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“Porque gostas de vinho… Gosto de pensar sobre a vida do vinho. De como é uma coisa viva. Gosto de pensar no que se passava no ano em que as uvas estavam a crescer, como o solbrilhava, se chovia. Gosto de pensar nas pessoas que cuidaram e apanharam as uvas, e se é um vinho velho, quantas já terão morrido. Gosto como o vinho continua a transformar-se. Se eu abrir uma garrafa de vinho hoje terá um sabor diferente do que se abrisse noutro dia qualquer. Porque uma garrafa de vinho está viva… e em constante transformação e a ganhar complexidade. Isto é, até atingir o pico, como a tua de 1961 e, depois começar o seu inevitável declínio And taste fucking good” in Sideways

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Os bons vinhos são para serem partilhados. Aqui está seleção de um jantar de há mês e meio atrás.

– Contarini Valsé Prosecco (Venneto, Itália); leve e frutado, excelente para a conversa e preparação sensorial,

– Soalheiro primeiras vinhas 2010; a casa soalheiro não consegue fazer nada mau. Sempre com excelência

– Champagne Mumm (França); um clássico,

– Alvarinho Anselmo Mendes 2005; Alvarinhos evoluídos. Não são consensuais, mas eu gosto.

– Condessa de Santar branco 2008 (Dão); Elegância e frescura e acidez num equilíbrio extraordinário.

– Monte dos amantes, Dão – Excelente vinho atendendo ao preço. Envergonha muitos vinhos mais caros.

– Macchialupa, Le Surte taurasi, 2003  (Nápoles, Itália) . Muito bom para acompanhar carnes.

DucruBeaucaillou , França, 2006; Do outro mundo. Sem palavras

– Burmester Tawny 40 anos. Elegância, aromas extraordinários, complexidade,… Tudo de excelência… Dos melhores vinhos do porto que bebi.

– Ramos Pinto Quinta do Bem Retiro 20 anos. Esperava-se um pouquinho melhor. Mas bom.

Boas degustações

Digno de registo neste blogue. Obrigado João.

O Nobel da Economia Prof. Dr. Wass Catar, explica como se deve pensar na economia actual.

  • Se em Janeiro de 2010 tivessem investido 1.000 €  em acções do Royal Bank of Scotland, um dos maiores bancos do Reino Unido, teriam hoje 29 €!
  • Se em Janeiro de 2010 tivessem investido 1.000 € em acções da Lemon & Brothers teriam hoje 0 € !!!
  • Mas se em Janeiro de 2010 tivessem gasto 1.000 € em bom vinho tinto (e não em acções) e tivessem já bebido tudo, teriam em garrafas vazias  46 €.

Conclusão: No cenário económico actual é preferível esperar sentado e ir bebendo um bom vinho. Não se esqueçam que quem sabe beber vive:

– Menos triste
– Menos tenso
– Mais contente com a vida.

Pensem nisto e invistam na alegria de viver.

Nem tudo o que parece … o é.
Espetacular.

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O pensamento científico aplicado à cozinha. Não estamos a falar de apenas um dos melhores cozinheiros do mundo, estamos a falar do pensamento científico na cozinha.

Para acompanhar um “coq au vin“:

Loimer 2002 Gruner Veltliner

Quinta do Castro Vinha Maria Teresa 1998

Quinta do Vale Meão 2000

Madeira Barbeito Malvasia 1994 Single Cask 232c

É um grande privilégio poder provar certas obras primas e, quando estão juntas venha o diabo e escolha as melhores. O branco, austríaco de 2002, com uma cor fantástica, amarelo com rasgos alaranjados. Boa evolução, óptima vinho para ser acompanhado com um prato quente. Falhou ao não combinar com um prato quente. Apesar da idade, em muito boa forma, e muito gastronómico. Para os tintos não existem palavras. A diferença entre eles reside na evolução de cada um. O primeiro no ponto óptimo, extraordinário vinho, o segundo apesar da idade apresenta uma jovialidade impressionante.  Qualidade suprema. Do melhor que se faz em Portugal.

O madeira é um bom vinho, falta-lhe alguma elegância e persistência.

Para finalizar, o prazer à mesa não vem da conversa exaustiva do vinho ou da comida, provém da qualidade dos produtos, amizade…e da conversa.

As impressões de outra conviva:

“…para além de sermos uns privilegiados, prefiro o Maria Teresa. O vale meão será ainda melhor?! Mas daqui a um par de anos. O austríaco merecia um bocadinho mais de tempo mas, acabou-se! Deu-me ideia que só um branco, entre entrada e sopa é pouco, precisamos de dois brancos! 🙂 os tintos eram ambos fenomenais mas, a arrancar uma vitoria, e só pelo aroma, Maria Teresa. Diria um 8,5; 9,5 só para facilitar…

Quanto ao Madeira, muito competente mas algo duro na boca. O final era bom mas achei os tintos mais persistentes. Sem duvida os grandes vencedores. …

A vantagem foi termos falado pouco de vinhos. Significa que a conversa do resto valeu a pena! :)”

A viagem não acaba nunca

E porque amanhã vou ter de falar de Saramago, passei parte do fim de semana entre livros e sebentas. E por onde começar?…Da verdadeira história de amor entre José e Pilar já muito se disse. Fez como Teixeira de Pascoaes uns anos antes; se Pascoaes foi de barco a Liverpool conhecer a rapariga que viu deambular por Lisboa, Saramago meteu-se no autocarro e foi até Sevilha rever a “sua” Pilar.  Poderia também começar por aqui: “Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes. Era uma vez um rei que fez a promessa de levantar um convento em Mafra… Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido… Era uma vez a gente que construiu esse convento…era uma vez…mas…entretanto reencontrei isto:

