Por Carlos Eduardo Soares da Silva
Apesar
de haver muitas opiniões sobre o assunto, consideradas cristãs, nossa intenção
não é apenas opinar, mas expor o ensino da Bíblia Sagrada sobre o assunto,
destacando o que está por trás do comportamento de cristãos que optam e apóiam
o uso de tatuagem, piercing, alargadores, e adornos afins.
Nosso
objetivo não é constranger, mas sim exortar em amor (Tt 2.15), com base na
autoridade da Palavra de Deus (2 Tm 3.16,17), visando a edificação do corpo de
cristo (1Ts 5.11).
Sobre
o verdadeiro cristão
Todo
cristão deveria ter bem claro e bem definido em suma consciência, o ensino básico
das Escrituras descrito em Rm 6.11: “Assim também vós considerai-vos mortos
para o pecado, mas vivos para Deus”. Este princípio quer ensinar que alguém
que entregou sua vida a Cristo Jesus, não possui mais o domínio sobre si mesmo.
Veja a afirmação “...vivos para Deus”. Uma vez morto para o
pecado e vivo para Deus, o cristão deve sujeitar-se a Deus e aos valores
desse único Deus.
O
cristão nascido de novo é alguém que encontra satisfação plena, apenas e tão
somente na pessoa do seu Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Precisamos tocar
neste ponto mais abrangente, antes de enfrentar a questão específica.
Precisa
ficar claro que, para o cristão convertido, Cristo é a única causa (ou motivo)
do contentamento, e o único padrão de comportamento a ser imitado, pois do contrário,
o cristão cairá no engano de acreditar que pode encontrar bons parâmetros de
conduta fora de Cristo, isto é, fora dos padrões apresentados pelo Senhor Jesus,
o que é condenado pela Bíblia (Mt 1315), pois, para o cristão convertido,
nenhuma outra coisa, pessoa ou padrão, pode ser melhor do que Ele.
É
preciso lembrar a doutrina bíblica da conversão. É que o batismo (i) é o
símbolo da morte do velho homem e das paixões próprias da carne (Rm
6.3,6,10,13-14), e (ii) e do renascimento de um novo homem, isto é, um
cristão moldado conforme o caráter de Cristo para a prática de boas obras (Rm
6.8,10, Jo 3.3, Mt 5.16,48, Ef 2.10, 4.17-24, 2Tm 3.17), e que, em seguida,
Deus por sua graça, infunde seu Espírito Santo nesse novo coração arrependido e
convertido (Rm 5.5), visando a perseverança na santificação que é indispensável
ao cristão que vive neste mundo (1Co 1.2, Hb 14.14).
Esse
estado de conversão, aliado ao mover sobrenatural do Espírito Santo que
convence do pecado (Jo 16.8), precisa ser capaz de elevar o padrão de
consciência e comportamento do cristão em absolutamente tudo, fazendo com que,
dia após dia, o cristão não tenha outro objetivo, senão, ser uma imitação
adequada do testemunho de Cristo (Mt 5.13, Ef 4.1, 17, 5.8, Cl 2.6, 3Jo 4).
Isso quer dizer que, depois da conversão e da imersão no Espírito Santo, frise-se,
todos os aspectos da vida de um cristão (valores éticos e morais, emoções,
decisões-escolhas-opções-orientações, carreira, namoro visando casamento, casamento,
sexualidade, amizade, lazer, família e criação de filhos, porte e conduta,
costumes, hábitos, alimentação, opinião, etc.), precisam ser moldados e
ajustados ao único padrão corretamente aceitável, que é o padrão de Cristo,
pois Nele fomos gerados (1Pe 1.3) e reconciliados (Rm 5.10), até que o
padrão caído de Adão desapareça para surgir o Cristo na vida desse cristão.
Imagine
se os cristãos maximizassem este princípio e o aplicassem em todas as esferas
de sua vida. Imagine a qualidade de vida cristã a igreja desfrutaria!
