Este é um complemento das aulas realizadas nesta semana para o pré-vestibular, segundo e primeiro ano.
Por meio de nossa percepção do som podemos reconhecer nas músicas que ouvimos alguns fatores importantes como a altura, duração,intensidade e timbre. Esses são alguns parâmetros físicos do som, ocorrentes na natureza, e compõe o material acústico da música. “A música contém dois elementos: o material acústico e a ideia intelectual. Para poder se tornar m veículo de ideias, o material acústico sofre uma preparação pré-musical, mediante um processo de seleção e ordnação. A ideia intelectual escolhe sons entre os múltiplos sons naturais e converte o material acústico em arte dos sons, adquirindo assim a música uma história.” (Michels, 2003)
O som é uma perturbação gerada por um corpo que vibra e transmite suas vibrações ao meio que o rodeia sob a forma de uma propagação ondulatória. O ouvido humano é capaz de detectá-la e o cérebro a interpreta, dando-lhe sentidos e significados. A representação como onda confere-lhe a qualidade da periodicidade, ou seja, ele ocorre repetidas vezes dentro de uma freqüência. O som é produto de uma seqüência composta por impulsos e repousos, um sinal que se apresenta e a ausência deste, que o pontua desde sempre, sendo recebidas pelo tímpano como uma série de compressões e descompressões. Sem essa oscilação o som não pode durar, nem começar. “Não há som sem pausa. O som está permeado de silêncio, é presença e ausência” (Wisnik, 1989, p.18).
As freqüências sonoras se apresentam basicamente em duas dimensões: duração (ritmo) e altura (melódico). Uma batida em um tambor é um pulso rítmico que, tocada repetidamente, pode ser organizada como um ritmo de pulsação constante, porém sem altura definida. Se tocadas a uma velocidade muito maior, a ponto de alcançarem quinze ciclos por segundos, as batidas deixarão de soar apenas como ritmo e entrarão no estágio da granulação, onde alcançará uma altura definida, uma altura melódica. Na granulação ainda se escuta os impulsos e repousos rítmicos, contudo já se consegue definir a altura, é um estágio indefinido entre a duração e a altura. Quando atinge cerca de cem ciclos por segundo, a freqüência se estabiliza e já é percebida como som de altura definida, como nota musical. O ritmo vira melodia. Deste ponto em diante, com o aumento da freqüência as notas vão do grave para o agudo até a faixa de quinze mil hertz, onde começam a perder a intensidade e desaparecer para os ouvidos humanos, podendo porém, ser escutados por um cão.
A onda sonora é complexa e se compõe de freqüências que se superpõe e se interferem. É um feixe de ondas de comprimento desigual que atribui uma complexidade a onda sonora responsável pela sua singularidade colorística, denominada timbre. “Uma mesma nota, ou seja, uma mesma altura, produzida por uma viola, um clarinete ou um xilofone soa completamente diferente, graças à combinação de comprimentos de ondas que são ressoadas pelo corpo de cada instrumento” (Wisnik, 1989, p.24). Essa é uma propriedade do som de vibrar dentro de si. Existe a freqüência fundamental, que é a mais lenta e grave, que define a altura do som. Embutido no som, um feixe de freqüências, mais rápidas e agudas, que não são ouvidas como alturas isoladas, mas como um corpo sonoro, complexo e denso, que dá cor ao som. “Esse espectro de ondas que o compõe (o som), pode ser, como através de um prisma, subdividido nos sons da chamada série harmônica. A série harmônica é a única escala natural, inerente à própria ordem do fenômeno acústico” (Ibid.).
Ainda há outra variável que qualifica o som, a intensidade. Esta é dada pela maior ou menor amplitude da onda sonora, é a informação sobre o grau de energia utilizado para produzir o som, o que caracteriza momentos como piano (fraco) ou forte, imbui fragilidade ou vitalidade, sugere crescendos ou diminuindos. A intensidade juntamente com o timbre, a duração e a altura, compõem um conjunto de características do som.
Referências Bibliográficas:
MED, Bohumil. Teoria da Música. Brasília, DF. Ed. Musimed, 1996.
MICHELS, Ulrich. Atlas de Música. Lisboa, Pt. Ed. Gradiva, 2003.
WISNIK, José Miguel. O som e o sentido. Uma outra história das músicas. São Paulo, Companhia das Letras, 1999.