O iNiN foi um sistema de informação online para vigilância epidemiológica que funcionou entre junho de 2001 e março de 2015. Este blog foi criado para preservar informações que estavam disponíveis no sistema e que ainda podem ser úteis a profissionais de controle de infecção.

Dados norte-americanos do National Nosocomial Infection Surveillance System (sistema NNISS) do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) - Componente UTI - janeiro de 1995 a novembro de 2000

Taxas de infecção urinária associada a sonda vesical


Tipo de UTI

N° de unidades

Dias de sonda vesical

Média geral (*)

Percentil 10% (*)

Percentil 25% (*)

Mediana (*)

Percentil 75% (*)

Percentil 90% (*)

Coronariana 99 366.302 5,8 0,9 2,6 5,1 8,5 11,0
Cardio-torácica 62 420.226 3,1 0,4 1,2 2,3 3,7 4,8
Clínica 130 876.207 6,7 2,5 4,2 6,0 7,8 10,3
Clínico-cirúrgica de ensino 113 757.985 6,0 1,4 3,2 5,3 7,2 10,3
Outra Clínico-cirúrgica 171 1.280.104 3,8 0,8 1,8 3,8 5,4 6,8
Neurocirúrgica 46 213.456 8,0 2,2 4,3 7,0 9,4 12,1
Pediátrica 68 186.380 5,1 0,0 2,3 4,5 6,9 8,9
Cirúrgica 146 1.060.309 5,2 1,4 2,9 4,4 7,0 9,0
Trauma 24 142.850 6,8 3,8 4,6 6,4 8,3 10,1
Queimados 17 43.732 9,8 . . . . .
Respiratória 6 31.411 5,5 . . . . .

(*) número de infecções do trato urinário por 1000 dias de uso de sonda vesical

Taxas de infecção primária de corrente sanguínea associada a cateter venoso central

Tipo de UTI

N° de unidades

Dias de cateter venoso central

Média geral (*)

Percentil 10% (*)

Percentil 25% (*)

Mediana (*)

Percentil 75% (*)

Percentil 90% (*)

Coronariana 100 229.805 4,4 0,0 1,8 4,0 5,6 7,8
Cardiotorácica 62 378.378 2,8 0,4 1,5 2,4 3,7 4,9
Clínica 131 617.263 6,0 2,2 3,6 5,3 7,1 9,9
Clínico-cirúrgica de ensino 114 515.828 5,3 2,0 3,1 5,0 7,0 8,2
Outra Clínico-cirúrgica 173 787.222 3,9 0,0 1,9 3,4 5,2 6,9
Neurocirúrgica 46 113.996 4,7 0,0 2,6 4,4 5,8 8,2
Pediátrica 70 261.166 7,7 0,0 4,0 6,5 8,9 12,0
Cirúrgica 145 830.145 5,3 1,3 2,6 4,9 7,1 9,2
Trauma 24 102.121 8,0 1,8 5,8 7,8 9,6 10,9
Queimados 17 37.272 10,0 . . . . .
Respiratória 6 20.081 3,5 . . . . .

(*) número de infecções primárias de corrente sanguínea por 1000 dias de uso de cateter venoso central

Taxas de pneumonia associada a respirador 

Tipo de UTI

N° de unidades

Dias de respirador

Média geral (*)

Percentil 10% (*)

Percentil 25% (*)

Mediana (*)

Percentil 75% (*)

Percentil 90% (*)

Coronariana 98 157.389 8,6 0,3 4,3 6,9 10,9 16,9
Cardiotorácica 62 226.731 10,7 3,1 5,4 9,3 14,1 18,0
Clínica 130 588.012 7,4 2,1 3,9 6,5 9,1 13,6
Clínico-cirúrgica de ensino 113 441.387 10,8 2,8 6,1 9,4 13,2 17,4
Outra Clínico-cirúrgica 172 616.223 8,9 1,3 5,0 7,8 10,6 13,5
Neurocirúrgica 45 99.980 15,0 3,9 8,3 11,6 17,4 22,5
Pediátrica 72 259.669 5,0 0,0 1,4 3,7 7,4 10,5
Cirúrgica 146 589.142 13,4 5,7 7,9 12,1 14,9 23,3
Trauma 24 93.775 16,3 8,7 11,2 15,2 22,8 28,4
Queimados 17 25.747 15,5 . . . . .
Respiratória 6 22.944 4,2 . . . . .

