Aos 33 anos de idade, a psicóloga, atriz e escritora Chris Linnares mais parece personagem de um livro de romance. Nascida em São Paulo, pisou pela primeira vez em um palco aos 10 anos. Aos 12, escreveu o primeiro livro. Formada em artes cênicas e psicologia, participava de programas de tevê e havia escrito e transformado em peça de teatro um de seus livros – “Divas no Divã” –, que durante 5 anos foi sucesso de público e crítica. Aparentemente, nada lhe faltava.
A personagem da peça de teatro e a autora tinham similaridades. Ambas eram realizadas profissionalmente, mas estavam em busca de algo. “Nós duas estávamos buscando a mesma coisa, mas não queríamos assumir”, diz Chris.
Um dia, após sair da peça em que atuava, foi cumprimentada por uma moça, que logo depois foi ao encontro do namorado, deu-lhe um beijo e foi embora de mãos dadas com ele. Chris sentiu então que era isso que faltava em sua vida: um amor. “Eu cheguei à conclusão de que a vida a dois era um mistério. Não tinha muita lógica. A vida profissional tem mais lógica. Quer ser professora? Vai para a faculdade de pedagogia. Quer ser médico? Vai para a faculdade de medicina. Agora, se você quiser encontrar o amor da sua vida, vai para onde?”
Decidida, pediu a intervenção divina e passou a orar todos os dias com o intuito de encontrar seu parceiro. Depois de 3 meses orando, teve um sonho com um homem que dizia que a amava e estava esperando por ela em Los Angeles, nos Estados Unidos. “Eu não vi o rosto dele, mas senti que o sonho era um sinal divino. Estava orando e confiava em Deus e em Sua promessa. Por que não ser obediente? Meus amigos e minha família me chamavam de louca. Eu respondia: ‘Não sou louca, sou obediente.’ E se o amor da minha vida estava nos Estados Unidos, para onde mais eu iria?”
O Encontro
Ela arrumou as malas e partiu para a chamada “Terra do Tio Sam”. Em uma festa em Los Angeles, conheceu uma senhora, de nome Meg, que perguntou o que ela estava fazendo ali. “Eu não pensei duas vezes e respondi: ‘Tive um sonho de que vou encontrar minha alma gêmea, por isso estou aqui.’ Ela me olhou surpresa e falou: ‘Conheço o seu marido, o nome dele é Billy, meu sócio e um dos meus melhores amigos.’ Meg pegou o celular, ligou para ele e me disse para deixar um recado na caixa postal. A mensagem que eu deixei foi: ‘Eu não sei quem você é e você não sabe quem eu sou, mas diz a sua amiga que eu serei a sua esposa. Então, você tem que vir para cá me conhecer’.”
Bill e Chris se conheceram, mas não sentiram nada um pelo outro. “Embora ele fosse um homem esteticamente bonito, não me chamava à atenção como namorado”, diz ela.
O tempo passou, já estava chegando a hora de Chris voltar ao Brasil e nada de conhecer o homem dos seus sonhos. “Eu me lembro de que minha irmã falou ao telefone: ‘Acho que Deus não ouviu as suas preces. Daqui a duas semanas você volta para casa e não encontrou ninguém.’ Eu, com minha fé inabalável, respondi: ‘De repente minha alma gêmea vai sentar do meu lado no avião. Deus não falha’.”
Dois meses depois de conhecer Billy e uma semana antes de voltar para o Brasil, foi que a atriz começou a sentir algo diferente e o amor despertou no coração dos dois. Ela retornou a São Paulo, mas o romance perdurou. E 9 meses depois de conhecê-lo e de terem se encontrado oito vezes na vida, eles se casaram. Chris foi viver nos Estados Unidos com o marido, na cidade de Fargo, em Dakota do Norte. Logo, a primeira filha do casal chegou e o que era para ser um momento de intensa felicidade foi sombreado por uma depressão pós-parto e pela morte do pai dela. Tudo isso contribuiu para que engordasse quase 30 quilos. “Digo que tinha todos os motivos para ser feliz, mas não estava. Ganhei o amor da minha vida, mas havia perdido o amor próprio.”
“Diva Dance”
Chris consultou médicos, que queriam lhe receitar antidepressivos. Como já havia tido uma síndrome de pânico e uma má experiência com remédios, ela buscou na dança a cura para o corpo e para a alma. “Eu deixava a minha filha no carrinho de bebê e começava a dançar. Isso me fez um bem tão grande, em todos os aspectos, que logo vi que poderia ajudar outras pessoas.”
A atriz desenvolveu então o projeto “Diva Dance”, que, através de danças latinas com técnicas de psicoterapia, ajuda as mulheres a aumentar a autoestima. O sucesso foi tão grande que a brasileira começou a participar de programas de televisão nos Estados Unidos e gravou um DVD, onde mostra como a terapia corporal pode equilibrar a vida de uma pessoa de forma natural.
Com o marido Billy Black, que é cineasta, ela se tornou sócia de uma produtora de filmes, livros e DVDs e, juntos, produziram o documentário “Beautiful women of North Dakota” (As mulheres bonitas da Dakota do Norte), que conta histórias de 22 mulheres norte-americanas que, com simplicidade, mas muita força de vontade, conseguiram, assim como ela, transpor vários obstáculos em suas vidas.
Aprendendo a voar
Para finalizar a nossa conversa, pergunto à Chris se existe distância para um grande amor. Ela responde: “Existe sim. Para mim, a única distância que separa um grande amor é o egoísmo.”
E como ela vê sua vida hoje, sendo reconhecida profissionalmente e com o amor de sua vida? “O escritor Léo Buscáglia diz que homens são anjos com uma asa só. Eles só conseguem voar quando estão abraçados.” É, ela descobriu como voar.