quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

As Duas Malas

Oi gente! Tudo bem?
Bom, andei meio sumida, mas cá estou pra escrever um bocadinho.
Vocês devem estar pensando: “ O que ela vai escrever num post com esse título?”

Eu já tive a oportunidade de viajar para o exterior algumas vezes e minha bagagem sempre foi um dos meus maiores desafios. O que levar? O que não levar? Uma ou duas malas? Mala quebrada, extraviada, mas graças a Deus nunca violaram minha bagagem. ^^

Pensei em escrever sobre isso quando estava limpando meu quarto aqui na faculdade. Minhas malas ficam debaixo da minha cama. Às vezes eu completamente perco a noção de que “essa não é a minha casa”. As duas malas me lembram de que eu não estarei aqui pra sempre, que estou de passagem.
O limite para vôo internacional (caso você não queira pagar mais por isso, é claro!) são duas malas de 32kg. Não atingir esse limite é sempre um desafio pra mim. Eu já tive que lidar com excesso de peso e sou o que chamam de “heavy packer”, alguém que planeja mal a bagagem, que não tem bons parâmetros pra fazer mala. Mas estou melhorando, estou aprendendo.

Acontece que fazer mala é sempre difícil pra mim, porque eu considero todas as hipóteses possíveis e imagináveis para todas as situações. Duas palavrinhas rondam meus pensamentos: E SE? E se chover? E se fizer calor? E se esfriar de repente? E se eu precisar daquele sapato? E se resolverem sair e eu não tiver roupa? E se acontecer um evento formal? E se a previsão do tempo estiver errada e tudo o que eu resolvi levar não servir? E se, e se, e se???

Uma das coisas que tento manter em mente é que a minha mala não é minha casa, nem meu guarda-roupa inteiro. A minha viagem é passageira, um momento excepcional que requere decisões excepcionais. Por mais que eu pense em um certo vestido que está à quilômetros de distância de mim e como ele seria ótimo para ir ao aniversário de uma amiga, eu não posso usá-lo, porque ele não está aqui. Limitações criam flexibilidade. Eu preciso me virar com o que eu tenho em mãos e não pensar em situações que poderiam ser ou que poderiam ter sido e que estão completamente fora do meu alcance.

Minha vida sempre foi extremamente estável. Eu sempre morei na mesma casa, estudei na mesma escola da 1ª série até o fim do ensino médio, nunca mudei de telefone, nem de celular. Mas quando tinha 20 anos mudei de país. E agora, José?

Fazer as malas foi um processo complicado e interessante. Coloca isso, tira aquilo, negocia, barganha... De repente foi como se a minha vida se resumisse à duas malas. Preciso confessar que essa idéia não me deixou muito feliz. Minha mente se encheu de E SE e eu achei que não fosse conseguir terminar de arrumar as malas. Finalmente consegui, com a ajuda das minhas tias, horas antes de sair para o aeroporto, depois de assentar sobre as malas e tentar montar o quebra-cabeça do que vai e o que fica...

Aprendi e continuo aprendendo muito com essas duas malas. Felizmente, a minha vida não se resume ao que eu consigo colocar nelas! Minha vida vai muito além disso! O que eu coloquei dentro delas foi o essencial para o momento que estou vivendo. Escolhi o que julguei necessário para esse período da jornada. A vida é uma viagem longa e sempre haverá malas a fazer e coisas a aprender.

Descobri que excesso de peso é resultado de uma má avaliação de prioridades. É preciso estar certo sobre o objetivo e duração da viagem para empacotar o que é relevante. E é preciso abrir mão de algumas coisas que são importantes, mas que não se encaixam no que encontraremos pela frente. É importante lembrar que somos responsáveis por aquilo que carregamos. Não podemos atolar nossas malas de coisas que são inúteis ou que nos farão mal, porque levaremos conosco isso tudo durante a nossa jornada.

Pra terminar esse post, eu gostaria que você refletisse sobre algumas coisas:

Se você tivesse apenas duas malas, o que você colocaria nelas? Quais pessoas, coisas, lugares, momentos, lembranças e histórias recheariam sua bagagem?

Suponhamos que você atingiu o limite de peso. O que você tiraria das malas, mesmo sabendo que o conteúdo é muito importante pra você? Você consegue viver sem alguma dessas coisas?

Às vezes nos esquecemos de que malas ocupam espaço. Quanto espaço da sua vida tem sido gasto com pessoas, coisas, momentos que não são úteis/ prioritários/ importantes?

Suponha que você foi parado na alfândega. Ao supervisionarem sua mala, as pessoas terão uma idéia positiva de quem você é? As suas prioridades estão diretamente relacionadas às suas idéias e valores?

Bom, espero que você tenha pensado um pouco sobre o que você anda carregando por aí!
HAHAHAHA! =)

Obrigada por ler o texto!

