sexta-feira, 28 de julho de 2017

10 Razões para Aceitar a Ressurreição de Jesus como Fato Histórico

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Quando deixei o ministério devido ao meu ceticismo, um dos fatores envolvidos na minha partida dizia respeito à confiabilidade dos documentos do Novo Testamento e à ressurreição de Jesus. As pessoas do Seminário de Jesus me fizeram desconfiar se eu poderia confiar no que o Novo Testamento diz e se eu poderia realmente aceitar a ressurreição literalmente corporal de Jesus de Nazaré. Em julho de 2005, minha vida mudou. Entrei na livraria cristã Lifeway em Winston-Salem, Carolina do Norte, e li três livros que mudaram minha vida mais do que qualquer outro livro fora da Bíblia.  Eu descobri Em defesa de Cristo, de Lee Strobel, Evidência que Exige um Veredito, de Josh McDowell e A Ready Defense, também de McDowell. Descobri que existem muitas razões para aceitar a ressurreição de Jesus de Nazaré como um fato histórico.
Ao longo dos anos, a evidência tem aumentado cada vez mais para a historicidade da ressurreição de Jesus. Este artigo irá fornecer 10 dos argumentos mais fascinantes para a ressurreição de Jesus de Nazaré. Esta lista não é exaustiva e minhas relações com cada argumento são extremamente breves. No entanto, espero que esta lista seja um ponto de partida para você considerar a autenticidade da ressurreição de Jesus.
1. As primeiras testemunhas oculares eram mulheres. As primeiras testemunhas oculares da ressurreição eram mulheres. Todos os Evangelhos observam que as primeiras pessoas a descobrir o túmulo vazio eram mulheres. Mateus observa que “depois do sábado, à medida que o primeiro dia da semana amanhecia, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro… O anjo disse às mulheres: ‘Não tenham medo, porque sei que vocês estão procurando Jesus que foi crucificado. Ele não está aqui. Porque ressuscitou, como disse. Venha e vejam o lugar onde ele estava’” (Mateus 28:1, 5-6) [1]. As mulheres não eram tidas em alta estima. Na cultura greco-romana, o testemunho de uma mulher não era admissível em tribunal. Nos círculos judaicos, foi necessário o testemunho de duas mulheres para equiparar o de um homem. Se inventassem uma história, as últimas pessoas que se colocariam como primeiras testemunhas seriam mulheres, a não ser que fosse verdade.
2. Fatos Mínimos Sobre a Ressurreição. Gary Habermas popularizou o chamado argumento de fatos mínimos para a ressurreição. Os fatos mínimos são aquelas coisas que são aceitas por quase todos os eruditos do Novo Testamento. Os fatos mínimos são “1. Jesus morreu por crucificação. 2. Os discípulos de Jesus acreditavam que Ele ressuscitou e lhes apareceu. 3. Paulo, o perseguidor da Igreja, mudou repentinamente. 4. O cético Tiago, irmão de Jesus, mudou de repente. 5. O túmulo estava vazio” [2]. Esses fatos são quase universalmente aceitos pelos estudiosos do Novo Testamento, incluindo os liberais.
3. Transformação dos Primeiros Discípulos. Como observado nos fatos mínimos, Tiago, o irmão de Jesus, mudou de um cético para um crente por causa da ressurreição. Tiago, juntamente com seus irmãos, não acreditava em Jesus durante o início do ministério de Jesus (ver João 7:5). No entanto, Jesus apareceu a Tiago (1 Coríntios 15:3-9) e Tiago se tornou um líder na igreja de Jerusalém. Sua morte é registrada por Josefo [3]. Paulo é outro exemplo de alguém que foi completamente transformado pela ressurreição de Jesus. Paulo tinha sido perseguidor da igreja. Depois de testemunhar Jesus ressuscitado, Paulo tornou-se um proclamador para a igreja.
4. Detalhes Embaraçosos da Ressurreição. Historicamente falando, detalhes embaraçosos acrescentam veracidade a uma alegação histórica. O fato de que as mulheres foram as primeiras testemunhas, que um membro do Sinédrio (o mesmo Sinédrio que executou Jesus) teve que dar a Jesus um enterro adequado, e que os discípulos estavam temerosos e fugiram, todos servem como fatores embaraçosos para o relato da ressurreição.
5. Vontade de morrer pelo que foi conhecido. Muitas pessoas morreriam pelo que acreditam ser verdade. Mas ninguém morreria por algo que erroneamente inventou. Os discípulos sabiam se eles estavam dizendo a verdade. Contudo, descobre-se que os discípulos estavam dispostos a morrer pelo que sabiam ser verdade. Estêvão morreu apedrejando (Atos 7:54-60), Tiago de Zebedeu morreu pela espada nas mãos de Herodes (Atos 12:2), Tiago, irmão de Jesus, foi assassinado [4] e Pedro e Paulo morreram pelas mãos de Nero [5].
6. Evidencia documental. A evidência documental para a ressurreição de Jesus é muito boa. O historiador procura descobrir quantas fontes primárias e secundárias [6] podem ser reunidas para um evento para determinar a sua historicidade. Em relação às fontes primárias, a ressurreição tem o relato de Mateus, o relato de João e o relato de Paulo em 1 Coríntios 15, incluindo as referências adicionais de Tiago (se alguém aceita que Tiago escreveu a carta atribuída a ele) e Judas. São fontes secundárias para a ressurreição: Lucas, Marcos, Clemente de Roma e, em menor grau, Inácio e Irineu.
7. Evidência circunstancial. Douglas Groothius observa que a evidência circunstancial da historicidade da ressurreição é “a prática da igreja primitiva na observação do batismo, da Ceia do Senhor e da adoração dominical” [7]. O batismo baseia-se na analogia da morte, sepultamento e ressurreição de Jesus. A Ceia do Senhor é um símbolo da morte sacrificial de Cristo. Além disso, é bastante estranho que os judeus fiéis mudassem sua adoração de uma noite de sexta-feira para sábado a domingo, a menos que algo importante ocorresse em uma manhã de domingo. O grande evento de domingo de manhã foi a ressurreição de Jesus.
8. O Motivo Perdido. [O detetive] J. Warner Wallace observou em suas palestras e livros que quando uma conspiração é formada, três fatores motivadores estão por trás desse movimento – poder, ganância e/ou luxúria [8]. Os discípulos não teriam nenhum motivo oculto para reivindicar a ressurreição como história. Eles estavam circulando por aí, sendo muitas vezes ameaçados pelas autoridades judaicas e romanas. Quanto à cobiça, ensinaram que não se deve desejar bens terrenos, mas espirituais. A luxúria também não era um fator. Eles ensinaram o celibato antes do casamento e a fidelidade conjugal após o casamento. De fato, N. T. Wright observa em seu livro clássico, A ressurreição do Filho de Deus, que os discípulos não tinham nenhuma motivação teológica oculta reivindicando que Jesus havia ressuscitado dos mortos como eles estavam antecipando um herói militar e uma ressurreição final no fim dos tempos. Que fatores motivadores existiam para que esses discípulos inventassem tal história? Nenhum! A única razão pela qual os discípulos ensinaram a ressurreição de Jesus foi porque a ressurreição de Jesus tinha ocorrido.
9. Atestado por um inimigo da Ressurreição. Historicamente falando, se alguém detém o atestado do inimigo de um evento, então o evento é fortalecido. Quando se considera as reivindicações das autoridades de que os discípulos tinham roubado o corpo de Jesus (Mateus 28:11-15), o testemunho da ressurreição é fortalecido. A crença inicial de que os discípulos tinham roubado o corpo de Jesus é reforçada pela descoberta da Inscrição Nazaré que ordena a pena capital para quem rouba um corpo de um túmulo [9]. Além disso, várias referências a Jesus e sua ressurreição incluem citações de Josefo [10], Tácito [11] e Suetônio [12], entre outros (incluindo o Talmude Babilônico).
10. Múltiplas testemunhas oculares pós-ressurreição. Finalmente, há vários testemunhos oculares relacionados à ressurreição de Jesus. Várias pessoas tinham visto Jesus vivo por um período de 40 dias. As testemunhas oculares incluem Maria Madalena (João 20:10-18), as mulheres que acompanhavam Maria no túmulo (Mateus 28:1-10), os guardas romanos (Mateus 28:4), os Onze discípulos (João 21), os dois homens no caminho de Emaús (Lucas 24:13-35), um número indeterminado de discípulos (Mateus 28:16-20); mais de quinhentos discípulos (1 Coríntios 15:6), a Tiago (1 Coríntios 15:7) e a Paulo (1 Coríntios 15:8-9). Estou certo de que houve muitas outras testemunhas que são anônimas.

