sexta-feira, 19 de abril de 2024

Santos - Ponta da Praia em extinção - Cronologia - Parte II

Pelos motivos e com os objetivos apresentados no primeiro artigo desta nova série ( Santos - Ponta da Praia em extinção - Cronologia - Parte I ),  continuamos a republicar a nossa série original "Ponta da Praia em extinção".
 
Este foi o nosso 2º artigo sobre o tema, publicado em 17.09.2013.
 
Em resumo

·    Apresentamos (mais um) documentário fotográfico da erosão na Ponta da Praia, chegando ao Canal 6,  e do assoreamento no lado oposto da Praia de Santos (Canais 1, 2 e 3).

·    Comentamos as intervenções provisórias da prefeitura, incluindo as dunas resultantes da retirada de areia dos canais assoreados.

·    Contestamos novamente  a tese sobre a dragagem do canal do Estuário do Porto.

·    Comentamos problemas similares na Praia do Gonzaguinha.

 
Por favor, leiam...
 

 
 
Para quem “realmente” estiver interessado em ler este post, recomendo antes a leitura do nosso primeiro post, de 19 de novembro de 2012, e seus comentários:


 
Vamos então à parte II – por enquanto sem fotos recentes

Domingo que vem, dia 22/09, início da primavera, tem Troféu Brasil aqui em Santos.
Largada na Ponta da Praia, em frente ao “Escolática Rosa”, colégio de grande tradição.

Venho lidando nos últimos tempos com algumas contusões.
A mais recente é uma contratura na panturrilha da perna esquerda que, se Deus quiser, vai sarar até o dia da prova.

Por conta disso meus treinos de corrida têm sido: corre / sente / pára /alonga / manca / botagêlo /vainoAtef / trata /pensaquecura / corredenovo / voltaaoinício.

Meus treinos de bike vão na mesma batida.

Já, os de natação... pelo menos eles, vão que vão.
Vão ficando pra depois...
Vão me mostrando que o condicionamento já era...
Vão me decepcionando...
Vão  pra p.... ôps...

Sábado e domingo passados (14 e 15 de setembro), meio que por falta de opção, meu treino foi andar de casa (canal 1) até o canal 6 (uns 4km de ida) em ritmo acelerado e tentando trotar de vez em quando, na ida e na volta.

Chegando ao canal 6, minha meta era nadar algumas vezes até o “Pirulitinho” (uns 200 e poucos metros de distância na ida) e voltar, na medida do possível, trotando.

O objetivo era fazer alguma atividade de corrida para não chegar totalmente zerado na prova.

Objetivo da caminhada/corrida = Nota 5.
Mesmo doendo a panturrilha, na verdade um incômodo, fui mais caminhando do que trotando, e voltei mais trotando do que caminhando.

Objetivo da natação: Nota 1,5.
Além da água gelada, contrastando com a temperatura de mais de 30ºC ambiente, um cara de SUP (Stand Up Paddle) me avisou que havia águas-vivas mais para o fundo.
Nadei um pouco mais, e vi uma água-viva do tamanho da minha mão passar muito perto de mim (ou, vai ver que era um saco plástico).

Na mesma “pegada” que estava indo para o “Pirulitinho”, voltei para a praia.
Se já estava ruim nadar na água gelada, sem roupa, imagina então com o risco de esbarrar numa água-viva.

Saí da água (nos dois dias) e, antes de voltar “trotando” para o Canal 1, resolvi ir mais um pouco no sentido Ferry-Boat, para ver a evolução da degradação da praia da Ponta da Praia.

TRISTE. MUITO TRISTE. DEPRIMENTE.

Simplesmente, não há mais praia.
Para aqueles que se deram ao trabalho de ler o post original, digo que o local desta foto já está totalmente modificado (como os das demais fotos).

 
A Prefeitura conseguiu a façanha de criar uma “praia vertical”, chuchando areia por cima das pedras e escadaria.
 
 
 
No local desta foto, já não existe mais areia.
 
 
 
A mureta do canal 6 está uns 40cm mais alta.
 
 
 
A mureta do canal 3 está aparecendo. Não sei se devido ao enxugamento de gelo (retirada mecânica de areia pela Prefeitura), ou se o fenômeno já está chegando  a esse canal.
 

 
 Canal 1: Já assoreado.
 
 
 
Além disso, entre os canais 3 e 4, nota-se uma imensidão de areia depositada entre a calçada e a beira-mar.

Enxuga-gelo, dunas, dragagem

Entre os canais 2 e 3, além da mesma imensidão de areia, a Prefeitura também inaugurou outra atração turística juntamente com a praia vertical: as dunas.