Até a próxima!

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Dizem que os nossos sonhos não batem à porta...

Mas um dos meus bateu.

Era um dia de aula comum e eu estava me esforçando bastante pra prestar atenção na matéria. Foi quando escutei alguém batendo e levantei a cabeça pra ver quem era. A sala de aula do meu primeiro ano (um beijo pros colegas da legendária 104!) ficou instantaneamente quieta pra ouvir o recado. Uma menina quase da nossa idade tinha um aviso pra dar. (Quem nunca ficou feliz por ter uma aula entediante interrompida por um aviso?) Mal sabia eu que aquele aviso mudaria minha vida para sempre. A então desconhecida, hoje grande amiga Jéssica Máximo, falava sobre uma oportunidade de viajar para o exterior. O Programa Jovens Embaixadores havia proporcionado uma experiência incrível a ela, que então passou a espalhar as boas novas e encorajar vários estudantes a participarem.

Para ser selecionado, era necessário cumprir uma série de pré-requisitos: ser aluno de ensino médio de escola pública, ter de 15 a 18 anos, fazer trabalho voluntário, entre outros. Depois que o recado foi dado e a menina foi embora, uma série de cabeças se viraram na direção do fundo da sala, onde eu me assentava . As frases seguintes foram do tipo “você tem que tentar, Raquel! É a sua cara!” ou um outro comentário: “Nossa, tenta sim! Você já passou!” Anotei o site que a menina tinha mencionado na margem de cima do caderno e prometi pra mim mesma que daria uma olhada. Afinal de contas, que mal isso faria? Na época ainda era o site da Embaixada Americana, mas hoje o Jovens Embaixadores tem seu site, Facebook, Twitter e tudo o mais que você possa imaginar próprios! Haha =)

O passeio pelo site não foi o bastante pra me convencer. A história toda de ir para os Estados Unidos com todos os custos cobertos ainda me deixava meio com o pé atrás. Deixei a idéia de lado por uns dias. Mas fui forçada a reconsiderar a idéia quando vi a mesma menina que havia dado o recado na minha sala de aula na capa do caderno D+, do Jornal Estado de Minas, um dos mais respeitados no meu estado. Foi um sinal divino: eu tinha mesmo que tentar.

Entreguei minha documentação no centro binacional de Belo Horizonte, no nosso caso o ICBEU – Instituto Cultural Brasil - Estados Unidos. Os formulários eram entregues em papel. Lembro de levar um envelope recheado de documentos no último dia do prazo. Entreguei meu sonho nas mãos de Deus e da moça da secretaria. Agora vinha a parte mais divertida: esperar. Essa era a primeira vez na minha vida que eu me inscrevia pra algo extracurricular: não tinha muita certeza de como o processo se desenrolaria até o final ou quantas pessoas estavam participando. O que eu sabia com certeza era que se eu conseguisse ser selecionada, minha vida jamais seria a mesma.

Por incrível que pareça, eu nunca estava em casa quando me ligavam me dizendo que eu havia sido selecionada para a próxima etapa. Foi assim com a prova escrita e a prova oral. Sempre chegava em casa tinha um recado na geladeira , dizendo que eu tinha que fazer uma prova no dia e horários tal. Engraçado que quem me conhece hoje não sabe o quanto essa seleção foi um misto de emoções pra mim. Eu ficava me perguntando o que seria se eu não passasse, se não conseguisse. A cada dia eu estava mais perto do que eu tanto queria, mas às vezes tudo parecia tão distante. Por vezes a incerteza me fez chorar. E desde os meus 16 anos eu aprendi a confiar em mim mesma e a acreditar na possibilidade de alcançar meus objetivos.

Meu nome estava entre dos três finalistas que o ICBEU enviou para a Embaixada em Brasília. Não havia muito que fazer, a decisão final estava nas mãos de Deus e daqueles que fariam a triagem. Somente um nome dentre os três seria escolhido. A data do anúncio prevista atrasou e a ansiedade só aumentava. Por fim, eu parei de pensar demais na data e só queria saber do resultado. Eu sabia que uma das listas mais importantes da minha vida até então poderia ser anunciada a qualquer momento. E foi.

Eu estava no colégio quando recebi uma mensagem no celular da minha irmã, dizendo que me buscaria de carro. Fiquei super feliz porque chegaria em casa mais cedo pra almoçar, ao invés de ter que esperar pelo ônibus lotado do horário da saída ou caminhar meia hora no sol. =) Mas senti que tinha alguma coisa meio estranha naquilo tudo. Mas não ia reclamar da carona.