Em
Rm 8.5-13, Paulo vai mostrar que na nova vida com Cristo, é a vontade do
Espírito que precisa predominar, e não a do homem (seja ele cristão ou não), pois
se não for assim, então isso significa que não é o Espírito Santo (que é o
Espírito de Cristo) que habita nesse cristão (Rm 8.7), mas sim o espírito da
carne. A carne aspira coisas da carne (Gl 5.17,24) e em nada aproveita (Rm
8.7,8). Cristãos que vão pelo caminho carne (falo de modo abrangente) e não pelo
caminho Espírito, não se contentam com a simplicidade poderosa e suficiente do
exemplo de Cristo, que viveu nesse mundo de modo humilde, obediente e diferente
(Fp .5-8); eles não se lembram do conselho de Paulo ao jovem Timóteo “Tendo
o sustento e com o que nos vestir, estejamos contentes” (1Tm 6.8), então,
passam a desejar de novo as tendências mundanas (de todo gênero e espécie) para
escravizar de novo seus corpos que foram livres do pecado por Jesus Cristo (Rm 8.15).
é por isso que ainda há em nosso meio cristãos com dificuldade de abandonar a
bebida, a pornografia, e as tendências mundanas, nas quais incluímos tatuagem,
piercing’s, alargadores, adornos afins e comportamentos semelhantes.
A
esta altura, o(a) leitor(a) já percebeu que os efeitos de uma conversão
verdadeira vão muito além dos hábitos de freqüentar uma igreja, contribuir com
dízimos e ofertas, cantar, dançar, etc. Abandonar o pecado significa abandonar
o sistema do mundo, pois o cristão sabe que tudo o que há no mundo não procede
do Pai (1Jo 2.16), está mergulhado nas trevas do maligno (1Jo 5.17) e que só
pode prevalecer aquele(a) que pratica a vontade de Deus (1Jo 2.17).
Ser
convertido(a) a Jesus Cristo, portanto, é estar inconformado com os padrões de
conduta pessoais e com os do mundo, e submeter-se por completo ao senhorio de
Cristo, a tal ponto de anular inteiramente o nosso querer (vontade), seja ele
de que espécie for (Gl 2.20), para que apenas Cristo apareça em toda nossa
maneira de viver (Tt 2.12). Veja algumas passagens que determinam a morte de
nossa vontade de toda espécie, para que Cristo resplandeça: Jo 3.30 “É
necessário que Ele cresça e que eu diminua”, Mc 1.18 “Então, eles
deixaram imediatamente as redes e o seguiram”, Lc 5.28 “Ele se levantou
e, deixando tudo, o seguiu”, “Jo 8.12 “...quem me segue não andará nas
trevas; pelo contrário, terá a luz da vida”, Jo 12.25 “Quem ama a sua
vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a
vida eterna”, e a regra de ouro de Mt 16.24,25 “Então, disse Jesus a
seus discípulos: Se alguém quer vir após a mim, a si mesmo se negue, tome a sua
cruz e siga-me. Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem
perder a vida por minha causa achá-la-á”).
Por
tudo o que já foi exposto, é possível concluir que o cristão verdadeiro não
gasta seu tempo procurando fazer as coisas que o mundo faz, porque sua única
preocupação é a glória de Deus em toda sua forma de viver (“Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra
coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.”, 1Co
10.31). Esse princípio é a chave para todas as questões da vida cristã, pois
ele faz com que o cristão não viva para si mesmo, mas somente para a Glória de
Deus.
Para sermos mais claros ainda, na dúvida, questione a si
mesmo da seguinte maneira: 1º o que você está pensando em fazer permite que o
mundo veja a glória de Deus? 2º ou vai satisfazer apenas sua própria vontade?
3º Cristo será exaltado naquilo que pretendes fazer? As respostas vão indicar
se você é um cristão convertido que pensa nas coisas que são de cima (Cl 3.2).
Sobre
tatuagem, piercing’s, alargadores, adornos afins e comportamentos semelhantes
Embora
a Bíblia não trate dessas coisas pelo nome como as conhecemos, as Escrituras
tem autoridade para ensinar o cristão sobre a maneira de proceder nesses
assuntos.
Nós,
cristãos, não podemos ser ingênuos acerca do modo como o mundo, a carne e o
diabo procuram torna-nos desacreditados, nos perseguem (2Pe 5.8), no intuito de
enfraquecer nosso testemunho cristão e mundanizar nossos costumes, fazendo com
que o não cristão fique confuso acerca da imagem da igreja.