(*)número de pneumonias por 1000 dias de uso de respirador

Componente Hemodiálise


Manual de vigilância das infecções e complicações não-infecciosas

Embora muito pouco ainda seja feito no que diz respeito à vigilância em Hemodiálise, a Portaria Federal nº 2.042 (11 de outubro de 1996) há muito tempo determina que o controle e a vigilância das infecções hospitalares sejam obrigatórios para todas as unidades.

O iNiN foi pioneiro no Brasil no auxílio à vigilância de infecções e outras complicações associadas à hemodiálise. Este breve manual resume a estratégia utilizada pelo iNiN a partir de adaptações feitas com base nos métodos do "Centers for Disease Control and Prevention" (CDC) nos EUA.

1- Definição das unidades de vigilância

O primeiro passo é determinar quais unidades serão alvo de vigilância. É o que denominamos Unidades de Vigilância. Pode-se considerar a unidade de hemodiálise como um todo ou subdividi-la em turnos, como:

    2a, 4a, e 6a feiras pela manhã
    2a, 4a e 6a à tarde
    3a, 5a, e sábado pela manhã
    e assim por diante...

Ao dividir uma unidade em sub unidades é possível obter índices tanto em relação às sub unidades (no caso acima índices por turno) como também obter os índices globais. Um outro exemplo de subdivisão seria por salas.

2- Definição dos critérios de notificação (ou inclusão)

Uma vez definidas as unidades, deve-se determinar os critérios de notificação de um evento. Como ocorrem muitas intercorrências de pouca importância durante um dia, é preciso definir quais eventos "merecem" maior atenção e notificação. Um modo de fazer isso é somente notificar eventos que levem ao uso de antimicrobiano parenteral e/ou levem à internação hospitalar (com esse critério, somente são considerados os problemas e as infecções mais graves). É claro que dependendo das características de cada serviço há necessidades diferentes.

3- Definições de infecções e outras complicações em pacientes em hemodiálise

Os pacientes submetidos à hemodiálise crônica apresentam grande risco de infecção, pois a uremia é uma condição imunossupressora e o acesso vascular é uma fonte potencial de contaminação. Além disso, estes pacientes têm outras condições de risco para complicações não infecciosas como sangramentos, complicações mecânicas do acesso vascular, etc. Assim, pode haver interesse em notificar complicações não infecciosas, pois estas também servem para avaliar a qualidade da unidade e apontar problemas que precisam ser solucionados. Conversões para hepatite B e hepatite C detectadas em testes periódicos também devem ser notificadas. Os casos de óbitos podem ser registrados como ocorrências para a obtenção da taxa de letalidade.

Pode-se definir como infecção hospitalar ou complicação não infecciosa a condição sistêmica ou localizada que segue todos os seguintes critérios:

a) Ocorrer em pacientes em Hemodiálise;
b) Necessitar internação hospitalar e/ou uso endovenoso de antimicrobiano;
c) Preencher um dos critérios específicos descritos abaixo:

BACTEREMIA ASSOCIADA AO ACESSO VASCULAR

Presença de pelo menos 1 dos sinais ou sintomas no acesso vascular:

DOR - RUBOR - EDEMA - PUS

MAIS

Ausência de sinais ou sintomas no acesso e em outros sítios (BCP, ITU, ETC)

