O ar aqui é outro, feito de milhares de partículas de água, é o mar a que cheira tudo, desde a arriba que cresce em resposta à praia, ao céu, e que parece desafiar as nuvens, e a chuva, nos dias em que cai, brincando às escondidas com o sol.
Aqui o tempo é também outro, feito de manhãs e de tarde lentas, vagarosas as horas e impacientes os minutos, mergulhados na luz e no cheiro incontornável do mar.
Quando caminho em direcção à praia, uma só missão, a de chegar, e debaixo dos meus pés, a pressa disfarçada do reencontro.
No cimo das escadas e do passadiço, estende-se para além da beleza e das palavras, o verde absoluto da copas das árvores, dos pinheiros mansos que se colam e se aglomeram numa massa una, num testemunho de cor, e a vegetação selvagem que convive com a organização tentada dos caminhos e das casas.
Do outro lado fica a praia. E o silêncio é tão poderoso aqui que nem as conversas dos que caminham, ou os guinchos das gaivotas, conseguem fazer-se ouvir. Se tanto, fundem-se na visão grandiosa da areia e da água, que parece nunca mais acabar.
E eu, sou apenas um grão, uma gota, que palpita e respira, agradecida, por poder fazer parte disto, por pertencer a este momento.
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