Saturday, December 23, 2023

 

Cinzas ao Mar

(Ilton Ornelas)



Hoje eu volto mais cedo
Quero ir ao porto mergulhar
Enfrentar os meus medos
Entender que o vento irá mudar

Jogar tuas cinzas para o mar
E quando o sol se for

No vaivém desse oceano
Essa tristeza irá perder a cor
E a tua alma irá vibrar
Continuar comigo
Encontrar abrigo

E se o caminho é tão incerto
O teu farol irá iluminar
Prá ver a paz que se refaz

Vou navegar no tempo,
Nas duras águas desse mar 
Vou te levar comigo
Sabedoria pura pelo ar
A poesia é um jardim
Que o coração constrói
Com a imaginação
Tem o condão de transformar

Tuesday, May 30, 2023



O Equilibrista Francês
(Ilton Ornelas)


Era uma vez
Um equilibrista francês.
Vou te contar o que ele fez...
Vou te contar o que aconteceu
Uma tremenda estupidez, viu...
Sob o céu cinza da cidade,
Ao som da dissonância urbana,
Um desafio à gravidade.
Entre os gigantes de concreto,
Naquele abismo vidro, aço...
E a pressa metropolitana,
Ele prendeu seu arame.
O singular ballet de um homem,
A ousadia de um artista,
A destemida animação.
Sob seus pés gente nas ruas
Em correria desvairada
Abarrotadas avenidas
A estética da confusão
Onde as pessoas não se olham
Sem tempo para se encantar
Já ninguém para, ninguém nota
O que é sublime, encantador
Um formigueiro que não cessa
nem por, ao menos, um segundo
Nos rostos destes transeuntes
Uma dissimulada dor
pressa, distração e desdém
Em cada passo dessa gente
Do povo e do equilibrista
A vida pende por um fio
Mas mesmo que ninguém perceba
O real valor que a arte tem
O equilibrista não desiste
E lá no alto ele persiste
Em passos firmes se mantém

No coração da cidade
Sem tempo pra se encantar
Pessoas na corda bamba
Pessoas sem se importar

Monday, October 10, 2022

Poço dos Desejos
(Ilton Ornelas)

Eu hoje tive um sonho
Uma premonição, um troço medonho
Eu tive um sonho muito estranho
A profecia se clareou

Eu descobri toda a verdade
Eu descobri quem é você
Quem é você de verdade

Hoje eu te vi num poço
Num poço de desejos, no fundo do poço
Você jogava fora
Tudo aquilo que juntou
Tentava a sorte, como se isso fosse
Comprar sua liberdade
Comprar algumas penas
Prá te levar para o céu

Cada um teu o seu poço de desejos 
E a sua arte prá esperança decantar
Cada um cria os seus labirintos
E, como Ícaro, suas asas prá voar

Thursday, April 15, 2021

 


Turbilhão
(Ilton Ornelas)

Esqueça as penas
Tente tirar de sua cabeça
O prejudicial que te aborreça
Ideias serenas em tuas antenas

O mundo não vai acabar
O show deve continuar
E se algo te desespera
Qualquer coisa te faz chorar
Sempre vem a primavera
Depois que o inverno passar

Esqueça as penas
Tente tirar de tua rotina diária
Tente sair dessa vida sedentária
Não fique pensando numa conta bancária

O mundo não vai acabar
O show deve continuar
E se algo te desespera
Qualquer coisa te faz chorar
Sempre vem a primavera
Depois que o inverno passar

Prá gente rir e ser alegre e ser feliz
Com energia prá persistir e ir em frente
No turbilhão da confusão
Construindo, refazendo, questionando, 
Remoendo, revisando, dividindo, 
Conquistando, reagindo, cooperando
Se deixando levar 
sem perceber 
pelo turbilhão

Saturday, July 11, 2020



Nasci na cidade
(Ilton Ornelas/Delvan Rodrigues)

Nasci na cidade
Só penso em fugir daqui
Nasci na cidade
Mas quero um lugar ao sol

Nasci na cidade
Só penso em parar de viver a maldita rotina de um dia comum

Uuuuhhh eu vou pra um lugar, que eu possa ver o mar 
Que eu possa ver o sol se pôr...