Conclusão:

Muitas outras evidências poderiam ser dadas para a ressurreição de Jesus. Pensando nos métodos da história, é preciso entender que há uma razão pela qual os americanos aceitam o primeiro presidente dos Estados Unidos como George Washington e não Bob Esponja. A História apoia a alegação de que Washington foi o primeiro presidente. Da mesma forma, a história apoia a realidade da ressurreição de Jesus. Agora, a questão é esta: O que você vai fazer com essa informação? Alguns vão tentar ignorar o evento. Alguns tentarão descartá-lo. Outros reconhecerão a natureza factual do evento e adorarão Jesus como o Senhor ressuscitado. É minha oração que você faça o último.

Notas:
[1] Salvo indicação em contrário, todas as Escrituras citadas vêm da Bíblia Cristã Padrão (Nashville: Holman, 2017).
[2] Gary R. Habermas e Michael R. Licona, The Case for the Resurrection of Jesus (Grand Rapids: Kregel, 2004), 48-50, 64-69.
[3] Josefo, Antiguidades XX.200.
[4] Ibid.
[5] Eusébio, História da Igreja XXV.5.
[6] Fontes primárias são documentos escritos por testemunhas oculares. Fontes secundárias são documentos escritos por indivíduos que conhecem testemunhas oculares. Por exemplo, meu avô foi uma testemunha ocular da maior batalha naval na história da Segunda Guerra Mundial. Das informações que meu pai recolheu dele, ele seria uma fonte secundária, enquanto meu avô teria sido uma fonte primária.
[7] Douglas Groothius, Christian Apologetics: A Comprehensive Case for Biblical Faith (Downers Grove; Nottingham, UK: IVP Academic; Apollos, 2011), 553-554.
[8] Ver J. Warner Wallace, “Resposta rápida: Eu acho que os discípulos mentiram sobre a ressurreição”, Cold-case Christianity.com (17 de outubro de 2016), acessado em 11 de abril de 2017, http://coldcasechristianity.com/2016/rapid-response-i-think-the-disciples-lied-about-the-resurrection/.
[10] Josefo, Antiguidades XX.9.1.
[11] Tácito, Anais XV.
[12] Suetônio, Vidas dos Césares-Claudio 25 e Suetônio, Vidas dos Césares-Nero 16.

Texto de Brian Chilton, fundador do BellatorChristi.com e anfitrião do The Bellator Christi Podcast. Recebeu seu Mestrado teológico em Divindade pela Liberty University, seu Bacharel de Ciências em Estudos Religiosos e Filosofia da Gardner-Webb University, recebeu certificação em Apologética Cristã da Biola University, e espera trabalhar em estudos de doutorado em breve. Brian é o pastor da Igreja Batista de Huntsville em Yadkinville, Carolina do Norte.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

A Metapsicologia Ateísta de Freud

http://bereianos.blogspot.com.br/2017/05/a-metapsicologia-ateista-de-freud.html
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Existem, pelo menos, três grandes teorias ateístas que têm moldado fortemente a cultura contemporânea em oposição à cosmovisão cristã: o marxismo, o darwinismo e o freudianismo. Já tratei da sangrenta e herética ideologia marxista aqui e também fiz pontuações sobre o cientificismo do evolucionismo (neo)darwinista aqui, cabe agora fazer algumas considerações sobre a psicanálise freudiana.

PRESSUPOSTOS DA PSICANÁLISE FREUDIANA

O freudianismo se sustenta sobre três pressupostos básicos[1]:

1. Ontologia materialista: Segundo a metapsicologia freudiana, a natureza do mental é material. Os estados mentais inconscientes são, em última instância, estados cerebrais.
2. Epistemologia naturalista: A psicanálise freudiana está alinhada com o naturalismo científico. O homem é concebido a partir de um ponto de vista antropológico naturalista como uma espécie biológica e a psicanálise é entendida como uma ciência natural.
3. Metodologia pessimista: A técnica utilizada pela psicanálise é a associação livre, na qual o sujeito articula livremente a fala e o analista fica em atenção flutuante atento, não à fala em si, mas as manifestações do inconsciente. O pessimismo terapêutico do freudianismo questiona a possibilidade da felicidade, pois há uma tendência natural no psiquismo (a pulsão de morte) para a autodestruição.

Ao assumir uma ontologia materialista e uma epistemologia naturalista, a psicanálise freudiana se coloca em contradição com a antropologia cristã, que concebe o homem como dotado de uma alma racional e imortal. O materialismo freudiano destrói o fundamento da dignidade humana ao conceber o homem como um mero amontoado de células. Além disso, por seu materialismo mecanicista, Freud compreende um determinismo psíquico segundo o qual as “escolhas” humanas em Freud são vistas como determinadas pela rede de conexões causais dos processos do inconsciente:

“Notarão desde logo que o psicanalista se distingue pela rigorosa fé no determinismo da vida mental. Para ele não existe nada insignificante, arbitrário ou casual nas manifestações psíquicas. Antevê um motivo suficiente em toda parte onde habitualmente ninguém pensa nisso; está até disposto a aceitar causas múltiplas para o mesmo efeito, enquanto nossa necessidade causal, que supomos inata, se satisfaz plenamente com uma única causa psíquica” [2]

Era de se esperar que dessa antropologia naturalista viesse um pessimismo terapêutico. A morte é o único destino que resta ao homem. Não há esperança de cura para as patologias psíquicas e os desejos do homem são insaciáveis. Com base na insaciabilidade desses desejos, Freud argumentava contra a existência de Deus dizendo que Ele era apenas uma projeção dos fortes desejos internos do coração humano. O indivíduo se sentiria impotente na idade adula criando uma figura paterna semelhante aquela que lhe protegeu na infância:

“A psicanálise dos seres humanos de per si, contudo, ensina-nos com insistência muito especial que o deus de cada um deles é formado à semelhança do pai, que a relação pessoal com Deus depende da relação com o pai em carne e osso e oscila e se modifica de acordo com essa relação e que, no fundo, Deus nada mais é que um pai glorificado.”[3]

O argumento de Freud poderia ser colocado assim: (1) Uma ilusão é uma projeção dos nossos desejos sem bases no real; (2) Deus é uma projeção dos nossos desejos sem bases no real; (3) Logo, Deus é uma ilusão. A verdade, por outro lado, é que a paternidade de Deus na Trindade é o arquétipo das paternidades humanas, não o contrário. [4] Freud comete uma falácia genética por querer invalidar a verdade de uma crença com base em sua possível origem.

Além disso, como o próprio Freud reconhece, a relação com o pai reserva uma ambivalência de amor/ódio em que a criança deseja a proteção do pai e ao mesmo tempo deseja a morte do pai. Neste caso, mesmo o ateísmo poderia ter alguma base no desejo. A rejeição de uma Autoridade Última poderia ter bases no desejo de que ninguém interferisse nas nossas vidas. Podemos observar também, como disse C.S. Lewis, que a existência em nós de um desejo que não pode ser saciado neste mundo indica a existência de uma Satisfação além mundo para esse desejo [5].      

