante a situação dos que vivem do trabalho já seja de suas mãos ou operando máquinas cada vez mais sofisticadas. Enfrentam grandes desafios, como o recuo e retirada dos direitos sociais, a uberização e terceirização da economia que fragiliza e desconstrói a legislação que antes equalizava e colocava em melhores condições de negociar ao trabalhador.  

Voltaram a surgir cenários de trabalho escravo ou semiescravo, tráfico de mão de obra aliciada, enfraquecimento dos sindicatos, e desconsideração da mulher trabalhadora no relativo a equiparação salarial. Mas o trabalhador é portador de esperança e sonhos de justiça social, a Igreja desde a Rerum Novarum em 1891 abraça esta causa, lembrando a irrenunciável dignidade subjetiva do trabalho, anunciando aos trabalhadores a primazia do trabalho sobre o capital, a nobilíssima missão do trabalhador como construtor e artesão de uma sociedade mais justa fraterna e sustentável, que cuide de unir ao trabalho a proteção e reverência com a Casa Comum.  

Que São José o padroeiro dos trabalhadores e Jesus Cristo nosso Salvador que assumiu também a condição humana de trabalhador, deixando-nos como memória aquela frase evangélica na qual apresenta a Deus Pai como Providente e trabalhador, nos ajudem a resgatar e a bem celebrar o profundo significado Pascal desta data, fonte de esperança e de glória para o mundo operário pois como afirmava Santo Irineu, a Glória de Deus é a vida dos mais pobres. Deus seja louvado! 

 

 

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ) 

 

 

Cadernos do Concílio – Volume 15 

 

Hoje nos debruçaremos no volume 15 da coleção cadernos do Concílio Ecumênico Vaticano II que traz como tema: O Mistério da Igreja. Muitas vezes quando falamos em mistério pensamos em algo duvidoso, secreto, ou que tenha que ser desvendado, mas na Igreja o mistério tem um sentido diferente, ou seja, buscamos compreender em cada missa o mistério pascal de Cristo, que só será revelado plenamente na eternidade.  

Todas as vezes após a consagração o sacerdote diz: “Eis o mistério da fé”, ou seja, aquilo que acabou de acontecer no altar aos olhos humanos é incompreensível, mas será revelado de maneira plena no céu.  

 Em Cristo depositamos toda a nossa confiança, Ele é a cabeça da Igreja e nós somos os membros. Estamos em comunhão com Cristo, e dessa forma em comunhão com os irmãos. A Igreja vai muito além do templo de pedra e tijolos, a Igreja somos todos nós, de certa maneira, templos do Espírito Santo.  

As quatro notas da Igreja Católica dizem que nossa Igreja é: Una, Santa, católica e apostólica. Una porque essa Igreja é única; Santa porque foi fundada por Cristo e é constituída por homens que estão a caminho da santidade; Católica significa que essa Igreja é universal, ou seja presente no mundo todo; Apostólica quer dizer que essa Igreja provém dos apóstolos, inclusive os bispos são sucessores dos apóstolos. Por isso, a missão da Igreja é salvaguardar a fé e fazer com que cada fiel contemple o mistério.  

A Igreja também pode ser compreendida como mistério, pois justamente como dissemos acima, não foi fundada por mãos humanas, mas pelo próprio Cristo. Essa Igreja permanece de pé até os dias de hoje porque é conduzida pelo Espírito Santo. Através da ação do Espírito Santo, é possível consagrar a Eucaristia, perdoar os pecados e proferir os demais sacramentos. Jesus, no dia de Pentecostes, sopra sobre os discípulos o Espírito Santo e os envia em missão aos quatro cantos da terra, iniciando dessa forma a Igreja primitiva. São mais de dois mil anos de história, por meio do Espírito Santo é possível salvaguardar a fé e conduzir os fiéis ao mistério.  

Cristo é o sacramento do Pai, e consequentemente a Igreja é sacramento de Cristo. A Igreja tem a missão de levar adiante os sacramentos instituídos por Jesus. A missão última da Igreja é a salvação de todos os fiéis, todos os sacramentos são sinais de salvação. Até o último momento da vida de uma pessoa é possível salvá-la, por isso existe o sacramento da unção dos enfermos que é ministrado pelo sacerdote pela cura ou pela configuração à cruz de Cristo, mas também pode ser diante do leito de morte e a pessoa tem oportunidade de se confessar ou se não está lúcida receber a absolvição geral dos pecados.  

O fim último da Igreja é ser sinal de salvação para todos os fiéis, que vem por meio dos sacramentos e que, consequentemente, é o mistério da fé que a Igreja guarda.  

A Igreja revela o mistério escondido através dos séculos todas as vezes que atualiza o mistério pascal de Cristo consagrando a Eucaristia. O mistério pode ser entendido como sacramento, conforme citamos acima. Por isso, se Cristo é o sacramento do Pai, a Igreja é sacramento de Cristo.  

