miguelsolano

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See, that’s what the app is perfect for.

Sounds perfect Wahhhh, I don’t wanna

você é grato à pessoa que abandonou o bicho que você adotou?

sempre que comento com alguém sobre meus 4 animais de estimação, mostro fotos e digo que todos foram resgatados da rua, vítimas do abandono. apesar de achar lindas algumas raças, eu sempre recorro aos abandonados porque a gratidão que eles sentem e demonstram pela adoção, todo santo dia, é linda de se receber. eles sabem bem o que é passar por situações terríveis e quando encontram um lar cheio de amor não desperdiçam essa oportunidade por nada.

vez ou outra durmo com eles numa cama de solteiro que reservei para a bicharada e a explosão de fofura acontece: beijos, abraços, carinhas de drama, cafuné e até conchinha pra pegar no sono. e sempre que estou no meio desse harém de pelos, começo a agradecer a deus por eles terem chegado até mim. consequentemente, preciso agradecer às pessoas que os abandonaram. maluco isso, né?

de forma alguma estou estimulando o abandono (por favor, né?), apenas aceitando que, sem essa atitude terrível, nenhum dos quatro peludinhos estaria morando comigo hoje. e me pego agradecendo aos algozes por terem sido enviados de deus às avessas. abandono é crime, sim! merece punição severa, sim! mas, sendo bem honesto, acredito que se encontrasse com cada malfeitor frente a frente hoje em dia, não ficaria bravo e até agradeceria.

a cena de abandono da minha última adoção, por exemplo, foi horrenda! eu estava comprando refrigerante numa vendinha da esquina quando passou um carro preto, com vidros escuros, abriu a porta do carona e soltou a cadelinha na rua, disparando em seguinda na maior velicidade. lembro da carinha dela até hoje, desesperada atrás do carro e, quando viu que de nada adiantaria o esforço, se escondeu na garagem de uma casa que estava com o portão aberto no momento. demorei pra conseguir tirá-la de lá e, com toda razão, ela estava arisca demais. foi preciso pegar uma focinheira com outra moradora até conseguir colocá-la no meu carro. mas quando ela sentiu que aquele estranho estava prestes a dar um lar pra ela e, principalmente, quando entrou no meu apartamento e encontrou uma turma toda querendo brincar, o semblante mudou completamente e me prometi nunca mais permitir que aquela carinha de tristeza aparecesse novamente. claro que ela fica triste quando eu dou bronca, mas a expressão é de drama, totalmente diferente da expressão traumática do dia em que foi abandonada.

quantos enviados às avessas deus coloca em nossas vidas pra nos alertar sobre questões que não quisemos aprender da forma menos dolorosa? só agora, no momento em que escrevo, consigo lembrar de 3 casos onde eu não quis enxergar o quanto estava errando, até acontecerem situações super desagradáveis que me fizeram cair na real. se tem um conceito que aprendo diariamente na escola de espiritualidade da qual sou aluno, é de que não devemos querer estar com a razão a todo o custo, mas buscar onde ela está - por mais que esteja com aquela pessoa que a gente mais detesta (pois são elas que geralmente têm coragem de jogar verdades na nossa cara, sem a menor pena).

não há um dia sequer que não agradeça ao destino por ter os peludinhos mais dengosos de recife morando comigo. tenho a opinião de que, se for pra maltratar o animal, é melhor abandonar na rua mesmo. pelo menos ele poderá encontrar amor por aí, assim como vemos na relação linda entre moradores de rua e seus diversos pets. bichos não ligam pra luxo; quem se preocupa com isso somos nós, seres humanos. um colchão de espuma simples, comprado por 49 reais na internet, faz meus filhotes se sentirem num castelo. o erro sempre tá na gente, não neles.

como seria o mundo sem os homens?

de forma nua e crua: o planeta continuaria existindo sem os homens e a espécie humana continuaria se proliferando. porém, num mundo sem as mulheres, o planeta sucumbiria em questão de anos. cientificamente falando, inclusive.

se tirássemos os homens do cenário, quantas guerras existiriam? quantos casos de estupro e pedofilia seriam registrados? quantos espancamentos no lar seriam denunciados? quantos atropelamentos causados por embriaguez ao volante seriam computados? só por aí a gente já percebe qual parcela é mais prejudicial ao planeta e à vida na terra. 

então, a solução seria aniquilar os marmanjos? claro que não! tenho certeza que qualquer mulher minimamente consciente gosta de uma boa versão masculina, seja para uma bela amizade ou para um relacionamento amoroso (sou suspeito pra falar nas duas situações). sem falar dos maravilhosos pais e padrastos que conheci ao longo da vida e existem aos milhares por aí. ou seja, o problema está só em reorganizar a casa, visto que não tem dado muito certo deixar os garotos sozinhos brincando de chefes (do lar, das empresas, dos cargos públicos etc).