Perdido com 10.000 silhuetas sussurrando segredos
"Garotinho, não vá se perder por aí..."
Mas assim que eu puder eu me mando
Vou pegar essa estrada e lhes dizer: 
"Te encontro em um domingo qualquer pelas ruas de outono..."
"De outrora..."

Tuesday, October 15, 2019



BANHO DE RIO 
(Ilton Ornelas Filho)

Hoje eu acordei mais cedo 
Saí correndo, eu tinha reunião
Hoje eu li aquele e-mail
Era urgente, aquela decisão

Se o futuro de alguém está em suas mãos
Na corda bamba lute como um leão
Só que a vida real cobra o seu preço irmão
Você precisa segurar  


Ontem fiquei até tarde
O sistema caiu na hora de enviar
Faço tudo ao mesmo tempo
Carrego a cruz sem sorte pro azar

Se o futuro de alguém está em suas mãos
Na corda bamba lute como um leão
Só que  a vida real cobra o seu preço irmão
Você precisa segurar o rojão

Mas é preciso andar à toa
Pegar a estrada ir prá um lugar ao sol
Lavar a alma na lagoa
Seguir caminhos...


Um caminho, uma porteira 
Um mergulho, um banho de rio 
Uma cachoeira, e a luz do sol que refletiu 
Uma sombra, uma figueira
E essa gente tão gentil
 E o cantar do passaredo encanta em tom sutil

Sunday, December 17, 2017




CORAÇÕES FACEIROS
(Ilton Ornelas Filho)

Pedi carona na estrada da vida
Fui na janela para observar
O horizonte, a vista colorida
Não vi o tempo passar

E o para-brisa refletiu meu rosto
De barbas brancas, marcas de algum vagar
Naquele instante o escuso ficou exposto
Não vi o tempo passar

Abra a janela, deixe o sol entrar
Deixe seus braços abraçar o vento
Deixe a cabeça resfriar no ar
Deixa rolar, liberte o pensamento
Pois o caminho é breve, e vai veloz
E nesse mundo somos passageiros
Poder medrar é o que restou prá nós
Sigamos juntos corações faceiros

Peguei carona na estrada da sorte
Fui na janela para observar
Um mundo insano desafiando a morte
Fingi não me abalar

Peguei carona rumo à nostalgia
E no retrovisor recordações
De um tempo cândido, onde se vivia
Armando revoluções

Abra a janela, deixe o sol entrar
Deixe seus braços abraçar o vento
Deixe a cabeça resfriar no ar
Deixa rolar, liberte o pensamento
Pois o caminho é breve, e vai veloz
E nesse mundo somos passageiros
Poder medrar é o que restou prá nós
Sigamos juntos corações parceiros, faceiros

Monday, February 13, 2017


VER O SOL
(Ilton Ornelas Filho)

O tempo voa, o tempo voa
o sol se esconde, e o trem já vai partir.
O sol renasce, o sol se esconde,
o tempo voa, e o trem já vai...

No nosso mundo bem ferrorama
voltei de novo ao ponto de onde parti.
E a lua cheia, a lua nova
minguantemente volta de onde partiu

O rato andando em sua roda
nessa gaiola, sua cobaia...

Ele saiu prá ver o sol brilhar,
prá ver o sol se pôr no mar
mil voltas no mundo dar, andar,
e a lua vai transladar no ar,
prá ver o sol se pôr





O Gato da Madrugada
(Ilton Ornelas Filho)

Numa noite fria de inverno nasceu o Gato da Madrugada
Sete vidas Deus lhe concedeu, oh... Gato da Madrugada!

Então na mesma noite tal felino foi abandonado
Que noite de azar, pois logo logo ele foi encontrado
Por uma menininha que por pura insensatez
Lhe jogou na geladeira mais ou menos por um mês
Então o gato viu a "Dona Morte" uma primeira vez

Por uma junta de veterinários foi descongelado
E quando abriu os olhos fugiu correndo apavorado
Se jogou da janela, por pura insensatez
Não viu que se encontrava no andar 23
Então o gato viu a "Dona Morte" uma segunda vez

Caiu na área do primeiro andar do edifício do lado
Vitinho então o encontrou, menino muito levado
Lhe jogou no micro-ondas, por pura insensatez
Acionou ajuste rápido e um sorriso prá vocês
Então o gato viu a "Dona Morte" uma terceira vez