COMPLEXO DE ÉDIPO E MORALIDADE

O freudianismo busca fornecer uma solução para o problema da moralidade no ateísmo. Se não existe Deus, como explicar a culpa que o homem sente por suas transgressões da lei? Nesse sentido, a psicanálise desenvolveu a ideia de um conflito universal chamado “Complexo de Édipo”.

Freud acreditava que existiram hordas primitivas nas quais o patriarca detinha sob o seu poder todas as mulheres da horda. Isso levou a uma revolta por parte dos filhos que mataram o pai. A morte do pai deu origem ao sentimento de culpa, pois os filhos alimentavam um sentimento ambivalente de ódio/amor pelo pai, visto que o patriarca também era fonte de proteção.

Ninguém teve coragem de substituir o lugar do Pai. O Pai foi substituído, então, por um símbolo religioso (totem) e foram instauradas duas leis: “Não matar o pai” (proibição do parricídio) e “Não tomar as mulheres da horda” (tabu do incesto). Essas duas proibições fundaram a civilização humana, de modo que essas leis estão presentes em todas as culturas: “A cultura totêmica baseia-se nas restrições que os filhos tiveram de impor-se mutuamente, a fim de conservar esse novo estado de coisas. Os preceitos do tabu constituíram o primeiro ‘direito’ ou ‘lei’.” [6]

Essa ocorrência fundante da cultura ocorre também em cada homem individualmente. Para Freud, a criança, desde o nascimento, experimenta vários prazeres sexuais. Primeiro ela se excita oralmente com o seio materno, depois com o prazer anal da defecação, até chegar a uma fase em que começa a teorizar sobre o pênis.

Toda criança acreditaria, a princípio, que o pênis é universal. Para o menino, tudo e todos possuem pênis, até que ele descobre que meninas não o possuem. Essa descoberta geraria uma angústia na criança que, imaginando que as meninas perderam seu pênis, teme perder o seu também. O menino teme ser castrado pelo pai e por isso passa a desejar que o pai morra para que ele possa ficar com a mãe.

A percepção e aceitação das diferenças sexuais anatômicas pela criança seria o que proporcionaria a formação de uma agência psíquica moral reguladora (superego) possibilitando que a criança se converta de um pequeno selvagem para um adulto civilizado. Civilizar-se, no entanto, exige o recalcamento dos desejos incestuosos pela mãe e do desejo da morte do pai, o que torna o homem civilizado um neurótico angustiado.

A consciência moral (superego), portanto, seria formada com a dissolução do complexo edípico. A agência de censura psíquica se construiria na infância a partir da relação com os pais:

“O longo período da infância, durante o qual o ser humano em crescimento vive na dependência dos pais, deixa atrás de si, como um precipitado, a formação, no ego, de um agente especial no qual se prolonga a influência parental. Ele recebeu o nome de superego. Na medida em que este superego se diferencia do ego ou se lhe opõe, constitui uma terceira força que o ego tem de levar em conta.” [7]

O Cristianismo, por outro lado, defende que todos já nascem com a lei gravada em seus corações. E, novamente aqui, a psicanálise freudiana está em oposição à antropologia cristã: “Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os” (Romanos 2.15). 

Paulo está respondendo à pergunta: “Como os gentios poderiam ser culpados de negar o Deus verdadeiro e de quebrar a Lei, se Deus e sua Lei não foram revelados a eles como o foi a Israel?” Paulo responde isso dizendo que eles conhecem Deus e a Lei por meio da natureza, tanto externa, quanto interna. Portanto, eles são condenados com base na Lei objetiva de Deus gravada no coração humano. Paulo não tem em mente uma consciência subjetiva construída durante o desenvolvimento psíquico, ele tem em mente a consciência judiciosa que Deus implantou na natureza humana. 

Além disso, o pecado não pode ser reduzido a uma noção psicologista de “id”, nem a culpa deve ser entendida como um desprazer ocasionado pelo acúmulo de energias no aparelho psíquico. Biblicamente os pecadores são real e verdadeiramente culpados pelos seus pecados. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A psicanálise freudiana é uma teoria materialista, naturalista, determinista e reducionista, cujos pressupostos estão em evidente oposição à Cosmovisão cristã. A concepção de moral da Psicanálise, como baseada numa instância psíquica formada com a dissolução do complexo edípico, é oposta ao ensino bíblico de que Deus imprimiu a lei na natureza do homem. Sendo assim, a metapsicologia freudiana, assim como a ideologia marxista e o darwinismo cientificista, é uma teoria ateísta.

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Notas:
[1] Pressupostos de algumas abordagens da Psicologia. Compactação que eu fiz do capítulo “Freud e a Psicanálise: Uma visão de Conjunto – Richard Theisen Simanke & Fátima Caropreso” do livro “História e filosofia da psicologia: perspectivas contemporâneas. Juiz de Fora: Editora da UFJF, 2012” organizado por Saulo de Freitas Araújo.
[2] 5 Lições de Psicanálise – Sigmund Freud.
[3] Totem e Tabu e outros trabalhos – Sigmund Freud.
[4] Teologia Sistemática I – Norman Geisler, CPAD, 2015, página 533.
[5] Deus em Questão: C.S.Lewis e Sigmund Freud debatem Deus, amor, sexo e o sentido da vida – Armand M. Nicholi Jr, páginas  55 e 56..
[6] O mal estar na civilização – Sigmund Freud.
[7] Esboço de Psicanálise – Sigmund Freud.

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Autor: Bruno dos Santos Queiroz
Divulgação: Bereianos

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Marxismo-Cristão: Uma Contradição Alarmante

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1. Para Início de Conversa

Este é o tipo de texto que me deixa feliz ao escrever, pois tratarei de campos do saber que muito me agradam discutir e que fazem parte da minha formação acadêmica. Com graduação em História e especializado em Ciência Política, conheço e estudei o marxismo sob a ótica de diversos teóricos favoráveis e contrários às ideias difundidas por Karl Marx - esta figura controversa. Sou da opinião de que algo da sua leitura acerca das relações entre empresários e trabalhadores (no contexto da Revolução Industrial) não pode ser totalmente desprezada, no entanto, creio que sua desgraça foi reduzir todo o fluxo da História apenas à questão econômica. Também acredito que ele não conseguiu escapar de algo que tanto atacou: a ideologia. O mais irônico é ter as suas ideias utilizadas como uma religião. A tragédia marxiana foi denunciar o ópio da religiosidade e acabar vendo seus seguidores produzindo uma droga sintética chamadamarxismo-leninismo[1].

Como veneno não cura veneno, onde quer que o marxismo-leninismo tenha se instaurado como regime, deixou um rastro de miséria que faz com que os países do leste europeu - que integraram a antiga União Soviética - recebam de muito bom grado as ideias vindas da boca do diabo, mas rechacem todo e qualquer pressuposto que tenha sua raiz no pensamento de Marx. Isto porque em nome do ideal comunista, que envolvem a ditadura do proletariado e a luta de classes, as atrocidades cometidas pelos líderes “revolucionários” se equiparam a de nomes execráveis como Hitler e Bin Laden. O governo de Stalin, por exemplo, foi um dos mais mortais, superando e muito o número elevado de mortes produzido pelo nazismo. Esta mórbida associação entre stalinismo e nazismo é esmiuçada pela filósofa e teórica política Hannah Arendt:

O único homem pelo qual Hitler sentia “respeito incondicional” era “Stalin, o gênio”, e, embora no caso de Stalin e do regime soviético não possamos dispor (e provavelmente nunca venhamos a ter) a riqueza de documentos que encontramos na Alemanha nazista, sabemos, desde o discurso de Khrushchev perante o Vigésimo Congresso do Partido Comunista, que também Stalin só confiava num homem, e que esse homem era Hitler[2].