não tenho absolutamente nada contra os homens. é bom lembrar, diga-se de passagem, que faço parte do grupo normativo padrão. só me incomodo bastante quando minha classe usa da opressão pra parecer maioria dominante. bravata pura. no dia que as mulheres descobrirem o poder que têm e pararem de se dividir ou de competir entre si, conseguirão colocar em prática diversas mudanças num piscar de olhos.

não precisamos destruir os homens, apenas erradicar cada vez mais o machismo. não precisamos de superioridade, mas de igualdade e reconhecimento das particularidades. não precisamos de vingança, apenas de assertividade.

para comprovar tudo o que disse acima, basta ligar a televisão e assistir aos noticiários repletos de homicídios, ameaças de bombas nucleares, formações de quadrilha, tráfico de drogas… todas essas iniciativas lideradas por homens.

moral da história: será que vale mesmo a pena vocês, mulheres, competirem com os homens? precisam se rebaixar tanto assim? de fora pra dentro, a liderança feminina já existe. falta só de dentro pra fora.

o padrão estético é um conceito desprovido de sentido

a coitada da sandália crocs é odiada desde seu surgimento na socidade. é confortável, calça gostoso, abraça o pézinho com amor, mas as pessoas só focam num ponto: é muito feia.

pra começo de conversa, discordo. não acho feia, apenas não combina com tudo, como as havaianas. mas me salvou muitas vezes quando eu não queria sair de tênis nem de sandália de dedo, favorecendo o meio-termo no look. tenho uma eterna gratidão pelos criadores.

toda essa discussão entre feio e bonito é culpa da moda. qualquer coisa pode se tornar esquisita num prazo de 6 meses. isso é maluquice! além do mais, acredito ser necessário estabelecer um limite quando o assunto é estética. não posso viver minha vida em função do que é cool e o que se tornou démodé. devo comprar uma calça, um sapato, uma camiseta, um sofá ou até mesmo um boné porque me sinto confortável em utilizá-los, e não porque estão dentro ou fora de moda.

o padrão estético é um conceito desprovido de sentido, não esqueça disso. há 200 anos, as gordinhas eram o padrão de corpo desejado por todas as mulheres e homens; hoje exige-se que sejam esqueletos vivos desfilando com roupas que ninguém usa (exceto ronaldinho gaúcho). na minha infância as sandálias raider eram um sucesso! meus pés se sentiam numa cama sempre que as calçavam. e hoje, quantas pessoas você vê usando raider? por isso que não vou deixar um conceito capitalista abstrato influenciar no meu prazer de calçar crocs.

há uns 10 anos, quando trabalhava em agência de publicidade e esbarrei no elevador com um amigo roqueiro que só usava tênis all star, vanz e companhia, ele me aconselhou a parar de usar esses sapatos rasteiros, de skatista, pois tinham acabado com a coluna dele. eu soltei uma piada na hora, rimos, e quando olhei pros pés dele havia um par de adidas. pensei: “porra, num é que ele tá falando sério?!” meses depois comecei a fazer o teste e até hoje sou apaixonado por tênis. não só pela estética (que também tem uma beleza controversa pra muitos), mas pelo conforto incomparável. hoje eu não consigo mais passar uma tarde andando pelo centro calçando um all-star rasteiro. meus dedos estouram rapidinho e ganho belos calos.

na boa, usa o que tu quiser e achar bonito. se vestiu bem e te agradou no espelho, fecha a conta e põe na sacola. a moda adora fazer com que nos sintamos descartáveis a cada semestre, a cada estação, a cada geração. mas na verdade a única coisa que precisamos manter em constante atualização é o nosso conhecimento. o resto é tão relevante quanto o seu sabor preferido de sorvete.

não se culpe. você merece. aproveite!

dia desses me deparei com um meme que me fez rir por longos minutos e refletir sobre a profundidade implícita numa brincadeirinha virtual. a figurinha dizia:

- vai pagar no débito ou no crédito, senhora?
- no mérito! porque depois dessa semana, eu
mereço!

quando foi a última vez que você utilizou do seu salário sem culpa? não me refiro aos custos cotidianos e boletos da vida, mas de usar seu dinheiro pra comprar algo que realmente você quis. quando foi a última vez que você comprou um tênis caro, por exemplo, sem se importar com o que as pessoas vão julgar ou por ser um valor muito alto pra se dar num sapato? quantas vezes você clicou no “botão” eu mereço e agradou sua vaidade, sua autoestima ou seus desejos fúteis? usufruir da vida não é futilidade!