MAIS

HEMOCULTURA POSITIVA

INFECÇÃO NO LOCAL DO ACESSO VASCULAR

Presença de pelo menos 1 dos sinais ou sintomas no acesso vascular:

DOR - RUBOR - EDEMA - PUS

MAIS

HEMOCULTURA NEGATIVA OU NÃO COLHIDA

INFECÇÕES EM OUTROS SÍTIOS (BCP, ITU, ETC)

Constatação de infecção no sítio

Ausência de sinais de infecção no acesso vascular

E

HEMOCULTURA POSITIVA OU NEGATIVA

COMPLICAÇÕES NÃO INFECCIOSAS

Ausência de semiologia de doença infecciosa

E

HEMOCULTURA NEGATIVA OU NÃO COLHIDA

E

1 dos seguintes:

1) Complicação mecânica relacionada ao acesso vascular (ex: obstrução, sangramento)

2) Complicação cardiovascular (hipotensão, hipertensão, dor toráxica, insuf. coronariana, ICC, arritmia, AVC)

3) Lesão de pele (úlcera de decúbito, pé diabético, etc)

4) Sangramentos espontâneos exceto de acesso vascular

REAÇÃO PIROGÊNICA

Febre > 37,5ºC e/ou episódio signicativo de calafrios que ocorreu durante ou até 30 minutos após sessão de dialíse com ausência de outros sinais ou sintomas de doença infecciosa

MAIS

HEMOCULTURA NEGATIVA OU NÃO COLHIDA

Quando um paciente apresentar características clínicas e/ou laboratoriais que o incluem em um dos critérios acima, este caso deve ser notificado em uma ficha própria que deverá conter os seguintes dados:

  • Identificação do paciente: nome e registro
  • Unidade de vigilância
  • Tipo de acesso vascular (ex. fístula artério-venosa, cateter)
  • Data da ocorrência da infecção (ou outra complicação)
  • Diagnóstico da infecção (ou outra complicação)
  • Cultura(s) relacionadas à infecção (se houver) e antibiograma

Definição de denominadores para o cálculo dos índices de infecção

Os índices de infecção terão como numeradores as infecções e complicações não-infecciosas notificadas conforme as instruções acima durante um determinado período de tempo (geralmente um mês).

Para determinar os denominadores devemos registrar o número de pacientes que foram submetidos à hemodiálise no mesmo período de tempo (número de pacientes-mês). Pode-se fazer essa avaliação durante a primeira semana de cada mês, registrando o número de pacientes em seguimento em cada unidade de vigilância definida anteriormente (como por exemplo, 2a, 4a e 6a feiras pela manhã, 2a, 4a e 6a feiras à tarde, 3a, 5a feiras, e sábado pela manhã, e assim por diante). Também é interessante separar os pacientes por tipo de acesso vascular (ex. fístula artério-venosa ou cateter).

Cálculo dos Índices de infecção e outras complicações

$$\text{Índice de infecções} = {\text{Número total de infecções} \times 100 \over \text{Número de pacientes-mês}}$$

$$\text{Índice de complicações não-infecciosas} = {\text{Número total de complicações não-infecciosas} \times 100 \over \text{Número de pacientes-mês}}$$

$$\text{Índice de conversão para hepatite} = {\text{Número total de hepatites} \times 100 \over \text{Número total de pacientes testados}}$$

$$\text{Taxa de letalidade} = {\text{Número total de óbitos} \times 100 \over \text{Número total de pacientes no primeiro mês} + \sum \text{número de admissões nos meses seguintes}}$$

Índices topográficos:

Exemplo:

$$\text{Prop. bacteremias assoc. ao acesso vascular} = {\text{Número de bacteremias assoc. acesso vascular} \times 100 \over \text{Número total de infecções}}$$

Índices de agentes etiológicos

Exemplo:

$$\text{Prop. infecções por Staphylococcus aureus} = {\text{Número de infecções por S. aureus} \times 100 \over \text{Número total de infecções}}$$