Depois de explodir então retorna o gato azarado
Mas não em um lugar que se possa dizer privilegiado
Na casinha de um cão do tipo dinamarquês
Que não foi receptivo, que não foi muito cortês
O gato viu a cara da morte pela quarta vez

E o pobre do bichano sai correndo bem desatinado
E atravessou a rua em disparada sem olhar pro lado
Vinha um Chevette rosa com os bancos xadrez
E o mesmo destino novamente se fez
O gato viu a cara da morte pela quinta vez

Para aumentar ainda mais o azar do Gato da Madrugada
Passou sem perceber, a mil por hora
embaixo de uma escada
Quando despencando, com muita rapidez
Cai em cima do gato um piano inglês
O gato viu a cara da morte pela sexta vez

E o fim da nossa história então se dá de forma inusitada
O gato encontra um saco da branquinha, pura, refinada
O gato sorridente cheira tudo de uma vez
Morrendo de overdose e para sempre dessa vez
E a "Dona Morte" grita feliz: "... o gato é meu freguês"
Coitado do Gato da Madrugada

LOLA
(Ilton Ornelas Filho)

Lola se inspirava nas estrelas
prá escrever suas canções de rock'n roll
uop..bop...bap...tchura... uop...bap...tchurá

Sempre foi notável seu talento, 
suas virtudes, seu dote vocacional
uop..bop...bap...tchura... uop...bap...tchurá

Mas seus pais diziam Lola:
- Minha filha, o estudo é vital

Pobre Lola não tinha dinheiro
prá comprar um instrumento musical
uop..bop...bap...tchura... uop...bap...tchurá

Mesmo que as pedras do seu caminho
fossem duras para alguém descalço andar
uop..bop...bap...tchura... uop...bap...tchurá

-Suas más companhias Lola
-Minha filha, o estudo é vital

Lola se inspirava nas estrelas
prá saber qual rumo ia trilhar
Lola tinha muita persistência
O que ela queria era cantar


Saturday, May 23, 2009

Promessa
(Ilton Ornelas)

No sul desse universo eu fiz um blues, eu fiz um verso
Um doce sacrifício por você
Lua minguante encante a via-crucis que eu fiz pra mim
Vagando no horizonte, um caminhante errante.

Em cada passo eu traço, rabisco o céu com giz
Eu tranço o pensamento, criando ao som do vento.
Eu pago uma promessa é o que me resta prá te fazer feliz.

E agora espero, eu torço, eu canto, eu rezo
A solidão não tem fim.
Por mais que eu queira somente o tempo irá trazer
Você de volta prá mim.

Saturday, May 12, 2007


Skafedeu-se
(Ilton Ornelas Filho)

Que mundo mucho loko
vai girando, vai girando
e uma bola de fogo
iluminando,iluminando...
e agente vai levando
vai levando, vai pirando.
Um dia explode tudo e queima e bate e la-ca-bum!!!
Ska-fedeu-se...


Fechando Ciclos
(Ilton Ornelas Filho)


Abra a janela!!!
Quem sabe a lua nova??
A maioria das ervas deve ser plantada durante a lua nova!!
Jogue suas sementes!!
Atire suas sementes pela janela na lua nova!!!!
Ainda não a vemos!!!
Ainda não podemos ver suas crateras.
Crescendo então jejue.
Jejue, medite espere!!
A espera solene pela lua cheia,
refletindo nas sangas entre as estrelas.
Entenda que um dia tudo mingua,
novamente, novos ciclos infinitesimais,
é a face renovada do mundo que se vê.
Está no Ar...
(Ilton Ornelas Filho)

Acreditar, compreender, se entregar
As leis da Física, desafiar
Ocupar, no espaço, o mesmo lugar
Desejar, o mais profundo desejar
Respeitar
Não ver o tempo passar
Se apaixonar, se encantar
Se deixar enfeitiçar
Andar, sair prá ver o mar
Do amanhã nem se lembrar
Não ver o tempo passar
Errar, acertar
Em meio a multidão te encontrar
Mil voltas no mundo dar
Comunicar-se pelo ar
Aceitar
Não ver o tempo passar
Sonhar, sempre sonhar

Tuesday, October 24, 2006

Galileu
(Ilton Ornelas Filho)

Como Galileu, enlouquecido,
com seus lunáticos instrumentos
desvendando um céu desconhecido
que sempre esteve ali, mas, escondido
Pude, enfim, encontrá-la, fascinado
naquele firmamento, inconfundível.
Mesmo sabendo de sua grandeza,
mesmo sempre certo de seu brilho
mesmo que isso fosse por instinto
fiquei deslumbrado, distraído
como embebedado de absinto
com meus olhos, lentes transladando
a órbita de um gás tão colorido,
Justo o que não era permitido
Fora agora então me oferecido
Sim!!!
Eu,
assim como Galileu,
visitei o céu no infinito.