Quando chego em casa, minha tia me avisa que alguém do ICBEU havia me ligado e que eu deveria ligar de volta. Liguei imediatamente e a secretaria me disse que de acordo com o site, eu havia sido selecionada pelo programa. Sim, eu era uma JOVEM EMBAIXADORA 2008!!! Eu não consegui acreditar, então corri para o computador pra confirmar. Quando vi a lista com os nomes daqueles que dividiriam uma das mais incríveis experiências da minha vida comigo, caí no choro. Chorei por causa da felicidade que aquilo me fazia sentir, pelo receio de ir para um lugar maravilhoso, longe e desconhecido “sozinha”, pelo alívio de saber que todas as expectativas que eu havia criado tinham sido respondidas. Chorei por ser uma pessoa muito abençoada e sortuda! ;D

Agora o que importava era conhecer meus futuros companheiros de aventuras! (Toddyinho..haha) Conversas infindáveis no MSN que varavam madrugadas, grupo no decadente Orkut ou até algumas ligações interurbanas! Valia de tudo pra falar com os mais novos membros da nossa família. E como é bom ter uma casa em cada um dos estados brasileiros! Melhor que ter uma casa é ter irmãos te esperando de braços abertos em cada uma delas. Aprendi tanto sobre o Brasil! E continuo aprendendo. De Jucurutu , RN à Jaboatão dos Guararapes, PE; de Manaus, AM à Pomerode, SC, cada um daquele grupo tinha(e tem!) algo de muito especial: um sotaque, um sorriso, um regionalismo.

Nossa família esteve unida desde o primeiro dia em que fomos apresentados.
Nos próximos posts falarei um pouco sobre o que fizemos durante os dias do Programa e depois dele. Caso você tenha ficado interessado no Programa Jovens Embaixadores ou conhece alguém que possivelmente se interesse, aqui vai o link do site:

http://www.embaixada-americana.org.br/ya-index.php

Nós próximos posts comentarei sobre o que fizemos durante (e depois) do Jovens Embaixadores!

Abraços!

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A primeira vez a gente nunca esquece....

Oi gente! Aqui vão mais algumas informações importantíssimas sobre a minha pessoa: nasci dia 14 de Fevereiro, sou destra, caçula, noturna e minhas cores preferidas são roxo e lilás. =)

Cursei o ensino fundamental e médio no Colégio Tiradentes da Polícia Militar de Minas Gerais, unidade Santa Tereza. Concluí o terceiro ano em 2009 (parece que tem bem mais tempo, mas passou tão rápido!). Cursei Relações Internacionais na PUC-MG e Ciências do Estado na UFMG até junho de 2011. Então em Agosto, tomei uma das mais complexas decisões da minha vida: decidi terminar a graduação em Relações Internacionais nos Estados Unidos. Pedi transferência para Mount Holyoke College, em Massachussets.

Como bem diz o título, a primeira vez a gente nunca esquece! Amarrar os tênis, virar a noite acordado, tirar total em uma prova, andar de avião. Estou super empolgada porque o blog está de volta! Momento PRONTOFALEI: sempre quis ter um. =) Apesar de eu já ter um twitter (@kelhelen) , não é a mesma coisa.

O objetivo desse blog é compartilhar minha experiências internacionais, que renderam (e ainda me rendem) muitos amigos, aprendizado, saudades, sorrisos e histórias. Espero que você se divirta com meus comentários engraçados sobre coisas aleatórias, sérias, acadêmicas ou nenhuma das anteriores.

Postarei todas as experiências que já tive em ordem cronológica. Agora estou de férias, mas assim que minhas aulas recomeçarem atualizarei o blog com freqüência, para mantê-los informados sobre as minhas aventuras.

Boa viagem!

domingo, 25 de dezembro de 2011

Recomeço.

Bom...pra quem não me conhece, meu nome é Raquel Helen Santos Silva, tenho 20 anos e sou natural de Belo Horizonte, Minas Gerais. Sempre achei engraçado esse negócio de falar que a gente “é natural” de algum lugar, porque eu sou “artificial” de outros lugares. Sou mineira de nascimento, e um monte de outras coisas de coração. Não vou citar estados nem países pra não ser injusta com ninguém.
Acontece que em 2010 eu resolvi criar

um blog, pra escrever uma espécie de diário de bordo durante uma conferência. O nome que escolhi foi um bocado modéstia, um bocado pretensão. E em meados daquele ano estava eu apanhando pra aprender a lidar com meu mais novo empreendimento. Poderia ter comprado um bicho de estimação ou plantado uma árvore. Entretando, resolvi escrever crônicas porque achei que daria menos trabalho(haha). Sou uma pessoa observadora, detalhista e adoro contar causos. Mas como a vida é corrida, o blog ficou um tempo de lado. Depois de muitas idas e vindas (também no sentido conotativo), “Raquel pelo mundo” está de volta, prometendo muitas histórias! Acredito que essa será uma maneira interessante de compartilhar o que estou vivendo com meus familiares e amigos brasileiros (e estrangeiros que falam português). Espero que gostem do conteúdo! Pronto(a) pra viagem? =)