Agora, Santos não deve nada às praias do Nordeste e às de Floripa (Joaquina por exemplo).
Já temos nossas dunas.
Claro que essas dunas devem ser resultantes das intervenções “enxuga-gelo”.  
Tira areia das bordas e de dentro dos canais e deposita entre os mesmos.

Com todo o respeito aos comentários feitos por ocasião da primeira publicação, continuo não acreditando que isso se deva à dragagem do porto.

Alguns podem achar que estou falando em defesa própria, por trabalhar em Despacho Aduaneiro, atividade que tem tudo a ver com o Porto de Santos.

Ledo engano e não vou me estender a respeito, até porque já estou em final de carreira nessa atividade... rsrsrs.

Simplesmente não é possível (na minha humilde opinião) que a dragagem do porto, que ocorre desde os primórdios, por volta de 1900, seja a responsável pela retirada de areia de apenas uma das margens.

Além disso, essa dragagem, cuja lama é jogada em alto mar, não acarretaria o efeito de assoreamento das praias mais próximas ao Canal 1.

De onde vem a areia que assoreia essas praias, senão da Ponta da Praia?

No Canal 6, o degrau dos jardins para a areia já deve ter mais de 1 metro de altura (não levando em consideração as intervenções humanas para diminuir esse efeito).

Já, entre os Canais 1 e 2, o degrau dos jardins para a areia  não existe praticamente.

Na época da primeira postagem, ouvimos dizer que oceanógrafos da USP haviam sido contratados ou requisitados para uma melhor avaliação do problema.

Cacete!!! Cadê ???
Nenhuma notícia a respeito.

Dando uma olhada na Praia do Gonzaguinha, concluí que os mesmos efeitos que ocorrem aqui ocorrem lá, claro, em menor dimensão.
Coincidência?
Lá existem 2 quebra-mares menores.
Infelizmente não tirei fotos, mas não há pressa.

A merda está acontecendo e a qualquer momento qualquer um pode ir lá ver.
Oportunamente postarei mais fotos.



3AV
Marco Cyrino




sexta-feira, 12 de abril de 2024

Santos - Ponta da Praia em extinção – Cronologia - Parte I


Antes de apresentar nossa visão atual sobre este assunto, é necessário republicar a nossa série original de 5 artigos "Ponta da Praia em extinção", para que os leitores tenham uma visão clara do problema e de sua evolução ao longo do tempo.

Para manter a fidelidade a cada momento documentado e analisado por nós, estas matérias republicadas não serão editadas ou atualizadas.

Continuamos observando, analisando e nos preocupando, durante os quase 13 anos e meio decorridos desde o nosso primeiro artigo.

E pretendemos agora finalizar a série com um 6º artigo, contendo a nossa impressão sobre as intervenções implementadas e sobre o estado atual do problema.

Que fique bem claro e registrado

·    Nossos artigos sobre este assunto não se baseiam em estudos oceanográficos, ecológicos, arquitetônicos, paisagísticos etc., os quais acreditamos ser de competência das administrações públicas responsáveis pela gestão do problema.

·    Nossas explanações, fotos, gráficos etc.  representam meramente a nossa percepção abrangente do funcionamento da Natureza e nossa interpretação da farta documentação fotográfica que já apresentamos.

Este foi o nosso 1º artigo sobre o tema, publicado em 18.11.2012.

Em resumo:

·    Apresentamos uma visão abrangente do problema, correlacionando a erosão da Ponta da Praia com o assoreamento no lado oposto da Praia de Santos (Canais 1, 2 e 3) e o assoreamento na Praia do Goes.

·    Apresentamos um documentário fotográfico das situações na Ponta da Praia e nos Canais 1, 2 e 3.

·    Contestamos a tese que sugeria como causa a dragagem do canal do Estuário do Porto.

·    Apresentamos como "indiciado" o enrocamento / quebra-mar construído na década de 70 para instalação do Emissário Submarino.

·    Sugerimos uma solução efetiva a ser implantada no referido quebra-mar, evidentemente a ser equacionada, projetada e executada por engenheiros, oceanógrafos, paisagistas, financistas, economistas etc.

Por favor, leiam...


Santos: Ponta da Praia em extinção

Como Triathleta, entro no mar de Santos constantemente, para treinos e para provas (sendo as principais: Triathlon Internacional de Santos, Troféu Brasil de Triathlon, várias travessias, Biathlons), além do nosso treinão de fim de ano, iniciando em frente à Igreja do Embaré e indo até o Pirulitão (mais ou menos 3.000 m, ida e volta).