Sunday, July 16, 2006


Por Onde Andaria Tícia
(Ilton Ornelas Filho)


As Poetizas e as Bruxas
As loucas e as alquimistas
Vão além da ciência quântica
do exercício da semântica
Talvez por serem artistas
ora livres, descomedidas
ou enclausuradas, reclusas,
Misteriosas, reticentes...
Vagando na escuridão!
Seguras, desorientadas,
vão andando assim caladas
por esse mundo a pensar
vão-se sem deixar notícia
cessam seu comunicar
como se desintegrassem
como se não existissem
como história fictícia
como um barco a navegar
perdido na imensidão.
Por onde andaria Tícia?
Seu encanto sorrateiro
As flores de sua calçada
Seus versos e suas rimas
Seu semblante noctívago
Seu perfil da solidão
Será que perdeu a razão?
Será que aprendeu a voar?
Será que ainda está dormindo?
Será que ela espera um beijo?
Pra se perder na ilusão
Fez da sua vida um soneto?
Uma música cifrada?
Pra se perder na delícia
Da palavra musicada
Por onde andaria Tícia?
Será que virou canção?

Monday, July 03, 2006


Noite Estranha
(Ilton Ornelas Filho)
.
O que passou passou
e o que restou foi nós
e um pouco de acidez
daquela noite estranha!
.
Sei lá...
Tá tudo zem porém!
Estava mesmo querendo encontrar minha paz.
.
Agora!
Eu vou viver a minha vida sempre assim!
Vou ser feliz
e com ou sem você perto de mim!!!

Thursday, June 29, 2006

Se eu fosse Pessoa
(Ilton Ornelas Filho)
O poeta é um fingidor
finge tão sordidamente
que finge soturna dor
a dor que deveras sente
E os que lêem o que ele escreve
as letras que ao vento vem
não percebem só o lúgubre
mas o belo que contém
E assim as chuvas da vida
lavam as ruas da razão
por entre caminhos tortos
purificam o coração!

Sunday, April 16, 2006

Elefante?
(Ilton Ornelas Filho)
Sorriso estampado na lata
na caixa vazia, vazia, vazia...
Tomando veneno de rato
no ato e alegria, e alegria, e alegria!
o povo e o governo do lado
fazendo cosquinhas na sua barriga.
Sorriso estampado na lata
e alegria, e alegria, e barriga vazia!!!
...
A vida é uma grande comédia,
é uma louca tragédia
é um samba de uma nota só.
Cuidado o perigo na esquina,
o perigo, o perigo, o mendigo,
ferido, fedido, o perigo, o perigo...
...
Um indivíduo incomoda muita gente,
a grande massa incomoda muito mais.
O presidente incomoda muita gente,
um elefante até nem importa mais.
...
Hei Mutli...
Faça alguma coisa por nós!

Poema de Davinci!
(Ilton Ornelas Filho)
Quiz fazer com palavras
o que faria Davinci
com seus pincéis e tintas.
Mas, só reles fonemas,
rabiscos tortuosos
e filosofias vis
brotam de meu tentar.
Acho que ele não quer...
acho que ri de mim!
zomba do meu intento.
Faço em outro momento,
pois vou ver minha menina
fonte de inspiração
de todos os rabiscos
que traço nos papéis
que surgem em minha vida!
minha menina, Leda,
Monalisa graciosa,
obra-prima formosa
que a natureza fez.
*Imagem: Isis (Madu Lopes)

Processo Cósmico
(Ilton Ornelas Filho)

Entenda...
Entenda esse processo...
Entenda esse processo cósmico...
Entenda esse processo cósmico mulher...
Entenda esse processo cósmico mulher da vida...

Monday, December 19, 2005

Monalítico Sorriso!

