A iniciativa mantém o secretariado geral da entidade fiel ao que diz o artigo de número 196 do Regimento da Conferência, em sua seção 2, Capítulo VII que fala sobre suas competências e atribuições: "O secretário-geral promoverá reuniões periódicas com os colaboradores da CNBB e cuidará também da assistência religiosa e promoção espiritual deles e de seus familiares" 
“Este encontro será um importante momento de aprendizado, reflexão e, principalmente, unidade pastoral em âmbito nacional. Uma oportunidade única para atualizar-se sobre os desafios da evangelização familiar, fortalecer a atuação da Pastoral Familiar e movimentos familiares, além de criar laços de amizade e colaboração com outras lideranças pastorais“, segundo o presidente da Comissão para a Vida e a Família da CNBB, dom Bruno Elizeu Versari

ARTIGOS DOS BISPOS

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)

O ser humano é um ente natural, capacitado para praticar relações, e habilitado para atrair seus pares ou até expulsá-los do contexto próprio da convivência comunitária. Isto mostra e revela a capacidade inerente à existência de cada pessoa, que a leva a ser mais ou menos fraterna no relacionamento cotidiano social. O dado da fé pode ser componente a mais na sensibilidade dos indivíduos.

Podemos assim dizer que Deus se apresenta na estrutura de comunidade, que é revelado no relacionamento entre as três Pessoas divinas, no estilo de verdadeira família, sendo o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Então, Ele existe na condição de relação permanente na fraternidade, de modelo para a convivência familiar e comunitária. Em nossas realidades deve existir reflexo da vida divina.

A liberdade é condição importante para uma boa relação entre as pessoas. Exige reconhecimento dos valores de cada um, e não são os mesmos em cada indivíduo e nem em cada povo. Tanto Israelitas quanto Hamas, apesar da agressividade de ambos, têm a marca de grandes valores, mas isso não é reconhecido por eles. Desmoronam a riqueza da história construída com sacrifício.

Na dinâmica espiritual encontramos uma relação do fiel com a Trindade, inclusive reconhecendo-se como filho, podendo chamar a Deus de Pai. Ser filho não é ser escravo, submisso aos parâmetros impostos pela Lei, como acontecia no Antigo Testamento. A relação verdadeiramente fraterna, de coração sensível e aberto, tem pés ancorados no amor, na superação de todo tipo de imposição.

Quando celebramos a Festa da Santíssima Trindade, todos os cristãos são envolvidos por causa do batismo, porque ele marca a vida espiritual das pessoas. O batismo provoca comprometimento de relação fraterna, e ultrapassa todo tipo de individualismo intimista e de insensibilidade, porque não há reconhecimento autêntico do outro. Faltando isto, as relações ficam totalmente comprometidas.

É difícil entender a relação exercida no seio da Santíssima Trindade. Também entre os seres humanos não é fácil compreender essa realidade, porque cada uma das pessoas tem sua forma de ser e atuar, podendo até entrar em choque com as formalidades da outra. O valor das relações está presente justamente nessa capacidade e grandeza de acertar as fronteiras que dificultam a convivência.

Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Neste domingo celebramos com alegria a solenidade de Pentecostes, quando Jesus envia o Espírito Santo prometido. O Espírito vem em um tempo e lugar preciso, cinqüenta dias após a ressurreição de Cristo, na cidade de Jerusalém, no cenáculo, onde os apóstolos estavam reunidos, tomados pelo medo. O Espírito Santo veio como um vento imprevisto, forte, que entrou num ambiente de portas fechadas e encheu a casa. Veio como línguas de fogo, sobre aqueles que seriam enviados para proclamar a nova lei do amor, que carrega consigo a força de Deus, para construir a fraternidade entre os povos de línguas e culturas diversas.

O Espírito Santo não só tirou o medo do coração dos discípulos, mas também iluminou suas mentes, para que pudessem assumir a missão para a qual o Senhor os tinha preparado, isto é, serem portadores e anunciadores da Boa Nova do Reino. É o Espírito Santo, consolador e mestre interior, quem enche a Igreja nascente, habilitando-a para a missão, e, ao mesmo tempo, tornando-a portadora e testemunha das obras de Deus.

Por isso, não devemos deixar de invocar em todos os tempos o Espírito Santo, com os seus dons, para que revigore a nossa fé, a nossa esperança e a caridade. Que possamos viver o compromisso do nosso batismo, como discípulos e discípulas, missionários e missionárias do Senhor Jesus, anunciando a todos as obras de Deus, pela palavra, pelo testemunho de vida e pelas ações, que expressam compaixão, amor e proximidade com o próximo. Na fé e no amor, em Cristo Jesus, somos todos irmãos e irmãs, independente da cor da pele do nosso corpo, da língua que usamos para nos comunicar ou da nossa cultura.