Atualmente,
temos assistido uma flexibilização dos valores sagrados da vida cristã,
como nunca aconteceu. É impressionante o fato de que cada vez mais cristãos
estão adotando os procedimento do mundo, ao invés de adotarem os parâmetros de
Cristo, e isso é resultado desta flexibilização.
Hoje
em dia é comum encontrar cristãos divididos (ou sem posicionamento bíblico claro)
acerca de assuntos já esclarecidos pela Escritura. Um bom exemplo disso é o
divórcio, que, embora na concepção divina sempre será errado (Ex 20.14, Ml
2.14-16, Mt 5.27-28,31-32, 19.6-9, Jo 4.16-18, 1Tm 3.2, Tt 1.6), os casais evangélicos
já apresentam índices de divórcio tão elevados quanto índices dos casais não
evangélicos.
Outro
bom exemplo disso, é a discussão sobre metodologia missionária. Embora a Bíblia
ensine que o método da evangelização seja o ensino das Escrituras para
arrependimento e confissão de pecados (Mt 5.1, 28.19-20, Mc 1.5-6, Rm 10.14.17),
para muitos cristãos, a forma (entenda-se como maneira, método, meio) como o
evangelho é pregado nem sempre é considerada como a coisa importante, pois, a
descontextualização teológica de 1Co 9.22 (“Fiz-me fraco para com os fracos,
com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por
todos os modos, salvar alguns”) tem produzido a proliferação de métodos e
estratégia humanas, totalmente desprovidos no poder do Espírito Santo, o que
acarreta falsas conversões, e a formação de cristãos imaturos na fé cristã.
Além disso, esses métodos carnais (Jo 5.42-43) têm produzido muitos malefícios
à evangelização no Brasil, pois o pragmatismo simplista aliado à compreensão
incorreta desta passagem bíblica (1Co 9.22), por exemplo, tem levado cristãos a
participarem de baladas, festas e shows profanos, e coisas semelhantes, sob o
pretexto de “evangelizar as pessoas desses lugares”, o que é inaceitável pelos
princípios do Evangelho de nosso Senhor.
O
modo como alguns cristãos tratam a questão do uso de tatuagem, piercing’s,
alargadores, adornos afins tem lidado, é outro exemplo de como a flexibilização
dos valores da vida cristã tem conquistado cada vez mais adeptos. Geralmente, sobre
esse assunto, esses grupos de cristãos não apresentam um posicionamento respaldado
nas Sagradas Escrituras, e na maioria das vezes (para não dizer todas), seus
posicionamentos favorecem a vontade humana caída, e não a soberania de Deus,
prova clara de que pretendem substituir o ensino do Senhor e dos apóstolos pelo
ensino de homens.
Quase
sempre, o principal argumento que surge, é que Deus não liga para o exterior e
sim para o interior, ou seja, Deus quer o coração, apenas. Este argumento não
tem respaldo bíblico e beira a heresia, pelas seguintes razões:
a)
Deus nunca quis apenas o coração do homem, mas a vida integral do homem
No
jardim do Éden, Deus fazia parte de todos os aspectos da vida do casal primevo
(Gn 1.28-30, 2.15, 3.8-24), e não apenas o coração, tanto é, que
Deus fazia questão da obediência total e irrestrita ao mandamento de não comer
do fruto proibido (Gn 2.16). Se Deus quisesse que o homem se contentasse em
sentir sua gloriosa Presença, Ele não teria punido o casal desobediente (Gn
3.22-24).
Quando
Deus chamou Abraão, Ele exigiu que Abraão agisse com a razão e não com o
coração (Gn 12.1-7), e assim sucessivamente com Moisés, Josué, Samuel, Saul,
Davi, Salomão, Josias, Isaias, Jeremias, Daniel, Ezequiel, Jonas e tantos
outros homens e mulheres de Deus do AT.