Como surfista, desde a década de 70, quando iniciei com os grandes nomes do surf santista, como Cisco, Almir, Picuruta, Lequinho, Molina, Bolina, Hamilton, Bucão, e muitos outros.

Posso dizer que tenho bagagem para analisar algumas coisas.

Dentre elas, uma me incomoda demais: a erosão na Ponta da Praia.

Simplesmente, esse pedaço da praia de Santos está sumindo e fadado a ser extinto em pouquíssimo tempo, se algo não for feito.

Pode parecer  soberba, mas acho que sei o que deve ser feito.

Já possuía essa opinião formada, e ela me foi praticamente confirmada através de pesquisas que meu irmão Alfredo fez, quando comentei o assunto com ele.


Fatos
A faixa de areia da Ponta da Praia está desaparecendo cada vez mais.

Na década de 70
Na maré baixa, essa faixa ia praticamente até em frente ao Museu de Pesca.
Na maré alta, permanecia em torno da Rua Prof. Afonso Celso de Paula Lima.

Atualmente...
Na maré baixa, dificilmente chega até a Rua Prof. Afonso Celso de Paula Lima.
E na maré alta, já não chega até o Aquário.

E isto depois de várias intervenções da Prefeitura, como colocação de pedras ao longo da faixa de areia que sumiu, construção de muretas onde ainda não existiam, etc.

Santos - 2012 - Vista geral
Praia do José Menino à esquerda - Ponta da Praia à direita


Santos - 2012 - Ponta da Praia - Aquário

  
Santos - 2012 - Ponta da Praia
Trecho entre o Aquário e o Museu de Pesca


Emissário Submarino e Píer

Pois bem, entre 1969 e 1976, foi construído o Emissário Submarino, uma das maiores e melhores obras de saneamento de que já tive conhecimento.

Esquadrinharam a cidade inteira com tubulações de coleta de esgotos, que são conduzidos e despejados em uma estação de tratamento, sendo depois levados por tubulações gigantes submersas, até cerca de 4 km da costa, num ponto de convergência de correntes oceânicas (daí o nome técnico "interceptor oceânico").

O agulhão de rochas (enrocamento protetor das tubulações) do Emissário Submarino passou a ser chamado de “Pier” por nós, surfistas, por haver criado uma bancada de areia que gera ondas perfeitas para o surf.


Plataforma sobre o enrocamento protetor das tubulações do Emissário Submarino


Conclusões oficiais sobre a erosão da Ponta da Praia
Já ouvi muitas vezes que o problema está sendo causado pela dragagem do canal do porto de Santos.

Também já ouvi muitas outras como:
- É uma coisa "natural da natureza"... (sic)
- É Deus que está castigando o ser humano.
- É o “Aquecimento Global”


Fatos aos quais, aparentemente, poucos dão atenção
Paralelamente à erosão da Ponta da Praia, as praias da Joinville (Canal 3), Gonzaga (Av. Ana costa), Posto 2 e Canal 1 vêm sendo, ao longo do tempo, assoreadas, cobertas por camadas de areia, efeito contrário ao que ocorre na Ponta da Praia.

As extremidades dos Canais 3 e 2, há muito tempo, são cobertas totalmente por areia, resultando em intervenções (do meu ponto de vista, grotescas) dos órgãos municipais, usando tratores para retirada desse acúmulo de areia e levando-a sabe Deus pra onde (provavelmente para a Ponta da Praia).
Isto é enxugar gelo.


 Antes de passar à análise, quero mostrar algumas fotos que fiz ontem, para ilustrar os problemas mencionados até aqui, e enfatizar a gravidade da situação.


Imagens da situação atual

Ponta da Praia - desnível entre areia e calçada -
em frente ao Aquário


Ponta da Praia - desnível entre areia e calçada -
em frente à Rua Prof. Afonso Celso de Paula Lima


Ponta da Praia - onde antes havia areia



Percorrendo os canais rumo a S. Vicente
Mureta do canal 6, normal, acima da areia


Percorrendo os canais rumo a S. Vicente
Mureta do canal 5 (ao fundo), normal, acima da areia


Percorrendo os canais rumo a S. Vicente
Mureta do canal 4, normal, acima da areia


Percorrendo os canais rumo a S. Vicente
Mureta do canal 3, assoreada, em nível com a areia



 Percorrendo os canais rumo a S. Vicente
Mureta do canal 2, assoreada, soterrada pela areia
Areia também dentro do canal



 Percorrendo os canais rumo a S. Vicente
Mureta do canal 1, assoreada, desaparecendo



Vista de cima do Píer, olhando para S. Vicente
Ilha Urubuqueçaba à esquerda
Duas pessoas voltando da ilha... a pé...