Aos que pensam que o totalitarismo foi coisa de Stalin apenas, pesquisem sobre as denúncias de Alexander Solzhenitsyn sobre o governo autocrático de Lenin e vejam a absurda e atual falta de liberdade interna na China e na Coréia do Norte. Como disse Schaeffer, a repressão “é uma parte integrada ao sistema comunista”[3]. Logo, o remédio que o marxismo se dispôs aplicar para curar a enfermidade da sociedade é tão desastroso, que é preferível permanecer doente. Esta é a lógica do paciente quando sabe que as contraindicações medicamentosas são bem piores do que os sintomas da doença.


2. Porque Marxismo e não Socialismo?

Considero que seja bom explicar a adoção do termo marxismo ao invés de falar socialismo (ou comunismo). Faço isso pelo fato do conceito de socialismo ser usado de uma forma tão variada que supera os postulados marxianos. Alguns socialistas, como Crosland, não enxergam o socialismo como sendo um poder antagônico ao capitalismo, mas sim uma forma de aprimorar as condições de trabalho e melhorar a vida dos trabalhadores, mesmo dentro do sistema capitalista. Acaso não é assim que são geridas as sociais-democracias europeias? O sociólogo P. Jaccard afirma em sua obra Histoire sociale du travail que em matéria social, tudo que foi realizado no mundo de língua inglesa, na Suíça, nos Países Baixos, na Escandinávia e na Alemanha, deve-se ao pensamento cristão com pressupostos bíblicos. Corrobora com isso a fala do primeiro-ministro britânico Clement Attle, sucessor de Churchill, que certa feita afirmou ser a Bíblia, e não os escritos de Marx, a base do socialismo britânico. Este socialismo do qual Attle se refere é aquele que após a II Guerra, com o continente europeu arrasado economicamente, introduziu o Estado do bem-estar social com uma economia mista, algo pensado por conservadores e liberais para evitar a influência do marxismo-leninismo.

Para que se tenha a noção da abrangência do termo socialismo, este foi incorporado ao partido nazista alemão. O nome não abreviado do partido liderado por Hitler era Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. E, embora seja verdade que pressupostos marxistas estejam presentes no programa de governo do partido alemão, a classificação mais correta da ideologia por detrás do regime hitlerista seria o nacionalismo e não o marxismo. Por isso então decidi utilizar marxismo ao invés de socialismo, contudo faço uma ressalva: todos os partidos intitulados de esquerda no Brasil são marxistas. Na maioria de suas sedes é possível ver os retratos de Marx e Lenin pendurados na parede (faça uma visita e confirme)[4].

Mediante o que foi dito acima, toda crítica feita ao marxismo pode ser entendida como uma crítica à ideologia dos partidos que compõem a esquerda brasileira e que possuem os termos socialista ou comunista em seus nomes. Os apontamentos feitos serão teóricos, mas como toda teoria redunda na prática, caberá ao leitor fazer a devida análise do que aqui será denunciado como anticristão e comparar com as bandeiras levantadas pelos esquerdistas.

3. O Marxismo como uma Religião Herética

Como dito no começo do texto, o marxismo tem características de religião. Uma religião secularizada - é bem verdade - pois tem sua base no materialismo. Marx era estudioso e admirador do materialismo de Epicuro[5]. Este filósofo grego acreditava que o mundo era composto de átomos que do vazio (espaço) se movem verticalmente para baixo. É o desvio do movimento dos átomos que dá origem as coisas. O homem, fruto desse desvio, é um combinado de átomos pesados e leves, que formam respectivamente o corpo e a alma. Os epicuristas entendiam que a alma é mortal e não eterna, uma vez que todo composto atômico é dissolúvel.

Epicuro rejeitava a ideia da eternidade dos corpos celestes, e pretendia livrar os homens das amarras da superstição religiosa. Embora não seja um determinismo, pois o desvio dos átomos aponta para uma gama de possibilidades não determinadas, o atomismo epicureu mantém as suas bases mecanicistas, sendo o homem e toda realidade material fruto da casualidade do movimento atômico. O jovem Marx manteve essa base ontológica para fundamentar o seu materialismo histórico. André Bieler esclarece assim o conceito materialista marxiano: “[...] conforme as suas concepções, é o material que precede e determina o espiritual, e não o contrário, como o ensina a ética cristã”.[6]

Se nós somos cristãos e temos os nossos pressupostos baseados na Escritura, logo, não podemos abraçar uma doutrina concorrente ao cristianismo. Ainda mais quando esta corrente enxerga a religião, ou melhor, a metafísica como sendo um produto da opressão, uma vez que os oprimidos a inventaram como um entorpecente que alivia a dor (ópio). A doutrina cristã não foi fabricada. Ela é a revelação de Deus por meio do seu Filho, trazendo boas novas de salvação. Não que ela negue que existam opressores e oprimidos, essa realidade existe e se lermos os profetas, os evangelhos e as cartas apostólicas, veremos que Deus está sempre do lado dos pobres quando os ricos não agem corretamente e tolhem a justiça, devido a sua ganância[7]. Mas isto é muito diferente do que almeja o marxismo.

Marx, junto com Engels, criou uma soteriologia ao anunciar o fim da opressão quando o proletariado se rebelar contra a burguesia e tomar o poder político e econômico, controlando os modos de produção e a máquina estatal. É um enredo religioso-escatológico, pois a sociedade sem classes e sem miséria certamente chegaria (Marx tinha esperanças de ver isso ainda no séc. 19). A certeza deste mundo idílico é fruto de sua tese na luta de classes. Segundo Marx e Engels, toda a história se resume no conflito entre opressores e oprimidos, sendo que este segundo grupo, cansado da exploração acaba fazendo a revolução e subvertendo a ordem vigente. Logo, o governo do proletariado iria dar um basta no capitalismo burguês. O que os marxistas não esperavam é que o capitalismo aliado à democracia cativava mais os trabalhadores do que o ideal revolucionário.

Daí entendemos o porquê do Cristianismo sempre ser perseguido nos regimes marxistas. Primeiro: Para o cristão, as desigualdades e injustiças econômicas são fruto do pecado e o único capaz de curar esse mal é Jesus Cristo. Mas a promessa de um mundo sem dor e sem lágrimas está no porvir (Ap 21.4). Ora, isso frustra os marxistas que pregam o Reino dos Céus na terra, algo que não funcionará enquanto o pecado dominar o coração humano. Tanto as sugestões marxianas como as de qualquer outra ideologia que busque o fim da pobreza não serão bem-sucedidas neste mundo corrompido. Podemos ter uma agenda política que pregue uma melhor distribuição da riqueza nacional, ou o Estado do bem-estar social. Podemos criar programas de microcrédito e de transferência de renda. Podemos ver o incentivo estatal e privado na educação profissionalizante. Seja qual for, como observa Aaron Armstrong, “[...] essas soluções estão tratando os sintomas, não a causa; estão podando os galhos, não desenterrando a raiz. A questão principal por trás da pobreza é o pecado”[8]. Algumas dessas ideias podem até minorar muitos males, mas não acabarão definitivamente com a injustiça e opressão existentes na sociedade.

Segundo: Muitos marxistas colocaram a culpa do fracasso do prognóstico de Marx e Engels[9] nos fundamentos do Cristianismo. Para eles, não é conveniente concorrer com o messianismo cristão. Por isso que homens como Gramsci chegaram a afirmar que o melhor para se chegar ao comunismo (o reino escatológico marxista), necessário seria descristianizar a sociedade. A nova faceta do marxismo foi se infiltrar na cultura e na Academia, desconstruindo os valores e instituições tradicionais da burguesia, das quais se encontram não só o capitalismo, mas a família e a fé cristã[10]. Por isso que o relativismo moral está tão presente na fala e nas atitudes dos defensores do marxismo-leninismo. Se o Cristianismo é firmado em absolutos morais (os mandamentos), uma forma de lutar contra ele é relativizando os conceitos de certo e errado.