(Ilton Ornelas Filho)

.
Quanto tempo vamos ter que esperar
prá conseguir fazer alguma coisa acontecer?
O meu futuro está nas mãos de quem?
nas minhas mãos ou nas de um outro alguém?
Vamos cerrar os punhos e lutar companheiros!
.
Vamos levantar nossas cabeças!
Pôr a funcionar nossas cabeças!
Traga na mochila seu sorriso!
Um monalítico sorriso.

Sunday, October 23, 2005

Hey Tartaruga!
(Ilton Ornelas Filho)

Hey tartaruga
Não adianta espernear, tentar levantar!
Pois cada vez que você conseguir eu vou te derrubar
O seu esforço terá sido em vão
Hey tartaruga
Mantenha seu casco no chão!

Hey tartaruga
Não adianta tentar se virar, não vai dar!
Recolha sua cabeça, suas patas, é melhor se aquetar
O seu sofrimento é minha diversão
Hey tartaruga
Mantenha seu casco no chão!
Esse mundo Surreal
(Ilton Ornelas Filho)

Porque esse mundo faz agente pensar...
dá tantas voltas quanto um ventilador!
Sabe essa rua? Aqui passava um rio.
Sabe essa lua? Não é disco voador!

É a mesma lua que brilhou meu irmão
que iluminou o céu de um neanderthal
e os homens estão todos tão diferentes!
tem Jack Daniels, mingau, coisa & tal...

Porque esse mundo faz agente pensar...
da tantas voltas quanto um pneu radial!
Sabe essa rua? Aqui passava um trem.
Sabe essa lua? Ela é Surreal!

É a mesma lua que brilhou minha irmã
que iluminou aquele beijo fatal!
e os homens estão todos tão diferentes!
tem Jack Daniels, mingau, coisa & tal...
Partilha
(Ilton Ornelas Filho - 2004)

Fique com a geladeira e o fogão
com o carro e com a televisão
Fico com o cão, com a dor
e com o que restou do amor
Fica com o som, com a cama
e com o computador.
Deixe-me um pouco de medo, tristeza e solidão
Pegue as panelas, os copos,os pratos e os guardanapos.
Quero prá mim as lembranças de alguns momentos felizes
Fica você responsável
pelas plantas e pelos peixinhos.
Fica prá mim o encargo
de cortar nossas raízes
Fique com os discos, com os livros
e com o liquidificador
Fica prá mim o violão e a minha desilusão
Fique com o guarda-roupa
com o rádio e com nosso filho
Fica pra mim a saudade
e um vazio infinito.

Wednesday, September 21, 2005

Premunição!
(Ilton Ornelas Filho)

Se te dissessem
que depois
da primavera
toda a luz
irá cessar!
Que a escuridão
te cegará...
um céu trevoso
chegará...
EM BREVE!
Se lhe falassem:
a luz do sol
não brilhará
por longos dias...
PREMUNIÇÃO!?
Mas vou poder sonhar
que eu posso voar
que posso sempre
te encontrar!
Leve sempre
junto com você
aonde quer
que você vá
o meu patuá!

Tuesday, August 30, 2005

Pupilas
(Ilton Ornelas Filho)

olhe no fundo dos meu olhos
olhe no fundo do meu ser
olhe no fundo dos meus olhos
olhe no fundos do meu ser
veja as pupilas desenlatadas
e os lábios roxos como a flor
ouça as batidas do meu peito
ouça a batida do meu ser
ouça as batidas do meu corpo
ouça as batidas do coração,
do coração, do coração, do coração!
estetoscopicamente falando
estetoscopicamente falando
estetoscopicamente falando
Meditações
(Ilton Ornelas Filho)

A vida é um labirinto sem saída.
A vida é sexo, é fome e é paixão.
A vida é um cego alimentando a ilusão
de ver o sol que arde em brasa em sua ferida.
A vida é longa, a vida é morte, a vida é vida.
A vida é um pássaro voando na amplidão.
A vida é um cântico entoado sem razão.
A vida é uma sociedade dividida.
A vida é um sopro, é uma mescla colorida.
A vida é um grande mistério meu irmão.
Mais Uma Vez...
(Ilton Ornelas Filho)

Quando a luz da manhã
anunciar que o nosso tempo acabou
mais uma vez
será possível compreender
será possível reverter
como a areia da ampulheta que acabou!
Se a vontade acabar
como a areia da ampulheta que acabou
mais uma vez
será possivel compreender
será possível reverter