Vista de cima do Píer, lado de S. Vicente


Vista de cima do Píer, lado de Santos
(mesma linha da foto anterior, no lado de S Vicente)



V o l t a n d o...

Minha vivência
Sou Surfista, Triathleta, Munícipe e observador.

Não sou oceanógrafo, nem formado em qualquer área relacionada a esse fenômeno.

Mas, acompanhei ano a ano a evolução desse problema, seja de fora ou de dentro do mar.

Aprendi a conhecer as marés, correntezas e suas conseqüências.
Passei boa parte da minha adolescência aprendendo a surfar na divisa de Santos e São Vicente, ao lado da Ilha de Urubuqueçaba, quando ainda não existia o “Píer”.

O mar passava “de boa” pelo Canal 1 e pela frente dessa ilha.
Aquele era o melhor local para surfar antes da construção do “Píer”.

Hoje, na plataforma desse Emissário (Píer), existe um parque esportivo / recreativo excelente, com Museu do Surf, pista de skate, pista de jogging, arquibancada e palanque para campeonato de surf, banheiros públicos, etc.

Aproveitamento da plataforma do Emissário Submarino

Enfim, o Píer está incorporado ao mapa da cidade.

Diálogo evidenciando a "incorporação"
Outro dia, observando a galera surfar, lá do alto do Píer, um adolescente travou esse diálogo comigo, depois que um camarada dele caiu, ao descer uma onda:
- Aê, brô...tu viu u drop du Galêgu ?
- Vi... botô pra baixo e sifú...
- Aqui é casca... as onda são buracu. Santus tem esse píer natural que dá até tubu.
- Píer “Natural” ???????
- Éééé... meu pai me falou que aqui sempre deu altas onda.
- Meu... isto aqui é artificial... é um Emissário Submarino para levar a nossa bosta já tratada lá pro alto mar.
- Emissário de quem? Pô! Tu é de que religião ?
- Deixa pra lá...


Tentando ajudar... e desistindo
Há alguns anos, tentei dizer o que penso a alguns representantes do Município, mas fui rechaçado com argumentos evasivos.

Na época (não vou dizer qual), resolvi "deixar quieto".


Tentando novamente...
Há alguns dias, minha mulher, Neuza, me disse ter ouvido que a Prefeitura está trazendo oceanógrafos da USP para tentar descobrir a origem do problema.

Pois bem, vou apresentar minhas conclusões, até mesmo para que possa (talvez) auxiliar nessa questão.

Não é problema de dragagem
Isso é feito desde os primórdios do Porto de Santos e nunca causou esse efeito.

A Praia do Goes, lado oposto do canal do Porto, em frente à Ponta da Praia, está também assoreada, e isto sim pode ter relação com a dragagem.


Santos - 2012 - Praia do Goes
(abaixo, à direita)



Movimento das águas, movimento...

Evidentemente, as linhas traçadas nas imagens a seguir objetivam apenas ilustrar o entendimento "macro" do problema, sem a pretensão de representar as complexidades hidrodinâmicas da Bacia de Santos.

O Porto de Santos possui um canal que recebe e “ejeta” água do mar, em decorrência das marés, e isto ocorre com uma certa "força".

Maré vazando
Quando a maré está vazando (esvaziando), a água sai com bastante força pelo canal do Estuário (perto da Ponta da Praia), em direção ao alto mar.

Essa correnteza, no sentido de São Vicente, arrasta areia desde o canal do porto, passando pela Ponta da Praia, Aparecida, Embaré, e assim por diante, arrastando areia dessas regiões e a depositando nas próximas praias, ou seja, Boqueirão, Gonzaga, Posto 2 (Pompéia), José Menino, etc.

Santos - Maré vazando


Antigamente essa areia não era depositada ali, pois, sem o Emissário, a correnteza continuava paralelamente à praia, até a Ilha de Urubuqueçaba, contornando essa ilha e depositando a areia longo da costa, até as proximidades da Ilha Porchat, em São Vicente.


Maré enchendo
Na maré cheia, o fluxo inverso da correnteza ia recolhendo esse material e o trazendo de volta ao seu local de origem (praias mais á direita, nas fotos), estabelecendo assim o equilíbrio.

Santos - Maré enchendo

O que houve, ao longo do tempo

Após a construção do Emissário, houve simplesmente um bloqueio do fluxo da maré vazante.

Com isso a areia retirada da Ponta da Praia e adjacências (até o Canal 4) passou a ser depositada ao longo das praias do Boqueirão, Canal 3, 2 e 1 (este último mais recentemente).