sou daquele tipo de pessoa que se cobra muito, o tempo todo; que raramente se abraça e reconhece o próprio talento. sempre que vou comprar algo que quero muito, vem aquela vozinha à mente “tu vai usar 70% do teu salário com isso? é bacana, eu sei, mas é muito dinheiro!” e acabo desistindo muitas vezes. mas ando refletindo bastante sobre o equívoco que é não nos olharmos no espelho de vez em quando e dizermos: não se culpe, você merece!

identificar e aceitar seu mérito por determinada conquista não significa ser esnobe ou arrogante. é reconhecer que sem sua cota de esforço, entrega e dedicação nada teria acontecido. e já que você foi remunerado por isso, aproveite! seja você um bancário, uma vendedora de shopping, um frentista ou uma empresária de sucesso… aproveite!

aproveite porque a vida está exigindo um bocado da gente. não só nas cobranças profissionais, mas nas expectativas sociais de estabilidade num período de crise econômica; na postura de maturidade emocional numa época onde parece que todo mundo pirou; na construção de uma família exemplar numa era em que as pessoas estão descompromissadas e idiotizadas em níveis absurdos. portanto, se você está conseguindo atravessar esses obstáculos diariamente sem puxar o tapete de ninguém, nem descontar a raiva em quem não merece… na boa, aproveite!

não há nada mais seu do que o salário que você ganha todo mês. não é doação financeira, é consequência de mão de obra (física ou intelectual) exercida todo santo dia por você. tendo dormido bem ou mal; estando de tpm ou super tranquila; tendo sacrificado outros compromissos pessoais pra terminar alguma tarefa da empresa ou não. às vezes a gente parece esquecer disso e se culpa por tanta bobagem, né? mas não se esqueça a partir de agora, ok? transforme essas frases mágicas num mantra cotidiano:

não se culpe!
você merece!
aproveite!

não tem problema não gostar de carnaval

eu acho lindo o carnaval, mas faz uns 15 anos que não saio de casa no feriado com intenção de curtir a festa. porque parece que o povo vira bicho, tá ligado? parece que a pauta é quanto mais se estragar, melhor. a galera andando seminua pelas ruas, sem pudor algum (não me refiro às fantasias), se drogando até perder a consciência, vomitando de hora em hora, tropeçando pelos cantos de tão embriagada que está… isso é muito louco! a sensação que dá é de bichos enjaulados 95% no ano e de repente se soltam nos 7 dias de folia. vejo constantemente cenas horripilantes sem nem precisar frequentar o carnaval.

se você acha que fui muito hater nesse primeiro parágrafo, relaxa o coração. eu também sinto as mesmas sensações citadas acima quando me disponho a participar de festivais de rock, por exemplo. o problema não é o carnaval, mas a ideia de autodestruição de muita gente.

sei que existem milhares de pessoas vivendo e aplicando essa ideologia linda do carnaval, mas confesso que me incomodo bastante só de olhar a quantidade de loucura que existe. adoraria ser mais imune a tudo isso, mas não consigo. adoraria ser como algumas pessoas, que abstraem as bagaceiras e focam na diversão. pode ser um sintoma da idade? muito provavelmente.

às vezes até saio da toca nessa época, quando minhas amizades insistem e quase me obrigam a dar uma volta (coisa que nem fiz esse ano), mas admito que carnaval virou uma coisa muito estranha pra mim. me tornei aquela pessoa que adora assistir aos vídeos sentada no sofá, compartilhar as fotos, curtir as publicações das amizades em seus grupinhos… é tudo muito lindo. no entanto, quando vejo o sol de 40° graus pela janela, o trânsito pra chegar nos lugares, a dificuldade de encontrar uber ou táxi pra voltar, o amontoado de gente colada uma na outra… me dá logo uma preguiça. deixa eu em casa mesmo, com meus livrinhos e filmes, deitado no bucho do meu cachorro. pode ser um sintoma da idade? muito provavelmente.

eu sinto saudade é da minha infância, quando os velhinhos e as velhinhas de hoje, que ainda estão brincando carnaval da forma mais linda que existe, tinham por volta de seus quarenta anos e me ensinaram a brincar de bomba d’água, de pular ouvindo alceu valença e ricardo chaves, de grudar serpentina no corpo inteiro e passar o dia na rua. carnaval era um acréscimo às férias de janeiro, que eu detestava quando acabavam.

hoje não tenho mais saco de encarar um bocado de coisa, não só o carnaval. acredito que seja trauma do tempo em que vivia fazendo show com minha banda e presenciava um bocado de cena bizarra. minha tolerância deve ter diminuído significativamente. e tá tudo bem não gostar de folia, tá? é sempre importante deixar isso claro, porque morar em recife e dizer que não curte carnaval é quase um crime (do mesmo jeito que ir pra balada e confessar que não bebe álcool). honestamente, discordo de que o carnaval seja uma festa desnecessária, como muita gente alega. tudo bem não se empolgar, mas dizer que é um espetáculo sem sentido? só pode estar maluco…