Além
disso, o novo testamento ensina claramente que Jesus e os apóstolos nunca
ensinaram a conquista do coração do homem, mas sim o arrependimento dos pecados
e a conversão integral do homem, visando a transformação integral da vida do
ser humano isto é, da consciência, do físico e do espírito (Mt 3.8, 4.17, Jo
3.17-19, Mc 1.15, Lc 13.3, At 2.38, 3.19, 8.22, 17.30, 26.20, Rm 12.1-2).
b)
Deus sabe que o coração do homem é inconfiável
Jr
17.9 não deixa dúvida de que o coração humano é um poço de enganos, pois está
corrompido pelo pecado, e não é capaz de harmonizar-se com a certeza inabalável
do Senhor nosso Deus (Mt 6.21, 13.15, 15.19, At 1.24, 7.51).
c)
Em Cristo Jesus, Deus salvou o homem de forma integral e não só o coração
Em
1Co 6.20, Paulo revela que os salvos em Jesus tiveram o seu CORPO resgatados
pelo preço pago na cruz do Calvário. Cristo remiu todo o ser do homem
(consciência, espírito e corpo), para depois, pelo Espírito Santo, habitar o
corpo regenerado (1Co 6.15).
d)
Toda forma de pensar deve passar pelo crivo do mestre Jesus Cristo
Paulo
ensina que na luta pela pregação do evangelho, Deus concede poder pela Palavra,
para que todo tipo de conhecimento, opinião e ensino, que se levanta contra o
ensino de Cristo, seja anulado e destruído (2Co 10.4-5). Isso quer dizer, que
toda vez que uma opinião ou ensino sobre determinado assunto, destoa dos
parâmetros estabelecidos pelas Escrituras, Deus usará seu poder para destruir
tanto o conhecimento como o seu portador, pois não podem prevalecer sobre o
conhecimento de Deus.
Como
pôde ser notado, as Escrituras ensinam o interesse de Deus pela consciência,
pelo físico e pelo espírito do homem, e não apenas pelo coração, de modo que,
uma vez salvos, toda a nossa maneira de viver (interna e externa), deve
glorificar a Deus, para que o incrédulo ao observar o cristão, não tenha nada
do que o acusar (1Co 10.31, Tt 2.7-8).
O
cristão precisa ter claro em sua mente, que sua opinião sempre destoará da
opinião da sociedade na maioria dos assuntos, e que tudo o que a sociedade
deseja, é fazer com que o cristão torne-se infiel a Deus e concorde com ela (Sl
1.1-2, 2.1-2). Os costumes da sociedade não têm relação com as práticas
cristãs, pois o cristão, por causa do Espírito Santo e da Bíblia Sagrada possui
luz própria, conferida pelo próprio Deus (Mt 5.14), na intenção de que o
cristão seja cada vez mais perfeito como é perfeito Deus nosso Pai (Mt 5.48,
2Tm 3.17).
O
problema é que os cristãos têm renegado a luz do evangelho para abraçarem a luz
turva do mundo, quando são pressionados a tomar alguma posição diante de algum
assunto (tatuagem, homossexualismo, preconceito, política, divórcio, células
tronco, etc). Toda vez que um cristão considera os fundamentos dos ensinos da
Bíblia insuficientes sobre qualquer assunto, e usa o famoso jargão que diz
“hoje não é mais assim”, ele abre mão da luz do evangelho. Esse princípio é
importante, pois é o que estamos vendo em muitos casos, inclusive sobre tatuagem,
piercing’s, alargadores, adornos afins.
O
cristão que procura usar tatuagem, piercing’s, alargadores, adornos afins e
comportamentos semelhantes comete pecado sim, porquê:
1)
todos esses
adornos citados acima, incluídos também as tendências de modas e costumes
afins, são contrários ao padrão da nova vida em Cristo, descritos na Bíblica
Sagrada (Rm 6.4, 7.6). Essas coisas
são próprias do mundo e não procedem do Pai (1Jo 2.16), e ofendem o templo do
Espírito, que é o nosso corpo regenerado em Cristo (1Co 3.16,17). A Bíblia não mostra
os discípulos, nem dos apóstolos praticando os exemplos e as mesmas coisas do
mundo da época deles; ao contrário, o conselho é para que sejam DIFERENTES DELES:
“e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus” (Ef 4.24), e “Sede
imitadores de Deus como filhos amados” (Ef 5.1), 1Tm 4.12,16 “...torna-te
padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza... Tem
cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua desse deveres; porque fazendo
assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes”, 1Tm 6.11 “Tu, porém,
óh homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé,
o amor, a constância, a mansidão” Fp 2.15,16 “Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus
inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual
resplandeceis como astros no mundo; Retendo a palavra da vida, para que no dia
de Cristo possa gloriar-me de não ter corrido nem trabalhado em vão”.