Chegamos à clara oposição do método de pensamento cristão e o marxista. O primeiro é antitético e o segundo, dialético[11]. A antítese funciona da seguinte maneira: Se A é verdadeiro, logo A não pode ser falso. Tendo duas alternativas, poderíamos ilustrar assim: A e B, se A é verdadeiro, logo B é falso. Já a síntese vai dizer que a verdade é parcial tanto em A quanto em B, desembocando numa terceira via: C. Não foram poucos os cristãos que caíram nessa rede e até buscaram sintetizar o Evangelho com os pressupostos marxianos, gerando assim uma heresia que tem dominado muitos círculos teológicos[12].

O “canto da seria” que encanta muitos cristãos que se afogaram em mares marxistas é o discurso da dignidade humana. Ora, este discurso coaduna com o que diz a Bíblia. No entanto, Marx tomou emprestado este conceito do cristianismo para engendrar um programa político que atingisse o seu objetivo escatológico. Mas como falar em dignidade humana se não há absolutos morais? Uma ideologia que desconsidera Deus, que assume uma ética relativista e fundamenta-se no materialismo não irá promover uma sociedade mais justa. Pelo contrário! A História serve como testemunha, ou será que precisam surgir outros Stalin’s ou Mao’s para que de uma vez por todas as pessoas enxerguem a face do mal e o abomine?

 4. Para Encerrar o Assunto

Creio que mais nítido do que isto não poderia escrever. O marxismo é, como diria Schaeffer, uma heresia cristã; e como tal não pode ser abraçada por quem ama o Evangelho e se pauta no princípio do Sola Scriptura. Na verdade, toda a ideologia acaba sendo idólatra, pois tem o humanismo por fundamento e deifica algum elemento da criação, depositando nele a salvação. Koyzis salienta:

Assim, cada uma das ideologias tem base numa soteriologia específica, isto é, numa teoria elaborada que promete aos seres humanos o livramento de algum mal fundamental visto como a fonte de uma ampla gama de problemas humanos, entre os quais a tirania, a opressão, a anarquia, a pobreza e assim por diante.[13]

Logo, nenhum cristão deve se identificar com ideologia X ou Y e a ela jurar lealdade. Recentemente vi alguém dizer numa rede social que o capitalismo é de Deus. Claro que não! O liberalismo do início da Revolução Industrial produziu muitas injustiças e feriu a dignidade humana em muitos aspectos. Mas Deus sempre levanta seus profetas para denunciar aquilo que está em desacordo com seus princípios e levanta homens dispostos para trabalhar no socorro dos necessitados. Os irmãos Wesley, apenas para citar um exemplo, fizeram um belo trabalho com os proletários em Londres. Há diversas demandas do capitalismo (liberalismo) que ferem a ordem da criação[14], dando ao homem uma autonomia que ele nunca possuiu.

Sei que muitos de meus irmãos em Cristo que flertam com as ideias marxianas, fazem isso por ingenuidade ou idealismo - o caso dos mais jovens. Tal inocência é resultado da omissão da Igreja em falar sobre política e se posicionar. Uma visão pietista fez o cristianismo recuar na esfera pública e o marxismo-cultural foi ganhando o espaço que encontrou vazio. Quando nossos jovens vão para as universidades, os professores marxistas fazem de tudo para convertê-los a sua cosmovisão. Não são neutros. Logo, a Igreja deveria abandonar a postura da neutralidade e denunciar a inconsistência desta religião idólatra concorrente da Fé Cristã. Oremos para que Deus erga homens corajosos e capacitados para ensinar e fazer política, firmados no crivo bíblico, dando glórias ao SENHOR.

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Notas:
[1] Lenin foi o responsável por fazer uma releitura de Marx e Engels, aplicada ao contexto da Revolução Russa de 1917.
[2]  As Origens do Totalitarismo. Companhia de Bolso. Tradução: Roberto Raposo.
[3] Como Viveremos? Cultura Cristã. Tradução: Gabriele Greggersen.
[4] Embora existam os partidos que se definam como trotskistas (PSOL, PSTU e PCO), estes se dizem os verdadeiros representantes do marxismo-leninismo. Trotsky nunca se opôs a Lenin.
[5] Sua tese de doutorado foi A diferença entre as filosofias da natureza em Demócrito e Epicuro, ficando clara a sua afinidade com o pensamento epicurista.
[6] A força Oculta dos Protestantes. Cultura Cristã. Tradução: Paulo Manoel Protasio.
[7] Dt. 15.7 ss, 24.17, Is 10. 1-4, Ez 16. 49, Am 5.25, Mc 6.12, Zc 7.10,  Mt 11.5, Lc 16.19-31, e Tg 5.1-4.
[8] O Fim da Pobreza. Vida Nova. Tradução: Flávia Lopes.
[9] O grande equívoco marxiano foi reduzir o complexo dos fenômenos humanos no fundamento econômico da luta de classes, como se tudo fosse determinado apenas pela produção.
[10] Leia o meu artigo Love Wins? O Casamento Gay não é uma questão de amor. Disponível aqui.
[11] Embora Marx tenha rompido com o idealismo hegeliano, manteve o seu método dialético e o aplicou ao materialismo. Por isso que o materialismo histórico também é conhecido como materialismo dialético.
[12] No passado tivemos o evangelho social de Walter Rauschenbusch, com viés materialista. Hoje, existe o marxismo-católico que é a Teologia da Libertação e uma fatia da Missão Integral tem abraçado as ideias de Marx e produzido uma teologia sintetizada.
[13] Visões e Ilusões Políticas. Vida Nova. Tradução: Lucas G. Freire.
[14] Princípio que afirma que todas as instituições humanas obedecem à ordem da criação e o mandato cultural que Deus deu a Adão, p. ex. família e Estado. As ideologias humanistas distorcem esta ordem e afirmam que o homem em sua liberdade criou estas instituições no decorrer da história. Damos a isso o nome de historicismo.

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Autor: Pr. Thiago Oliveira
Fonte: Electus
http://bereianos.blogspot.com.br/2017/05/marxismo-cristao-uma-contradicao.html

terça-feira, 18 de abril de 2017

Como o cristão deve se posicionar sobre tatuagem, piercing’s, alargadores, adornos afins e comportamentos semelhantes?