A Igreja é visível e histórica, ao mesmo tempo que ela revela para nós o invisível, provém da Santíssima Trindade e nos revela o plano de amor de Deus para nós. Conforme já dissemos, a Igreja é santa porque foi fundada por Cristo, mas ao mesmo tempo é pecadora, pois é conduzida por homens. O mistério que a Igreja celebra e consequentemente revela é ministrada por homens e esses homens são pecadores como qualquer outro, mas esse mistério acontece e é legitimado graças a ação do Espírito Santo.  

Por parte dos fiéis cabe manter a confissão e a vida de oração em dia, para que não aconteça como dizia o apóstolo Paulo, de comungar a nossa própria condenação. Ao comungar do Corpo e Sangue de Cristo fazemos parte da família de Cristo que é a Igreja. Os membros da Igreja, que somos cada um de nós, batizados e batizadas fazemos parte da família de Deus, que tem Cristo como cabeça, e devemos estar sempre voltados a Cristo.  

No momento da “doxologia final”, ou seja, antes do Pai Nosso, ao final da liturgia Eucarística aquele que preside diz: “Por Cristo, com Cristo e em Cristo”, ou seja, o mistério Eucarístico é apresentado aos fiéis e todo o nosso “Ser” deve ser voltado a Ele. Ele formou uma “família” e quer que todos nós estejamos com Ele até o fim.  

Jesus enquanto esteve entre nós anunciou o Reino de Deus, na verdade Ele próprio era Reino de Deus. A intenção de Deus Pai ao enviar o seu Filho à terra era instaurar aqui o Reino de Deus. Esse Reino consistia em viver a justiça, paz, amor, perdão e misericórdia. Infelizmente, como sabemos, nem todos aderiram a esse Reino proclamado por Jesus, e esse Reino se consolida na Cruz.  

Após a ressurreição, Jesus sopra em Pentecostes o Espírito Santo sobre os discípulos e os envia em missão para continuar aquilo que Ele iniciou. Isso continua até os dias de hoje a Igreja continua a anunciar o Reino de Deus, mas só viveremos concretamente esse Reino na eternidade. Por isso, anunciamos aqui o Reino de Deus e viveremos de maneira plena no céu. Isso também faz parte do mistério de Cristo que é a Igreja.  

Convido a tomarem o volume 15 dessa coleção cadernos do Concílio e ler sobre o mistério da Igreja e buscar nos documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II o que fala sobre o assunto. Continuemos sendo sinal de Cristo nos dias de hoje e anunciemos com alegria o Reino de Deus, tornemos presente o mistério de Deus entre nós.  

 

 

 

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)

 

 

A existência da vida sobre a extensão do universo significa manifestação da vontade divina sobre toda a natureza criada. Divino e humanamente falando, ela é a realização concreta da prática do amor, que se torna plenamente consolidada no encontro com o Deus da vida, no encontro com a Pessoa de Jesus Cristo. Mesmo diante do progresso científico, a preservação da vida depende de Deus. 

A vida vem de Deus, mas toda ela existe para a realização do ser humano, como proposta de felicidade, com fundamento na dignidade das pessoas. Foi por causa disso que foram dadas as Leis do Decálogo (Ex 24,12), com a finalidade de recuperar a identidade perdida durante a vida na história. O povo da promessa tinha caído no ostracismo em relação às orientações comunicadas por Moisés. 

 O que caracteriza mesmo a vida humana, principalmente quando a pessoa é temente a Deus, é o dom da liberdade realizada sem limites na condução e na prática do bem comum para todos. Liberdade de ação estendida, porque não pode admitir atitudes de discriminação e de ideias restritas, fechadas, mas abertas para elevar o ser humano na condição de plenamente humano e divino. 

O amor vindo e percebido pela prática da fé cristã, revelado por Deus, que gera vida plena, tem uma dimensão diferente do amor próprio e natural presente no ser humano. É importante entender que o amor a Deus e ao próximo é o máximo dos dons divinos, porque Deus é amor. A máxima desse amor está no fato de enviar o Filho ao mundo com a missão de dar a vida, como proposta de vida. 

Essa proposta de vida, na intenção de Jesus, passa pela prática livre no gesto bíblico do lava pés. Pela doação de si mesmo, para elevar a vida do outro. Constitui caminho de entrega apaixonada em testemunhar o amor, como missão no mundo, para a construção do bem e de elevação da vida das pessoas. Seguir Jesus Cristo nada mais é do que fazer o mesmo percurso de doação que ele fez. 

Diante da proposta de vida, é inconcebível ficar tranquilo diante do sofrimento dos pobres, dos excluídos, dos pequenos, dos abandonados, dos doentes. Todos eles dependem da solidariedade e do cuidado de quem é capaz de ser cuidador, e de quem tem coração sensível e solidário. São práticas que revelam amor, assentimento de fé no Deus da vida e na capacidade de fazer o outro feliz. 

 

 

 

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