2)
atenta contra integridade do corpo físico
regenerado em Cristo. Jesus Cristo comprou nosso corpo com sua morte na
cruz, para que Deus fosse glorificado em nosso corpo. Quem incrementa ou
adiciona tais elementos mundanos ao corpo físico, retira a glória de Deus do
corpo e peca contra o sacrifício de Cristo (1Co 6.20).
3)
A procura por tatuagem,
piercing’s, alargadores, adornos afins e comportamentos semelhantes, indica
que esse tipo cristão não está satisfeito com o padrão de comportamento e
conduta estabelecido por Cristo (Mt 10.24,25, 2Tm 3.4-5), pois prefere a
marca externa dessas coisas (carnais e passageiras), invés das marcas genuínas
do verdadeiro evangelho (corpo preservado para Glória de Deus, oração, piedade,
humildade, caridade, submissão irrestrita a Cristo, prática constantes das
verdades bíblicas, etc.). Além disso, pode ser um sintoma de carnalidade, de
modo que uma pessoa assim deve ser exortada e devidamente tratada.
4)
A prática
desses costumes não faz parte do conjunto de boas obras mencionadas pela Bíblia
Sagrada (Mt 5.16, Rm 6.13,22, 8.10, 12.1,2,
Ef 2.10, 1Ts 4.4, 1Pe 2.5,11-12,16, 2Pe 5.5,8-9, 1Jo 5.1).
5)
Deus sempre
quis que seu povo fosse diferente do povo secular. Deus elegeu um povo sobre a face da terra para chamar de seu (Ex
6.7, Dt 7.6, 14.2, 33.29, 2Sm 7.24-25, Sl 100.3, 144.15, Is 51.16, Jr 31.1,33,
32.40, Zc 8.8, Lc 1.17, Rm 9.25, 11.1, Tt 2.14, Hb 8.10, 1Pe 2.9-10, Jd 5, Ap
18.4, 21.3), e para que fosse fiel aos seus princípios e valores (Jo 13.15, Rm
12.1-2, Ef 5.1). Do início ao fim da Bíblia vemos Deus tratando com este povo
escolhido com amor, misericórdia e bondade, mas sem abrir mãos de suas verdades
mais soberanas, dentre elas, a santidade (2Co 7.1, 1Pe 1.15-16)! Deus escolheu
um povo na face da terra para ser santo como Ele é Santo, isto é, santo à
maneira de Deus e nunca da forma humana, um povo separado do contexto geral do
mundo para atender propósitos espirituais bem específicos. A Bíblia ensina isso
claramente, e é mais enfática no exemplo de Jesus e dos apóstolos, que
enfatizaram como ninguém a necessidade de “fugir” dos parâmetros mundanos (1Co
6.18, 10.14, 1Tm 6.11, 2Tm 2.22), para sermos acomodados dentro dos princípios
bíblicos que regem a vida do povo de Deus. É possível que haja em nosso meio
cristãos que não concordem com esse ensino, o que é uma pena, pois a Bíblia
ensina que os que pertencem a Deus ouvem Sua voz e nela se alegram (Jo 8.47);
os que não são, não são porque não querem ouvir e nem praticar o ensino da voz
do Senhor (Lc 10.16, 16.31, Jo 10.27, 12.47, 18.37), inclusive no que tange ao
assunto em questão.