Por Carlos Eduardo Soares da Silva
Apesar de haver muitas opiniões sobre o assunto, consideradas cristãs, nossa intenção não é apenas opinar, mas expor o ensino da Bíblia Sagrada sobre o assunto, destacando o que está por trás do comportamento de cristãos que optam e apóiam o uso de tatuagem, piercing, alargadores, e adornos afins.
Nosso objetivo não é constranger, mas sim exortar em amor (Tt 2.15), com base na autoridade da Palavra de Deus (2 Tm 3.16,17), visando a edificação do corpo de cristo (1Ts 5.11).
Sobre o verdadeiro cristão
Todo cristão deveria ter bem claro e bem definido em suma consciência, o ensino básico das Escrituras descrito em Rm 6.11: “Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus”. Este princípio quer ensinar que alguém que entregou sua vida a Cristo Jesus, não possui mais o domínio sobre si mesmo. Veja a afirmação “...vivos para Deus”. Uma vez morto para o pecado e vivo para Deus, o cristão deve sujeitar-se a Deus e aos valores desse único Deus.
O cristão nascido de novo é alguém que encontra satisfação plena, apenas e tão somente na pessoa do seu Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Precisamos tocar neste ponto mais abrangente, antes de enfrentar a questão específica.
Precisa ficar claro que, para o cristão convertido, Cristo é a única causa (ou motivo) do contentamento, e o único padrão de comportamento a ser imitado, pois do contrário, o cristão cairá no engano de acreditar que pode encontrar bons parâmetros de conduta fora de Cristo, isto é, fora dos padrões apresentados pelo Senhor Jesus, o que é condenado pela Bíblia (Mt 1315), pois, para o cristão convertido, nenhuma outra coisa, pessoa ou padrão, pode ser melhor do que Ele.
É preciso lembrar a doutrina bíblica da conversão. É que o batismo (i) é o símbolo da morte do velho homem e das paixões próprias da carne (Rm 6.3,6,10,13-14), e (ii) e do renascimento de um novo homem, isto é, um cristão moldado conforme o caráter de Cristo para a prática de boas obras (Rm 6.8,10, Jo 3.3, Mt 5.16,48, Ef 2.10, 4.17-24, 2Tm 3.17), e que, em seguida, Deus por sua graça, infunde seu Espírito Santo nesse novo coração arrependido e convertido (Rm 5.5), visando a perseverança na santificação que é indispensável ao cristão que vive neste mundo (1Co 1.2, Hb 14.14).
Esse estado de conversão, aliado ao mover sobrenatural do Espírito Santo que convence do pecado (Jo 16.8), precisa ser capaz de elevar o padrão de consciência e comportamento do cristão em absolutamente tudo, fazendo com que, dia após dia, o cristão não tenha outro objetivo, senão, ser uma imitação adequada do testemunho de Cristo (Mt 5.13, Ef 4.1, 17, 5.8, Cl 2.6, 3Jo 4). Isso quer dizer que, depois da conversão e da imersão no Espírito Santo, frise-se, todos os aspectos da vida de um cristão (valores éticos e morais, emoções, decisões-escolhas-opções-orientações, carreira, namoro visando casamento, casamento, sexualidade, amizade, lazer, família e criação de filhos, porte e conduta, costumes, hábitos, alimentação, opinião, etc.), precisam ser moldados e ajustados ao único padrão corretamente aceitável, que é o padrão de Cristo, pois Nele fomos gerados (1Pe 1.3) e reconciliados (Rm 5.10), até que o padrão caído de Adão desapareça para surgir o Cristo na vida desse cristão.
Imagine se os cristãos maximizassem este princípio e o aplicassem em todas as esferas de sua vida. Imagine a qualidade de vida cristã a igreja desfrutaria!
Em Rm 8.5-13, Paulo vai mostrar que na nova vida com Cristo, é a vontade do Espírito que precisa predominar, e não a do homem (seja ele cristão ou não), pois se não for assim, então isso significa que não é o Espírito Santo (que é o Espírito de Cristo) que habita nesse cristão (Rm 8.7), mas sim o espírito da carne. A carne aspira coisas da carne (Gl 5.17,24) e em nada aproveita (Rm 8.7,8). Cristãos que vão pelo caminho carne (falo de modo abrangente) e não pelo caminho Espírito, não se contentam com a simplicidade poderosa e suficiente do exemplo de Cristo, que viveu nesse mundo de modo humilde, obediente e diferente (Fp .5-8); eles não se lembram do conselho de Paulo ao jovem Timóteo “Tendo o sustento e com o que nos vestir, estejamos contentes” (1Tm 6.8), então, passam a desejar de novo as tendências mundanas (de todo gênero e espécie) para escravizar de novo seus corpos que foram livres do pecado por Jesus Cristo (Rm 8.15). é por isso que ainda há em nosso meio cristãos com dificuldade de abandonar a bebida, a pornografia, e as tendências mundanas, nas quais incluímos tatuagem, piercing’s, alargadores, adornos afins e comportamentos semelhantes.
A esta altura, o(a) leitor(a) já percebeu que os efeitos de uma conversão verdadeira vão muito além dos hábitos de freqüentar uma igreja, contribuir com dízimos e ofertas, cantar, dançar, etc. Abandonar o pecado significa abandonar o sistema do mundo, pois o cristão sabe que tudo o que há no mundo não procede do Pai (1Jo 2.16), está mergulhado nas trevas do maligno (1Jo 5.17) e que só pode prevalecer aquele(a) que pratica a vontade de Deus (1Jo 2.17).
Ser convertido(a) a Jesus Cristo, portanto, é estar inconformado com os padrões de conduta pessoais e com os do mundo, e submeter-se por completo ao senhorio de Cristo, a tal ponto de anular inteiramente o nosso querer (vontade), seja ele de que espécie for (Gl 2.20), para que apenas Cristo apareça em toda nossa maneira de viver (Tt 2.12). Veja algumas passagens que determinam a morte de nossa vontade de toda espécie, para que Cristo resplandeça: Jo 3.30 “É necessário que Ele cresça e que eu diminua”, Mc 1.18 “Então, eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram”, Lc 5.28 “Ele se levantou e, deixando tudo, o seguiu”, “Jo 8.12 “...quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida”, Jo 12.25 “Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna”, e a regra de ouro de Mt 16.24,25 “Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após a mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á”).
Por tudo o que já foi exposto, é possível concluir que o cristão verdadeiro não gasta seu tempo procurando fazer as coisas que o mundo faz, porque sua única preocupação é a glória de Deus em toda sua forma de viver (“Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.”, 1Co 10.31). Esse princípio é a chave para todas as questões da vida cristã, pois ele faz com que o cristão não viva para si mesmo, mas somente para a Glória de Deus.
Para sermos mais claros ainda, na dúvida, questione a si mesmo da seguinte maneira: 1º o que você está pensando em fazer permite que o mundo veja a glória de Deus? 2º ou vai satisfazer apenas sua própria vontade? 3º Cristo será exaltado naquilo que pretendes fazer? As respostas vão indicar se você é um cristão convertido que pensa nas coisas que são de cima (Cl 3.2).
Sobre tatuagem, piercing’s, alargadores, adornos afins e comportamentos semelhantes
Embora a Bíblia não trate dessas coisas pelo nome como as conhecemos, as Escrituras tem autoridade para ensinar o cristão sobre a maneira de proceder nesses assuntos.
Nós, cristãos, não podemos ser ingênuos acerca do modo como o mundo, a carne e o diabo procuram torna-nos desacreditados, nos perseguem (2Pe 5.8), no intuito de enfraquecer nosso testemunho cristão e mundanizar nossos costumes, fazendo com que o não cristão fique confuso acerca da imagem da igreja.
Atualmente, temos assistido uma flexibilização dos valores sagrados da vida cristã[1], como nunca aconteceu. É impressionante o fato de que cada vez mais cristãos estão adotando os procedimento do mundo, ao invés de adotarem os parâmetros de Cristo, e isso é resultado desta flexibilização.