Jesus é o consolador, o redentor e o salvador. O Espírito Santo continuará a sua missão e permanecerá para sempre em quem o acolhe. Ele nos dá resistência, coragem, consolação e capacidade de irmos em frente, mesmo quando as adversidades da vida batem à porta do nosso coração. Vem, Espírito Santo, ilumina com os teus dons a vida pessoal, familiar e comunitária do povo de Deus, que na nossa realidade está sendo tão provado neste momento da história, pela tragédia das enchentes.

Em uma de suas meditações, o Papa Francisco mencionava que é preciso sermos fiéis ao Espírito, “para anunciarmos Jesus com nossa vida, com o nosso testemunho e com as nossas palavras… Quando fazemos isso, a Igreja se torna uma mãe que gera filhos”. A maternidade da Igreja deve revelar aos seus filhos o rosto da ternura e da misericórdia de Deus, através do amor que se faz doação, para com os que buscam esperança e consolo, nas alegrias, provações e incertezas da vida.

 

Dom Guilherme Werlang
Bispo de Lages (SC)

 

Pentecostes e a Casa Comum: Invocando o Espírito Santo para a o futuro do planeta

Estamos na antevéspera de Pentecostes. Existem muitas orações que dirigimos ao Divino Espírito Santo. Creio que, diante de tantas tragédias que afligem e atingem a humanidade e nosso planeta Terra, além dos Sete Dons, temos que pedir, como diz uma das orações, “Renovai a face da terra”.

Claro que “renovar a face da terra” deve ser realizado por nós, humanos, acolhendo o dom da sabedoria, da inteligência, do discernimento, do entendimento, da prudência e da coragem para um Novo Agir. As mudanças climáticas, que podem, em parte, ser naturais, têm grande participação da ação humana, que não ouve o clamor e o grito da Mãe Terra há tantos séculos.

Divino Espírito Santo, esclarecei as mentes dos governantes, esclarecei as mentes dos “construtores”, dos “plantadores”, dos responsáveis por elaborar Planos Diretores de cidades e Planos Inteligentes de Desenvolvimento, inclusive agrícola e pecuário, e exigi o cumprimento dos mesmos.

Divino Espírito Santo, iluminai as mentes das pessoas de poder para que a Ciência, que é um dos vossos sete dons, seja mais valorizada e respeitada que o poder econômico, a avareza, a ganância, a usura e o desejo de lucro a qualquer custo e preço.

Divino Espírito Santo, dai coragem, ousadia e Entendimento para não gastar fortunas em reconstrução de cidade e bairros onde já se sabe que, em futuro próximo ou mais distante, as mesmas tragédias poderão voltar a acontecer. Com sabedoria, reconstruir e realocar as famílias, os comércios, as igrejas, as escolas, os hospitais, enfim, tudo o que for necessário para lugares mais seguros.

Divino Espírito Santo, dai Inteligência e entendimento para que a humanidade possa devolver aos rios as margens, as planícies, os pantanais e possa devolver à Mãe Natureza o direito às matas ciliares, às encostas, às montanhas e à vegtação nativa.

Divino Espírito Santo, dai aos nossos corações e mentes a firme vontade de não repetir tantos erros já cometidos, e que não voltemos ao “normal”, mas ao totalmente novo.

Divino Espírito Santo, dai-nos a Prudência e o amor de não apontar o “dedo acusador” nem para o Pai do Céu, nem para um povo localizado, mas abri nossos olhos para compreendermos que uma Ação Local tem abrangência Universal.

Divino Espírito Santo, abri nossos olhos e mentes para compreendermos que hoje está acontecendo aqui, ontem foi lá e amanhã poderá ser acolá. Somos uma só casa comum!

Divino Espírito Santo Consolador, confortai os corações de todos os atingidos, a maioria absoluta, inocentes da atual tragédia no Rio Grande do Sul, e fazei-nos compreender que é Caridade tanto as doações de emergência, quanto é caridade e amor ainda maior deixarmo-nos guiar pela tua Luz em busca do Novo e da reconstrução. Como diz a Palavra do Pai do Céu: “vou criar um novo céu e uma nova terra”, onde já não se ouvirá choro nem luto (Isaías 65,17-25 e Ap 21).

Oração ao Espírito Santo

“Vinde, Espírito Santo,
enchei os corações dos vossos fiéis e
acendei neles o fogo do vosso amor.
Enviai o vosso Espírito e tudo será criado,
e renovareis a face da Terra!

Oremos:
Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo,
fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito,
e gozemos sempre de sua consolação.
Por Cristo, Senhor Nosso. Amém!”

 

 

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