6)
A procura por tatuagem, piercing’s,
alargadores, adornos afins e comportamentos semelhantes, contribui para o
pecado da vaidade e da idolatria do corpo, acarretando exposição indevida do
corpo. É preciso dizer que nossa sociedade pós-moderna alterou o
significado de tais práticas. No passado, tais práticas (a tatuagem em
especial) eram associadas a rituais pagãos, a soldados mercenários,
prisioneiros degenerados e práticas de ocultismo, e a rejeição das mesmas era
notória. Quem as possuía em seu corpo não merecia crédito e sua exposição era
condenada pela sociedade. Entretanto, os valores seculares da atualidade
relativizaram o verdadeiro significado de tais práticas (como é próprio do
mundo caído), tornando-as quase “inofensivas” por meio de seu uso meramente
estético. Do ponto de vista do modismo secular-mundano, é fato que a tatuagem,
por exemplo, assumiu traços de um valor mais estético/artístico, o que atenuou
inclusive a rejeição da mesma nesse meio (mas não no reino de Deus). Hoje em
dia, a sociedade que venera o corpo físico (masculino e feminino), serve-se da
tatuagem como elemento embelezador do corpo, e instiga o homem comum a praticar
tal “procedimento estético” em busca de mais beleza. Mas quem o faz, desfigura
a beleza natural, forjada na imagem e na semelhança do Deus Criador, fornecida
gratuitamente a todo ser humano (Gn 1.26). Ocorre que a veneração do corpo e a
exaltação desmedida da forma física, que é vaidade, é condenada por Deus em sua
palavra (Dt 32.21, 2Rs 17.15, Sl 4.2, 24.4, 31.6, 94.11, 119.37, Pv 21.24, Hb
2.3, Rm 8.20, 1Co 7.31, Fp 2.3, 1Pe 3.3-4), pois, induz o culto ao corpo. Além
disso, o conceito estético dado à tatuagem nos dias de hoje, induz o pecado da
idolatria, pois o indivíduo tatuado que se expõe fisicamente, assim o faz para
tornar-se o centro das atenções e de admiração. Tanto a veneração do corpo como
a idolatria, nesse caso, resultam numa espécie de narcisismo, que é
completamente reprovado pelos princípios e valores da palavra de Deus.
7)
É um ato claro
de rebeldia consciente contra os princípios das Escrituras que proíbem a
prática de tal pecado. Apesar dos
inúmeros fundamentos bíblicos apresentados, do exemplo de vida cristão deixado
pelo Senhor Jesus Cristo e seus apóstolos, muitos cristãos ainda ousam
contestar tais ensinamentos, e seguindo as paixões da carne (Tt 3.3), praticam
tais coisas, sem nenhum remorso. Infelizmente, tais pessoas correm o risco de
estarem rebelando-se contra Deus, o Justo Juiz, e atraindo condenação para suas
vidas (Ap 21.8), pois estão insurgindo-se contra a Palavra da verdade (Jo
7.16-17, 8.31, 10.27, 14.15,21, 15.10). É preciso orientar novamente com amor e
graça, as pessoas que assim estejam procedendo, baseado no princípio de 2Co
13.5: “Examinai a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós
mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais
reprovados”.
8)
A IAP possui
vasto material doutrinário, baseado nas Escrituras, e orienta seus membros a
reprovar as práticas mundanas. A IAP
(Igreja Adventista da Promessa) entende à luz das escrituras, que qualquer
prática classificada pela Bíblica Sagrada como mundana, deve ser,
preventivamente evitada, e combatida biblicamente nos casos desacautelados.
Para isso, cito alguns insumos doutrinários que fornecem subsídio para a tese
aqui formulada:
8.1 Lição Bíblica, série “Cristãos de verdade- evidências que
mostram se você é (ou não) um salvo em Cristo, à luz das cartas de João” –
estudos 1 a 12 “Não ame o mundo”.
8.2 Estudos para pequenos grupos. “Abra os olhos! Marcas da
sociedade contemporânea que desafiam os cidadãos do reino” – Lição 1 e 16.
8.3 Estudos para pequenos grupos. “Conta mais uma! Os desafios
das parábolas do Reino para cristãos da atualidade” – Lição 2, 3, 6, e 15.
8.4 3 Estudos para pequenos grupos. “O rei ordena: mandamentos
do Rei para os cidadãos do reino” – Lição 1, 3, 13, 14 e 16.
8.5 O doutrinal: nossa crença ponto a ponto.
Por
tudo isso, concluo que a procura por tatuagem, piercing’s, alargadores, adornos
afins e comportamentos semelhantes, configura pecado, porque são práticas
contrárias aos ensinos da Palavra de Deus, punível com a disciplina de
perda dos direitos de membro, nos termos dos estatutos e regimentos da IAP..
Pr. Carlos Eduardo Soares da Silva
Pastor na IAP Telêmaco Borba - PR
Advogado e Mestrando em Teologia (Faculdade
Batista do Sul)