Hoje em dia é comum encontrar cristãos divididos (ou sem posicionamento bíblico claro) acerca de assuntos já esclarecidos pela Escritura. Um bom exemplo disso é o divórcio, que, embora na concepção divina sempre será errado (Ex 20.14, Ml 2.14-16, Mt 5.27-28,31-32, 19.6-9, Jo 4.16-18, 1Tm 3.2, Tt 1.6), os casais evangélicos já apresentam índices de divórcio tão elevados quanto índices dos casais não evangélicos[2].
Outro bom exemplo disso, é a discussão sobre metodologia missionária. Embora a Bíblia ensine que o método da evangelização seja o ensino das Escrituras para arrependimento e confissão de pecados (Mt 5.1, 28.19-20, Mc 1.5-6, Rm 10.14.17), para muitos cristãos, a forma (entenda-se como maneira, método, meio) como o evangelho é pregado nem sempre é considerada como a coisa importante, pois, a descontextualização teológica de 1Co 9.22 (“Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns”) tem produzido a proliferação de métodos e estratégia humanas, totalmente desprovidos no poder do Espírito Santo, o que acarreta falsas conversões, e a formação de cristãos imaturos na fé cristã. Além disso, esses métodos carnais (Jo 5.42-43) têm produzido muitos malefícios à evangelização no Brasil, pois o pragmatismo simplista aliado à compreensão incorreta desta passagem bíblica (1Co 9.22), por exemplo, tem levado cristãos a participarem de baladas, festas e shows profanos, e coisas semelhantes, sob o pretexto de “evangelizar as pessoas desses lugares”, o que é inaceitável pelos princípios do Evangelho de nosso Senhor.
O modo como alguns cristãos tratam a questão do uso de tatuagem, piercing’s, alargadores, adornos afins tem lidado, é outro exemplo de como a flexibilização dos valores da vida cristã tem conquistado cada vez mais adeptos. Geralmente, sobre esse assunto, esses grupos de cristãos não apresentam um posicionamento respaldado nas Sagradas Escrituras, e na maioria das vezes (para não dizer todas), seus posicionamentos favorecem a vontade humana caída, e não a soberania de Deus, prova clara de que pretendem substituir o ensino do Senhor e dos apóstolos pelo ensino de homens.
Quase sempre, o principal argumento que surge, é que Deus não liga para o exterior e sim para o interior, ou seja, Deus quer o coração, apenas. Este argumento não tem respaldo bíblico e beira a heresia, pelas seguintes razões:
a) Deus nunca quis apenas o coração do homem, mas a vida integral do homem
No jardim do Éden, Deus fazia parte de todos os aspectos da vida do casal primevo (Gn 1.28-30, 2.15, 3.8-24), e não apenas o coração, tanto é, que Deus fazia questão da obediência total e irrestrita ao mandamento de não comer do fruto proibido (Gn 2.16). Se Deus quisesse que o homem se contentasse em sentir sua gloriosa Presença, Ele não teria punido o casal desobediente (Gn 3.22-24).
Quando Deus chamou Abraão, Ele exigiu que Abraão agisse com a razão e não com o coração (Gn 12.1-7), e assim sucessivamente com Moisés, Josué, Samuel, Saul, Davi, Salomão, Josias, Isaias, Jeremias, Daniel, Ezequiel, Jonas e tantos outros homens e mulheres de Deus do AT.
Além disso, o novo testamento ensina claramente que Jesus e os apóstolos nunca ensinaram a conquista do coração do homem, mas sim o arrependimento dos pecados e a conversão integral do homem, visando a transformação integral da vida do ser humano isto é, da consciência, do físico e do espírito (Mt 3.8, 4.17, Jo 3.17-19, Mc 1.15, Lc 13.3, At 2.38, 3.19, 8.22, 17.30, 26.20, Rm 12.1-2).
b) Deus sabe que o coração do homem é inconfiável
Jr 17.9 não deixa dúvida de que o coração humano é um poço de enganos, pois está corrompido pelo pecado, e não é capaz de harmonizar-se com a certeza inabalável do Senhor nosso Deus (Mt 6.21, 13.15, 15.19, At 1.24, 7.51).
c) Em Cristo Jesus, Deus salvou o homem de forma integral e não só o coração
Em 1Co 6.20, Paulo revela que os salvos em Jesus tiveram o seu CORPO resgatados pelo preço pago na cruz do Calvário. Cristo remiu todo o ser do homem (consciência, espírito e corpo), para depois, pelo Espírito Santo, habitar o corpo regenerado (1Co 6.15).
d) Toda forma de pensar deve passar pelo crivo do mestre Jesus Cristo
Paulo ensina que na luta pela pregação do evangelho, Deus concede poder pela Palavra, para que todo tipo de conhecimento, opinião e ensino, que se levanta contra o ensino de Cristo, seja anulado e destruído (2Co 10.4-5). Isso quer dizer, que toda vez que uma opinião ou ensino sobre determinado assunto, destoa dos parâmetros estabelecidos pelas Escrituras, Deus usará seu poder para destruir tanto o conhecimento como o seu portador, pois não podem prevalecer sobre o conhecimento de Deus.
Como pôde ser notado, as Escrituras ensinam o interesse de Deus pela consciência, pelo físico e pelo espírito do homem, e não apenas pelo coração, de modo que, uma vez salvos, toda a nossa maneira de viver (interna e externa), deve glorificar a Deus, para que o incrédulo ao observar o cristão, não tenha nada do que o acusar (1Co 10.31, Tt 2.7-8).
O cristão precisa ter claro em sua mente, que sua opinião sempre destoará da opinião da sociedade na maioria dos assuntos, e que tudo o que a sociedade deseja, é fazer com que o cristão torne-se infiel a Deus e concorde com ela (Sl 1.1-2, 2.1-2). Os costumes da sociedade não têm relação com as práticas cristãs, pois o cristão, por causa do Espírito Santo e da Bíblia Sagrada possui luz própria, conferida pelo próprio Deus (Mt 5.14), na intenção de que o cristão seja cada vez mais perfeito como é perfeito Deus nosso Pai (Mt 5.48, 2Tm 3.17).
O problema é que os cristãos têm renegado a luz do evangelho para abraçarem a luz turva do mundo, quando são pressionados a tomar alguma posição diante de algum assunto (tatuagem, homossexualismo, preconceito, política, divórcio, células tronco, etc). Toda vez que um cristão considera os fundamentos dos ensinos da Bíblia insuficientes sobre qualquer assunto, e usa o famoso jargão que diz “hoje não é mais assim”, ele abre mão da luz do evangelho. Esse princípio é importante, pois é o que estamos vendo em muitos casos, inclusive sobre tatuagem, piercing’s, alargadores, adornos afins.
O cristão que procura usar tatuagem, piercing’s, alargadores, adornos afins e comportamentos semelhantes comete pecado sim, porquê:
1)      todos esses adornos citados acima, incluídos também as tendências de modas e costumes afins, são contrários ao padrão da nova vida em Cristo, descritos na Bíblica Sagrada (Rm 6.4, 7.6). Essas coisas são próprias do mundo e não procedem do Pai (1Jo 2.16), e ofendem o templo do Espírito, que é o nosso corpo regenerado em Cristo (1Co 3.16,17). A Bíblia não mostra os discípulos, nem dos apóstolos praticando os exemplos e as mesmas coisas do mundo da época deles; ao contrário, o conselho é para que sejam DIFERENTES DELES: “e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus” (Ef 4.24), e “Sede imitadores de Deus como filhos amados” (Ef 5.1), 1Tm 4.12,16 “...torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza... Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua desse deveres; porque fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes”, 1Tm 6.11 “Tu, porém, óh homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão” Fp 2.15,16 “Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo; Retendo a palavra da vida, para que no dia de Cristo possa gloriar-me de não ter corrido nem trabalhado em vão”.
2)       atenta contra integridade do corpo físico regenerado em Cristo. Jesus Cristo comprou nosso corpo com sua morte na cruz, para que Deus fosse glorificado em nosso corpo. Quem incrementa ou adiciona tais elementos mundanos ao corpo físico, retira a glória de Deus do corpo e peca contra o sacrifício de Cristo (1Co 6.20).
