sexta-feira, 15 de abril de 2011

Vazio

Saudade do tempo em que eu era criança e a palavra “preocupação” não fazia parte do meu vocabulário. Saudade de correr, jogar bola, ralar o joelho, andar de bicicleta na praia, botar meu maiô e molhar o chão da garagem com água e sabão para sair deslizando de barriga no chão, de brincar de Barbie, fazer de um sapato um carro e de uma lista telefônica uma cama. Saudades de colocar o patins e sair dando voltas ao redor da casa, de tentar andar de skate e cair de bunda no chão, de encher balão com água e fazer guerrinha. Saudades de um tempo que não volta mais.

Tempo bom onde todas as pessoas eram boas, todos os amiguinhos e coleguinhas eram legais. Tempo onde a mentira não tinha espaço na minha vida e a decepção muito menos. Tempo bom onde o momento de tristeza era quando minha bola enorme e super leve, que comprava quando ia ao parque, batia nos pedaços de vidro afiados que tinham no muro e estourava, ou quando meu bambolê quebrava e todas as pedrinhas caiam no chão. Tempo onde o choro geralmente vinha dos joelhos e mãos raladas pela brincadeira que não terminou muito bem. Tempo bom onde o choro e a tristeza mal apareciam.

Seria tão bom se aquelas pessoas que conheci na minha infância tivessem mantido sua essência. Aliás, o mundo seria bem melhor se todos nós tivéssemos mantido aquela essência. E aí eu fico me perguntando por que nós mudamos tanto. E eu não chego a lugar algum. Os seres humanos não tratam mais os seus semelhantes como tal, tratam como se fossem objetos, algo sem alma, sem intensidade, sentimentos ou coração. E por quê? Porque essa falta de amor? Porque esse prazer em machucar os outros? Essa satisfação e felicidade ao perceber que alguém que você não gosta está mal? Como alguém pode ficar/ser feliz as custas do sofrimento de outra pessoa? Sinceramente, eu não entendo. Não entendo como algumas pessoas se permitiram chegar a esse ponto. Não entendo o que nos fez mudar. É triste parar para pensar e chegar a conclusão de que hoje falta alma, falta coração. Falta à maioria de nós aquela essência, aquela pureza. A essa maioria, infelizmente, sobra o vazio, reflexo de mentes pequenas e alma inexistente. Triste.

14/04/11