Quando a maré começa a encher, o bloqueio da correnteza, por ser inverso, faz com que ela passe por trás da Ilha de Urubuqueçaba, e retorne pelo mesmo trecho de praia, mas num volume inferior ao da maré vazante, o restante passando mais ao fundo, mais ao centro da Bacia.

Resulta que a areia depositada ao longo daquele trecho (Canais 1, 2 e 3) não é mais retirada durante a maré enchente (sentido São Vicente - Ponta da praia) para ser devolvida à sua origem.

Simples assim.

Isso acontece pelo mundo inteiro, onde o homem fez intervenções similares a esta.
África do Sul tem vários locais com esse fenômeno.
Aqui pertinho, em São Vicente, houve a mesmíssima coisa.


Maré vazando

Maré enchendo


Solução
Permitir que a natureza volte a atuar como se o Emissário/Píer não houvesse sido construído.

Como?
Remover o Emissário ou Píer?
Impossível.
Já era!

Então... ainda resta uma, custosa, mas, com a tecnologia disponível, creio que seja possível aplicá-la.
Aliás, deve ser mais barata do que outras que venham a ser tentadas.
O Emissário/Píer não vai sair de lá. Fato!

Construir "túneis" no nível do mar, atravessando o enrocamento do Emissário e possibilitando a passagem da correnteza em ambos os sentidos, para que, ao longo do tempo, sem novas obras ou dispêndio de energia (bombeamentos, escavações, transporte de areia etc.), os processos de erosão e assoreamento se invertam naturalmente.

Evidente, a quantidade de passagens, as dimensões dos túneis, seu direcionamento etc. teriam de ser cuidadosamente projetados para preservar a integridade do enrocamento, permitir a passagem do volume adequado de água, prever o comportamento das correntezas ao longo dos anos etc. etc.


Finalizando, espero os técnicos que estão a caminho encontrem a solução definitiva, seja ou não coincidente com esta minha análise,
purquê o bagúio é punk, mano!!!


Leia e veja mais:


Marco Cyrino

sexta-feira, 8 de março de 2024

Vida após o Triathlon

A brisa do mar chega até mim, enquanto observo o quebrar das ondas na praia de Santos.
Manhã ensolarada, perfeita para uma corrida na areia.
Mas, meus pés hoje estão descalços e não com os habituais tênis de corrida.
 
Após completar 7 desafiadoras provas de Ironman e incontáveis outras em variadas distâncias, não foi fácil a decisão de parar de competir no Triathlon.
 
No entanto, a sensação de paz que me invade neste momento confirma que fiz a escolha certa.
 
A rotina de treinos, os planejamentos, as viagens para competições, as expectativas por resultados, que por tantos anos estiveram presentes em minha vida, agora deram lugar a uma percepção de liberdade.
 
É verdade que a adrenalina da largada e os esforços e a superação exigidos pelas provas me traziam enorme satisfação. 
 
Também é certo que a saudade baterá à porta de vez em quando...
 
Cada prova concluída foi uma conquista, uma celebração da vida, das amizades, e do meu potencial.
 
Creio que alcancei o que me propus a fazer no esporte.
 
Porém, como é natural no esporte, o passar do tempo sempre traz os sinais de que é chegada a hora de diminuir o ritmo.
 
Então, como já disse aqui, decidi ouvir meu corpo e minha intuição, abrindo mão das competições, mas não da paixão pelo esporte.
 
Agora, será correr na areia, nadar no mar, percursos agradáveis de bike, sem ansiedade ou preocupação.
 
A vida após o Triathlon é um novo capítulo, cheio de possibilidades e talvez descobertas, aprendizados e momentos especiais.
 
Haverá mais tempo para as demais atividades que já exerço... e entretenimento... e convívio familiar... e a companhia da minha esposa.
 
Finalizando, para aqueles que estão pensando em parar de competir, mas temem o vazio que poderia surgir, quero ressaltar que o processo todo pode ser diferente para cada pessoa.
 
O que funciona para um atleta pode não funcionar para outro.
 
O importante é encontrar um novo ritmo, atividades que tragam prazer e significado para a nossa vida, cuidar da saúde física e mental, e aproveitar cada momento com gratidão e leveza.
 
O Triathlon nos ensinou muito sobre nós mesmos, sobre nossos limites e sobre o que é possível conquistar.
 
Podemos usar todos esses conhecimentos para construir um novo capítulo na vida, porque, afinal, ela continua sendo uma jornada de aprendizado e crescimento.
 
 
3AV
Marco Cyrino
 
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