3)      A procura por tatuagem, piercing’s, alargadores, adornos afins e comportamentos semelhantes, indica que esse tipo cristão não está satisfeito com o padrão de comportamento e conduta estabelecido por Cristo (Mt 10.24,25, 2Tm 3.4-5), pois prefere a marca externa dessas coisas (carnais e passageiras), invés das marcas genuínas do verdadeiro evangelho (corpo preservado para Glória de Deus, oração, piedade, humildade, caridade, submissão irrestrita a Cristo, prática constantes das verdades bíblicas, etc.). Além disso, pode ser um sintoma de carnalidade, de modo que uma pessoa assim deve ser exortada e devidamente tratada.
4)      A prática desses costumes não faz parte do conjunto de boas obras mencionadas pela Bíblia Sagrada (Mt 5.16, Rm 6.13,22, 8.10, 12.1,2, Ef 2.10, 1Ts 4.4, 1Pe 2.5,11-12,16, 2Pe 5.5,8-9, 1Jo 5.1).
5)      Deus sempre quis que seu povo fosse diferente do povo secular. Deus elegeu um povo sobre a face da terra para chamar de seu (Ex 6.7, Dt 7.6, 14.2, 33.29, 2Sm 7.24-25, Sl 100.3, 144.15, Is 51.16, Jr 31.1,33, 32.40, Zc 8.8, Lc 1.17, Rm 9.25, 11.1, Tt 2.14, Hb 8.10, 1Pe 2.9-10, Jd 5, Ap 18.4, 21.3), e para que fosse fiel aos seus princípios e valores (Jo 13.15, Rm 12.1-2, Ef 5.1). Do início ao fim da Bíblia vemos Deus tratando com este povo escolhido com amor, misericórdia e bondade, mas sem abrir mãos de suas verdades mais soberanas, dentre elas, a santidade (2Co 7.1, 1Pe 1.15-16)! Deus escolheu um povo na face da terra para ser santo como Ele é Santo, isto é, santo à maneira de Deus e nunca da forma humana, um povo separado do contexto geral do mundo para atender propósitos espirituais bem específicos. A Bíblia ensina isso claramente, e é mais enfática no exemplo de Jesus e dos apóstolos, que enfatizaram como ninguém a necessidade de “fugir” dos parâmetros mundanos (1Co 6.18, 10.14, 1Tm 6.11, 2Tm 2.22), para sermos acomodados dentro dos princípios bíblicos que regem a vida do povo de Deus. É possível que haja em nosso meio cristãos que não concordem com esse ensino, o que é uma pena, pois a Bíblia ensina que os que pertencem a Deus ouvem Sua voz e nela se alegram (Jo 8.47); os que não são, não são porque não querem ouvir e nem praticar o ensino da voz do Senhor (Lc 10.16, 16.31, Jo 10.27, 12.47, 18.37), inclusive no que tange ao assunto em questão.
6)       A procura por tatuagem, piercing’s, alargadores, adornos afins e comportamentos semelhantes, contribui para o pecado da vaidade e da idolatria do corpo, acarretando exposição indevida do corpo. É preciso dizer que nossa sociedade pós-moderna alterou o significado de tais práticas. No passado, tais práticas (a tatuagem em especial) eram associadas a rituais pagãos, a soldados mercenários, prisioneiros degenerados e práticas de ocultismo, e a rejeição das mesmas era notória. Quem as possuía em seu corpo não merecia crédito e sua exposição era condenada pela sociedade. Entretanto, os valores seculares da atualidade relativizaram o verdadeiro significado de tais práticas (como é próprio do mundo caído), tornando-as quase “inofensivas” por meio de seu uso meramente estético. Do ponto de vista do modismo secular-mundano, é fato que a tatuagem, por exemplo, assumiu traços de um valor mais estético/artístico, o que atenuou inclusive a rejeição da mesma nesse meio (mas não no reino de Deus). Hoje em dia, a sociedade que venera o corpo físico (masculino e feminino), serve-se da tatuagem como elemento embelezador do corpo, e instiga o homem comum a praticar tal “procedimento estético” em busca de mais beleza. Mas quem o faz, desfigura a beleza natural, forjada na imagem e na semelhança do Deus Criador, fornecida gratuitamente a todo ser humano (Gn 1.26). Ocorre que a veneração do corpo e a exaltação desmedida da forma física, que é vaidade, é condenada por Deus em sua palavra (Dt 32.21, 2Rs 17.15, Sl 4.2, 24.4, 31.6, 94.11, 119.37, Pv 21.24, Hb 2.3, Rm 8.20, 1Co 7.31, Fp 2.3, 1Pe 3.3-4), pois, induz o culto ao corpo. Além disso, o conceito estético dado à tatuagem nos dias de hoje, induz o pecado da idolatria, pois o indivíduo tatuado que se expõe fisicamente, assim o faz para tornar-se o centro das atenções e de admiração. Tanto a veneração do corpo como a idolatria, nesse caso, resultam numa espécie de narcisismo, que é completamente reprovado pelos princípios e valores da palavra de Deus.
7)      É um ato claro de rebeldia consciente contra os princípios das Escrituras que proíbem a prática de tal pecado. Apesar dos inúmeros fundamentos bíblicos apresentados, do exemplo de vida cristão deixado pelo Senhor Jesus Cristo e seus apóstolos, muitos cristãos ainda ousam contestar tais ensinamentos, e seguindo as paixões da carne (Tt 3.3), praticam tais coisas, sem nenhum remorso. Infelizmente, tais pessoas correm o risco de estarem rebelando-se contra Deus, o Justo Juiz, e atraindo condenação para suas vidas (Ap 21.8), pois estão insurgindo-se contra a Palavra da verdade (Jo 7.16-17, 8.31, 10.27, 14.15,21, 15.10). É preciso orientar novamente com amor e graça, as pessoas que assim estejam procedendo, baseado no princípio de 2Co 13.5: “Examinai a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados”.
8)      A IAP possui vasto material doutrinário, baseado nas Escrituras, e orienta seus membros a reprovar as práticas mundanas. A IAP (Igreja Adventista da Promessa) entende à luz das escrituras, que qualquer prática classificada pela Bíblica Sagrada como mundana, deve ser, preventivamente evitada, e combatida biblicamente nos casos desacautelados. Para isso, cito alguns insumos doutrinários que fornecem subsídio para a tese aqui formulada:
8.1 Lição Bíblica, série “Cristãos de verdade- evidências que mostram se você é (ou não) um salvo em Cristo, à luz das cartas de João” – estudos 1 a 12 “Não ame o mundo”[3].
8.2 Estudos para pequenos grupos. “Abra os olhos! Marcas da sociedade contemporânea que desafiam os cidadãos do reino” – Lição 1 e 16[4].
8.3 Estudos para pequenos grupos. “Conta mais uma! Os desafios das parábolas do Reino para cristãos da atualidade” – Lição 2, 3, 6, e 15[5].
8.4 3 Estudos para pequenos grupos. “O rei ordena: mandamentos do Rei para os cidadãos do reino” – Lição 1, 3, 13, 14 e 16.[6]
8.5 O doutrinal: nossa crença ponto a ponto[7].
Por tudo isso, concluo que a procura por tatuagem, piercing’s, alargadores, adornos afins e comportamentos semelhantes, configura pecado, porque são práticas contrárias aos ensinos da Palavra de Deus, punível com a disciplina[8] de perda dos direitos de membro, nos termos dos estatutos e regimentos da IAP..
Pr. Carlos Eduardo Soares da Silva
Pastor na IAP Telêmaco Borba - PR
Advogado e Mestrando em Teologia (Faculdade Batista do Sul)




[1] Este autor compreende por flexibilização dos valores sagrados da vida cristã, toda iniciativa (institucional ou pessoal), conduta ou costume, absorvido pelo indivíduo cristão, que visa substituir os princípios bíblicos da vida cristã, estabelecidos pela Bíblia Sagrada, por conceitos e valores seculares, sob o pretexto de tornar a igreja mais aceitável e próxima da sociedade.
[2] Vide pesquisa’: https://www.barna.com/research/new-marriage-and-divorce-statistics-released/.
[3] Revista para estudos nas escolas bíblicas da IAP. 2º trimestre, 2015, n.311.
[4] Revista para estudos da FUMAP. 2014, pp. 9-11, 51-53.
[5] Revista para estudos da FUMAP. 2014, pp. 8-13, 20-22 e 47-49.
[6] Revista para estudos da FUMAP. 2012, pp. 5-6, 9-10, 29-30, 31-32 e 35-36.
[7] O doutrinal, 10ed. São Paulo: GEVC, 2012.
[8] FREITAS, Eleilton William de Souza. Disciplina eclesiástica: as instruções bíblicas para a aplicação da disciplina na igreja. 1ed. São Paulo: GEVC, 2014.

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