“O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida não sabia ler nem escrever. Chamavam-se Jerónimo Melrinho e Josefa Caixinha esses avós, e eram analfabetos um e outro. Ajudei muitas vezes este meu avô Jerónimo nas suas andanças de pastor […] E algumas vezes, em noites quentes de Verão, depois da ceia, meu avô me disse: “José, hoje vamos dormir os dois debaixo da figueira”. Havia outras duas figueiras, mas aquela, certamente por ser a maior, por ser a mais antiga, por ser a de sempre, era, para toda as pessoas da casa, a figueira. Enquanto o sono não chegava, a noite povoava-se com as histórias e os casos que o meu avô ia contando. Naquela idade minha e naquele tempo de nós todos, nem será preciso dizer que eu imaginava que o meu avô Jerónimo era senhor de toda a ciência do mundo.
 
 
Pensava então que a minha avó, embora fosse também uma mulher muito sábia, não alcançava as alturas do meu avô, esse que, deitado debaixo da figueira, tendo ao lado o neto José, era capaz de pôr o universo em movimento apenas com duas palavras. Foi só muitos anos depois, quando o meu avô já se tinha ido deste mundo e eu era um homem feito, que vim a compreender que a avó, afinal, também acreditava em sonhos.
 

Uma noite, à porta da sua pobre casa, onde então vivia sozinha, a olhar as estrelas maiores e menores por cima da sua cabeça, tivesse dito estas palavras: “O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer”. Não disse medo de morrer, disse pena de morrer, como se a vida de pesado e contínuo trabalho que tinha sido a sua estivesse, naquele momento quase final, a receber a graça de uma suprema e derradeira despedida, a consolação da beleza revelada. Estava sentada à porta de uma casa como não creio que tenha havido alguma outra no mundo porque nela viveu gente capaz de dormir com porcos como se fossem os seus próprias filhos, gente que tinha pena de ir-se da vida só porque o mundo era bonito, gente, e este foi o meu avô Jerónimo, pastor e contador de histórias, que, ao pressentir que a morte o vinha buscar, foi despedir-se das árvores do seu quintal, uma por uma, abraçando-se a elas e chorando porque sabia que não as tornaria a ver.”

Sim, é por aqui que vou começar.

Um texto admirável de José Saramago que deu voz e alma aos seus, os fez viajar e perpetuar no tempo, sempre com uma certeza: a viagem não acaba nunca.

Bons Prazeres!

Adeus 2011 – Olá 2012

Como é normal no início de cada ano, pedimos desejos, sorrisos, sorte.

Ano após ano brindamos ao presente, removemos vestígios de águas passadas e sorrimos ao futuro.

E como os Prazeres são o combustível da nossa vida e como neste blog de quando em quando… também lá se escreve qualquer coisa sobre a matéria, decidi não perder a embalagem dos últimos dias do ano velho de 2011 e discorrer qualquer coisa sobre a temática.

De vinhos, 2011 não foi de facto um ano em que tenha feito grandes brindes e provado muitos e bons vinhos (Troika a rir!), porém nos últimos dias do ano, uma surpresa valeu quase pela privação de grandes pomadas do austero 2011.

No ano em que se comemoraram 200 anos do primeiro Porto feito por D.Antónia Ferreira, tive o privilégio de beber um cálice desse verdadeiro vinho fino. 1815 foi então o ano do seu primeiro vinho e confesso que foi o copo que, até hoje, mais tempo levei a beber e a degustar. Caramba, bebi história e estórias! Imaginei o meu bisavô que, durante anos, transportou as pipas para Vila Nova de Gaia, as viagens do Barão de Forrester por esse rio abaixo, as cheias do Douro, o cheiro a terra do Vale Meão…

Da cor, ao sabor a madeira envelhecida, qualquer adjectivo, por mais rebuscado que seja, não chega para exprimir tudo aquilo que ele revelou. Por vezes bebemos coisas antigas, mas que se mostram apenas e só “velhas”… Não é o caso. Foi uma experiência e tanto.

Mas nem só de vinho vive o homem e o blog. Desta vez não vou falar deste ou daquele restaurante (mais uma gargalhada, desta vez exuberante, da Troika…), mas sim de prazeres mais modestos mas que, cada vez mais, se revelam admiráveis e fantásticos.

Não há melhor sala de jantar do que estar no topo daquela falésia deserta do litoral alentejano a comer um pastel de bacalhau e a beber uma mini ou naquele miradouro perdido num longínquo recanto transmontano a beber um Porto.

Apreciam-se os silêncios, bebe-se o vinho do lavrador, come-se aquela alheira, o pão daquele primitivo forno, sempre na melhor das companhias e com a Natureza como pano de fundo.

Atenção escassos leitores deste blog, estes sabores não vêm nos livros!!

Por tudo isto, espero que 2012 me traga mais surpresas e muitos recantos para olhar, apreciar e fruir neste Portugal profundo, sempre fora de estrada onde, para já, não há GNR´s, FISCO´s, Troikas e  ASAE`s.

Até lá, desejo a todos os leitores um 2012 repleto de muitos e Bons Prazeres e, sobretudo, com muita saúde!!

Quantos: Previstos 5, efetivos 7.

A comida:

Tagliatelle de camarão
Risoto de cogumelos

A bebida:

Fleur du rhône petit arvine 2009
Fleur du rhône heida 2010
Marchese Antinori Chianti Classico Risierva 2006
Penfolds Bin 389 Cabernet Shiraz vintage 2002
Oremus Tokaji Aszú 5 puttoniyos 2000
Quinta da Sequeira colheita tardia 2009